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Bem-estar e Saúde / ENCARANDO DE FRENTE

Pedro Sampaio lembra conversa com o pai sobre sexualidade; saiba como enfrentar uma rejeição

Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Leticia de Oliveira explica por que a rejeição familiar acontece e quais são as suas consequências após relato de Pedro Sampaio

Leticia de Oliveira
por Leticia de Oliveira

Publicado em 13/09/2024, às 19h33

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Pedro Sampaio recorda de conversa sobre sexualidade com o pai - Reprodução/Instagram
Pedro Sampaio recorda de conversa sobre sexualidade com o pai - Reprodução/Instagram

Pedro Sampaio (26) falou abertamente sobre sua orientação sexual, durante participação no programa Conversa com Bial, que foi ao ar na última segunda-feira, 9. O cantor e DJ revelou que passou a abordar o assunto de forma tranquila após assumir sua bissexualidade durante apresentação no LollapaloozaBrasil 2023. "Senti que não estava tendo controle da minha história", afirmou. Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Leticia de Oliveira explica por que a rejeição familiar acontece e quais são as suas consequências. Ela ainda ensina como enfrentá-la.

“O Pedro foi atrás do que ele queria, ele provou o quanto ele era capaz e já mostra aí um sinal de que, embora a rejeição tenha marcado, também o desafiou a correr atrás daquilo que ele gostaria. Então, algumas pessoas vão se acomodar naquilo que elas acreditam que elas são: um fracasso e vão deprimir, se esconder. Já outras pessoas vão se sentir ainda mais motivadas para darem certo na vida e para provarem que não são tão erradas assim. Então, buscar pessoas que aceitem a gente da forma como a gente é, ambientes saudáveis, algo que a gente saiba fazer, o que a gente gosta de fazer, é um caminho para conseguir, de alguma maneira, amenizar os impactos dessa rejeição”, pontua a especialista.

“Uma pessoa rejeitada, renegada, seja pela sexualidade, seja por outra característica, por outra questão (...) A rejeição sempre causa um trauma, uma ferida muito grande. E feridas adoecem. Então, é bem comum uma pessoa que é rejeitada ou que já foi rejeitada, vir a desenvolver um transtorno de personalidade, sintomas de ansiedade, depressão, vir a atentar pela própria vida, por entender que ela não tem tanto significado. Então, essas são algumas consequências da rejeição”, continua Letícia.

O choque pode ser algo natural entre algumas gerações, mas Leticia aconselha como essas pessoas podem lidar melhor com a aceitação dos filhos e sua diversidade. “Nas outras gerações, a questão da sexualidade era algo como erro. E ainda hoje existe muito preconceito porque as religiões colocam como algo que é optativo, e não algo que é intrínseco do ser humano. Então, para muita gente, principalmente para gerações mais antigas, a questão da sexualidade é uma falta de caráter, falta de vergonha na cara, é uma opção; e a sexualidade não é uma opção”, diz.

“Então, você ser rejeitado e ainda ser tratado como alguém que não tem valor, não tem caráter e é sem vergonha são duas dores, duas dores diferentes – uma que é a dor da rejeição e outra que é a dor dessa rotulação, dessa condenação como se fosse algo opcional. Então, é muito doloroso e um caminho muito solitário, onde a pessoa precisa de suporte, de ajuda psicológica, de ajuda social, de alguém que o aceite ou a aceite, para conseguir se reestruturar e viver da melhor forma possível”, finaliza.

'ELE NUNCA TINHA PENSADO SOBRE'

No Conversa com Bial, Pedro Sampaio explicou: “Este momento foi muito disruptivo para mim. Senti que não estava tendo controle da minha história. Vi que tinham pessoas querendo contar a minha história por mim. Tomar as rédeas da minha narrativa e eu pensei: não posso ficar apático e aí tive a ideia de fazer isso no Lollapalooza, chamei o Lulu Santos e ele foi incrível. Foi um réveillon da sexualidade".

Prevendo a repercussão, o artista, que vive com seus pais e sua irmã, sabia que teria que lidar com a notícia em casa no dia seguinte. Por isso, optou por ter a conversa difícil, mas necessária, antes do show do Lolla. Durante o papo com Bial, ele confessou que não foi fácil falar com o pai.

"Meu pai tinha ido comprar frango de manhã, e eu pensei: 'Ele vai olhar as notícias e vai pensar 'O que é isso?!'. Na hora em que ele voltar eu converso com ele. Meu pai recebeu a notícia tranquilo, mas foi um choque de expectativa. Ele nunca tinha pensado sobre, refletido a possibilidade. Ele teve um período de digerir a notícia, entender", conta.