Em entrevista à CARAS Brasil, Lucio Fernandes comenta sobre sua experiência na série "Reis" e conta o porquê ficou afastado da TV por um tempo
Após sete temporadas de sucesso, a série Reis, da Record, retorna para uma fase com novidades no elenco após salto temporal de 15 anos. Entre elas está o ator Lucio Fernandes, que passou a integrar o elenco da produção, tomando o papel de Natan, amigo e conselheiro do protagonista da história, o Rei Davi.
Em entrevista à CARAS Brasil, Lucio contou sobre a experiência de viver Natan na série bíblica e como foi o seu retorno à televisão após longo tempo afastado de papéis grandes. “Minha reação foi a de um gostoso reencontro”, contou o ator, que já havia trabalhado na Record anteriormente, como Paulo em Luz do Sol, de 2007, e Wagner em Poder Paralelo, de 2009.
Os preparos para viver Natan na TV iniciou logo que o ator recebeu a notícia de seu agente, que já vinha negociando o papel há um tempo com a emissora. Segundo ele, o convite veio logo antes de uma viagem internacional que ele planejava com a família, deixada de lado pelo astro após a notícia. “Tive que ficar para provas de figurino, caracterização e preparação de elenco porque as gravações já estavam começando”, contou ele.
A preparação iniciou de forma remota, quando Lucio teve seu primeiro contato com o conteúdo da série por meio de uma reunião online, ainda morando em Curitiba, cidade onde ele vive desde 2015. “A preparadora de elenco, Suzana Abranches, contextualizou o personagem dentro da trama e do período histórico. Depois, começamos a nos encontrar no Rio de Janeiro e iniciamos um trabalho de desconstrução para que eu pudesse construir o meu Natan.”
Contudo, construir não é a palavra adequada para o ator, que está interpretando pela primeira vez uma figura histórica. “‘Desconstruir’ porque sempre fiz personagens contemporâneos. O profeta é um personagem bíblico que viveu em aproximadamente 1.000 a.c. Tive que trabalhar a sutileza na fala e no corpo por estarmos contando a história de outra cultura, com tempos e costumes diferentes.”
Mas Lucio diz que não se sentiu tão nervoso com o retorno à televisão e se sentiu “muito a vontade” com o seu preparo para viver o amigo de Rei Davi. Contudo, o seu maior desafio era dar continuidade a um personagem que anteriormente era vivido por outro ator, Felipe Cunha.
“Eu pesquisei como o Felipe estava fazendo o Natan porque queria da continuidade ao tom do personagem, mas com a preocupação de não imitá-lo. Não senti pressão porque a Suzana [a preparadora do elenco] foi muito cuidadosa nessa transição”, contou o ator, que teve a oportunidade de encontrar o colega, ex-intérprete do seu personagem, de maneira informal no refeitório da Record. “O curioso é que ele foi para a direção [da série] e estamos nos encontrando no set de gravação de outra forma.”
Mas Felipe Cunha não é o único ator que Lucio está interagindo com sua adição no elenco de Reis. Agora, ele tem contato próximo com Petrônio Gontijo, intérprete de Rei Davi na trama, que já havia sido seu colega nas outras novelas da Record que ele havia participado. Contudo, os dois nunca haviam contracenado diretamento, o que tornou a série bíblica um encontro especial entre os dois.
“Acompanhar a sua rotina insana como protagonista, mas sem perder a ternura, é o que mais me chama a atenção”, contou Lucio, quando questionado sobre como era trabalhar com Petrônio. “Poucas vezes vi na televisão um profissional com tamanha entrega e generosidade, tanto no trabalho, quanto junto aos companheiros de elenco.”
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Antes de iniciar a jornada como Natan, Lucio Fernandes passou por um hiato na televisão. O ator está na ativa desde 2001, quando iniciou sua carreira artística no teatro. No entanto, a oportunidade de aparecer na TV só surgiu quatro anos depois, quando ele integrou o elenco da novela América, de Glória Perez, em 2005.
Desde então, foram dez anos de trabalhos em diferentes emissoras, incluindo a Record, o SBT, a Globo e até na Fox, onde ele fez parte de Avassaladoras: A Série, em 2006. Em 2015, ele se despediu da TV por um tempo, após participar de projetos como Malhação, Sete Vidas e I Love Paraisópólis. Mas esse afastamento teve um motivo.
“Em 2010, quando atuei na peça Hamelin, do espanhol Juan Mayorga e dirigida por André Paes Leme, fui convidado pelo documentarista Nelson Hoineff para apresentar uma série documental para o canal TruTV. Ali comecei a navegar por outros mares. Eu sempre quis entender como a engrenagem do audiovisual funciona, então fui estudar direção, câmera, direção de fotografia e fiquei por trás das câmeras também”, revelou o ator à CARAS Brasil.
O retorno para a televisão se deu aos poucos, quando ele foi convidado para participar da novela Vai Na Fé, da Globo. A produção, no entanto, era muito diferente de Reis e foi até comparada pelo intérprete de Natan. “Desde que nascemos, somos o acúmulo de informações que recebemos. Um produto contemporânea é mais familiar, temos mais experiência e vivência com a história que está sendo contada”, disse Lucio.
Para ele, fazer parte de uma produção história é um verdadeiro desafio que exige muito do ator. “Por mais que busquemos referências, precisamos nos aproximar de realidades muito distantes da nossa, com tempos diferentes de fala, de gestos e costumes.”
Mas para Lucio, o resultado da sua estreia em Reis está sendo positivo. “Está sendo incrível! Estamos no mês de estreia da oitava temporada e registramos a melhor audiência do ano em São Paulo, dia 26, com pico de 9,4 pontos”, contou ele na entrevista.
O retorno do público é confortante para alguém que se identifica com a integridade do personagem que está interpretando. “O respeito, o amor e a cumplicidade que o personagem demonstra por sua esposa Naava são características que revelam muito sobre a relação que tenho com a Madelon, minha parceira de vida”, disse Lucio.
Na conversa com a CARAS, Lucio também disse que o papel que mais tem orgulho é Fonseca, da novela Revelação, do SBT, em 2009. O personagem era um policial corrupto, “um crápula”, que negociava com o tráfico e sequestrou a filha do delegado da própria delegacia.
“Me orgulho pela preparação e construção que tive a iniciativa e oportunidade de fazer. Tenho um delegado da polícia federal na família e pedi ajuda para poder fazer um laboratório para vivenciar mais de perto esse universo”, contou o ator.
Segundo ele, foi com ajuda desse familiar que ele pode ter um preparo especial para o papel. “Fui para a carceragem da polícia civil em Vila Isabel, no Rio, e acompanhei de dentro a rotina de presos e carcereiros, o que me ajudou demais. Eu soube, in loco, o que estava à espera do meu personagem e qual seria o seu fim.”