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Atualidades / MÃE DE ADOLESCENTE

Mônica Martelli sobre a maternidade: 'Não tenho culpa nenhuma de ausências’

A CARAS Brasil teve acesso com exclusividade à participação de Mônica Martelli no videocast Na Palma da Mari, da CNN; atriz fala de maternidade

Thaíse Ramos
por Thaíse Ramos

Publicado em 08/08/2024, às 14h43

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Mônica Martelli e a filha Júlia, de 14 anos, em recente viagem a Londres - Reprodução/Instagram
Mônica Martelli e a filha Júlia, de 14 anos, em recente viagem a Londres - Reprodução/Instagram

Mônica Martelli (56) é mãe de Júlia (14), fruto do relacionamento com o produtor musical Jerry Marques, de quem se separou em 2012. Em entrevista ao videocast Na Palma da Mari, da CNN, em que a CARAS Brasil teve acesso com exclusividade, a atriz fala, entre outros assuntos, do quanto é difícil educar um filho e confessa: “Não tenho culpa nenhuma de ausências”.

Com uma filha adolescente e uma agenda cheia de trabalhos, Mônica declara que educar não é fácil e revela que usa bastante a intuição. “Educar é muito difícil, porque a gente está sempre se questionando se tem que ter um ‘não’. Eu vou muito na intuição, o meu feeling. Eu tento dialogar com a Júlia o máximo que eu posso. Tudo é conversa. Sei que tem as questões de adolescente, de ter um mau humor. Eu falo para ela: É o seguinte, você na adolescência, e eu na menopausa; estou de mau humor também, vamos ter paciência uma com a outra”, conta.

“Às vezes, também me irrito, ela fala: ‘Mãe, calma’. Então a gente está se entendendo nisso. E o lance é tentar puxar o máximo de diálogo. Se entender com a sua filha, você sacar quem é a sua filha. Porque a gente idealiza muito os filhos da gente. A gente espera uma coisa que não é. Basta a gente parar e lembrar da nossa trajetória. Quantas coisas esperavam de mim, quantas expectativas tiveram de mim e que eram erradas porque não era eu aquela pessoa. O que a gente tem que prestar atenção é quando você tá exigindo uma coisa do outro que não é a personalidade do outro, não é a verdade dele, não é ele. Eu acho que esse é o maior desafio que nós pais temos, é de enxergar nossos filhos como eles são e tentar potencializar o melhor deles”, acrescenta a artista.

‘Não tenho culpa nenhuma de ausências’, confessa Mônica Martelli sobre a maternidade
A atriz Mônica Martelli com a filha Júlia - Reprodução/Instagram

Mônica também relembra a infância com a mãe, Marilena Garcia (79). “Vi minha mãe sofrer a vida inteira. Ela foi eleita vereadora numa cidade onde não tinha nenhuma mulher na política (Macaé). Então era uma câmara municipal que não tinha nem banheiro feminino no plenário. Ela atravessava a rua para fazer xixi no hotel, na frente da Câmara Municipal. Então, vi minha mãe lutando por causas feministas uma vida inteira. Se alguém perguntar qual o cheiro da minha infância, é de camisa de campanha, aquele silk de camisa de campanha porque a gente vivia em passeata”, relembra.

E continua: “Vivia com bandeira enrolada, tinha bandeira enrolada na minha casa inteira. A qualquer momento, estava na rua reivindicando alguma coisa e minha mãe falava: ‘Bora, pega a bandeira’. Mas é isso, a gente tem que estar sempre levantando alguma bandeira. Então fui criada por essa mãe, com toda essa consciência do papel da mulher na sociedade, com toda a luta dela para abrir caminhos. Acho que ela abriu caminhos para mim, eu acho que eu estou abrindo caminho para minha filha”.

A atriz fala abertamente sobre não se sentir culpada pela falta de tempo para se dedicar cem por cento à maternidade. “A Júlia vê uma mãe que rala, que trabalha, que estuda, que está no corre e é isso, entendeu? Não tenho culpa nenhuma de ausências, porque a Júlia vê uma mãe feliz, uma mãe que faz o que gosta, e ela tem orgulho dessa mãe, por isso ela me respeita. Ela tem orgulho dessa mãe que faz o que gosta, que trabalha, que tem o dinheiro dela, que é independente financeiramente e não depende de homem. Então isso eu quero passar para a minha filha”, destaca.

‘Não tenho culpa nenhuma de ausências’, confessa Mônica Martelli sobre a maternidade
Mônica Martelli e a mãe, Marilena Garcia - Reprodução/Instagram

PLANOS DE UM FILME

Durante o bate-papo, Mônica Martelli ainda revela planos para um filme com a a amiga de longa data Ingrid Guimarães (52). “A gente tem nosso projeto do filme sobre viajar juntas, eu e Ingrid. São duas filhas adolescentes e duas mães exatamente inspirado na gente. E a gente já tem sala de roteiro. Já estamos fazendo o roteiro e devemos filmar ano que vem. A Júlia e a Clara (filha da Ingrid) fazem teatro, mas não quero impor nada, vamos ver se elas estarão maduras e vão querer fazer, porque é punk”, ressalta a atriz.

VISIBILIDADE POR MEIO DA INTERNET

Mônica é bastante ativa nas redes sociais e comenta o quanto a internet ajuda a dar visibilidade ao trabalho dos artistas. “A internet te dá a oportunidade de você ser protagonista, porque antes a gente tinha que se rastejar nos pés de um jornalista para ter uma nota no jornal, implorava para ter uma matéria no jornal para poder divulgar peça. Você ficava desesperadamente atrás de uma, duas, três pessoas gostarem de você para divulgar o seu trabalho. Hoje em dia não mais. Hoje em dia eu pego meu telefone, faço um stories e eu vendo mais ingresso”, fala.

“Então isso é um lado bom, a internet deu um poder para a gente. A minha geração vem de uma geração que se você não fosse da Globo, não fizesse a novela da Globo, você não era ninguém como ator, você precisava entrar ali. E rompi isso de uma certa forma com a minha vida. Inventei uma carreira para mim. Escrevi uma peça, essa peça virou um fenômeno e mudou a minha vida”, emenda.

Porém, a atriz aponta o lado negativo das redes sociais: “Ao mesmo tempo, tem essa quantidade de conteúdo exacerbada que é complicada. São muitas coisas e o vício é a comparação, é você se perder ali, você se perder de você mesma e começar a criar conteúdos que não tem nada a ver com você, porque você vai na onda do outro. Eu vejo, às vezes, pessoas que não tem nada a ver fazendo dancinha e penso: Por que essa atriz que eu amo tanto, que é uma pessoa que tem o que falar, está fazendo essa dança. Não precisa, entendeu?”, salienta.

‘Não tenho culpa nenhuma de ausências’, confessa Mônica Martelli sobre a maternidade
Mônica Martelli no programa Na Palma da Mari, no canal CNN POP, no Youtube - Divulgação

RELACIONAMENTO AMOROSO

Como já citado, Mônica Martelli foi casada mas se separou em 2012. Sobre o matrimônio, ela reflete: “A mulher casada é mais validada, com certeza. A mulher casada ela é valorizada, a mulher que tem o marido, ela é mais valorizada. É uma coisa muito cruel com a mulher. A mulher sem marido é como se valesse menos. Isso é introjetado dentro da gente. Desde novinha a gente pergunta: Tá namorando? Vai casar quando?. A gente acaba de separar e perguntam ‘já tá namorando?’.  Mas a felicidade não está só no relacionamento amoroso, a felicidade está nos amigos, em estar com a minha filha. Eu amo estar com a Júlia. Eu amo viajar só com ela também”.

“Então, acho que a gente tem que horizontalizar os amores, as relações, a relação amorosa. Eu acho que numa pirâmide ela ficava muito aqui em cima. Acho que hoje é mais horizontal. A gente tem prazer no amor romântico, a gente tem prazer com os amigos, tem prazer no trabalho. Meu trabalho é uma fonte de prazer para mim. Tenho pena dos homens que eu me relaciono, o meu namorado, como é que vai competir com o que sinto no palco? Saio dali preenchida. Acho que é o lugar que eu mais amo estar”, acrescenta a atriz.

MENOPAUSA

A menopausa é vivida por algumas mulheres como um dos marcos mais visíveis e temíveis de suas vidas. Já vivendo a experiência, Mônica Martelli encara de forma bastante positiva. “Acho que a gente está iniciando uma nova mulher de 50. Acho que a minha geração é uma geração que está falando pela primeira vez de menopausa abertamente, de como cuidar da menopausa, porque a gente está vivendo mais a menopausa. As mulheres viviam até 60 anos, era pouco tempo depois da menopausa, ela realmente chegava no final da vida. Hoje não mais. A gente vive até 100. A menopausa chegando com 47, 48. Então o ciclo pós menopausa até o final da nossa jornada, que é a morte, é longo”, inicia.

“A gente vai ter que olhar para esse ciclo de uma forma diferente, que a gente não está morrendo mais com 60 anos. Temos que falar disso, não tem como não falar. As mulheres têm muita vergonha por várias razões. Primeiro que a mulher tem que ser mãe pra ser validada, tem que ter o marido para ser validada. E a menopausa é o final do ciclo reprodutivo. É como se você não valesse mais. Então a gente tem que falar dessa mulher que vale muito, a mulher independente. A mulher que consome, é a mulher que está aí, ativa, a mulher que está mudando de cidade, mudando de profissão, mudando de marido. Estou falando de mim. Eu mudei tudo com 50 anos”, completa.

A artista continua falando sobre o assunto e da importância do debate. “Essa mulher está iniciando o novo ciclo. A gente tem que falar dessa mulher, da força dessa mulher e dos sintomas que a gente passa, o desespero que é o calorão! Gola alta acabou pra mim! O calorão vem e parece uma entidade que vem tomar conta de você. Então você precisa se libertar. Você tem que falar disso abertamente para poder as outras mulheres falarem ‘ eu também passei por isso aí, é isso que eu sinto também’. Porque a gente se identifica, a gente precisa ouvir de outras mulheres o que estão passando”, finaliza.

O programa Na Palma da Mari vai ao ar nesta quinta-feira, 8, às 20h, no canal da CNN POP, no YouTube.