O locutor faz 90 com a saúde perfeita e sem saudades do passado
Os 90 anos recém-completados no dia 29 de setembro não assustam o ícone do jornalismo brasileiro Cid Moreira. “Você tem de aceitar a vida como ela é”, decreta o ex-apresentador do Jor nal Nacional, que estuda propostas de trabalho como locutor e faz palestras pelo País, sem querer ouvir a palavra aposentadoria. Há seis anos ele e a esposa, a jornalista Fátima Sampaio Moreira (54), trocaram o Rio pela tranquilidade da região serrana e há um ano estão em um novo sítio em Pe trópolis. “Em seu aniversário, declamei o Soneto de Fidelidade (Vinicius de Moraes, 1913-1980) e dei 90 beijinhos. Cid merecia uma festa, mas para não ter estresse, comemoramos só nós dois. Ele trabalha o dia inteiro, não consegue ficar parado”, revela Fátima.
Com alma cigana, Cid já pensa em trocar de lar mais uma vez – aliás, uma mudança para os Estados Unidos não está descartada. Completando 17 anos de união, o casal adora bater papo na cozinha e jogar tranca. No entanto, é no estúdio que ele passa a maior parte do tempo. Foi lá onde colocou a voz nos livros deuterocanônicos, complementares à Bíblia, em fase de mixagem.
– Qual a sua relação com a Globo? Ainda é contratado?
– Sim. Só a minha voz já está à disposição e a partir de 2019 poderei voltar a fazer novos trabalhos, se estiver vivo até lá. Todos nós podemos não estar mais aqui amanhã, ninguém sabe.
– Pensa na finitude da vida?
– Não adiantar pensar nisso...
– Sempre foi religioso?
– Desde a infância, só que de forma inconsciente. A família se reunia no quintal, eu abria a Bíblia e lia provérbios.
– Acredita que a divulgação da Bíblia é o seu propósito de vida?
– Todos nascemos com propensão a algo. Para mim está sendo comprovado. Recebo muito mais o retorno das pessoas.
– O que mudou com os 90?
– Nada, só parei de jogar tênis. Dei um mau jeito no músculo, faço pilates, mas a saúde está boa, graças a Deus. Minha pressão é normal, cuido da alimentação. Mesmo assim, o corpo de 90 não é igual ao de 60, 40. Jogava tênis de manhã, de tarde e à noite.
– É saudosista?
– Não, de jeito nenhum. Você tem de aceitar a vida como ela é. Muita gente não aceita...
– Fátima trouxe frescor?
– Claro! Os 17 anos passaram rápido. Ela é jornalista, participa das palestras, escreveu um livro sobre mim. A diferença de idade nunca foi um problema.
– Você diz que sua voz está melhor hoje. Por quê?
– Parece demagogia, mas depois que me dediquei à divulgação da Bíblia melhorou. E continuo mascando gengibre, virou mania.
– Como será o documentário que está sendo feito sobre você?
– É da premiada Clarice Saliby. Boa Noite vai contar um pouco de tudo.