Em entrevista ao Desconecta Rio, da TV CARAS, o cantor e compositor Dudu Nobre faz uma reflexão sobre o atual momento da música brasileira
O cantor e compositor Dudu Nobre (50) é o convidado da semana do programa Desconecta Rio, da TV CARAS. Com 40 anos de carreira, ele faz uma reflexão sobre o atual momento da música, principalmente após a pandemia da Covid-19. “Carência de qualidade”, dispara o sambista.
De acordo com Dudu, com apenas um piano, um violão e um percussionista é possível gravar um CD hoje. “Mudou muito! A forma de comunicação mudou. Hoje em dia, você segmentou muito a música. Você tem o público do samba, você tem o público do funk, da MPB, e são públicos que, às vezes, se comunicam, se conectam. Às vezes, as pessoas têm uma cabeça aberta para curtir não somente o estilo, mas você tem esses públicos, né? A gente tem uma carência de música de qualidade. Existe? Tem? Tem novos compositores bons? Tem”, destaca.
E continua: “Mas se você for comparar com o que você tinha na década de 70 e a produção que você tinha nas décadas de 80, 90 (...) Era uma produção muito mais densa, que tinha muito mais conteúdo do que o que se produz hoje, principalmente na questão da temática. Por exemplo, às vezes, o cara chega e fala assim: ‘Você fala que a gente vive uma crise criativa’. Na moral, já são mais de 300 músicas gravadas, já são mais de 40 sambas ganho. Tenho 20 shows num mês. Não tenho mais como comparar quando eu não tinha essa quantidade de shows e podia dedicar um tempo meu para a composição”.
Dudu Nobre diz que a falta de tempo o impede de disputar samba-enredo no carnaval de 2025. “Você imagina, eu fazia uma média de 20 sambas por ano para disputar. Com toda essa modernidade hoje, você tem um outro problema, que é o seguinte: como você vai construir uma carreira? Porque antigamente você tinha todo ano lá um disco com 14 faixas, 12 faixas. Você fazia um repertório. Hoje, você vê artistas que estouraram durante a pandemia, de um segmento, que o cara nunca pisou no palco. Hoje tem muita gente que foi por esse caminho, que usou a música para poder aparecer e virar influencer. E se você não procurar ver como isso mudou, você fica pelo caminho”, finaliza.