Em seu novo refúgio, ele conta como rejuvenesce com apoio de sua amada
Ícone do telejornalismo brasileiro, Cid Moreira (87) opta por uma vida cada vez mais tranquila ao lado da mulher, a jornalista Fátima Sampaio Moreira (51), com quem completa 15 anos de relação em novembro. “Brinco que nos transformamos em um só. Ela sou eu e eu sou ela, misturou tudo”, declarou-se ele no novo refúgio do casal, em Pedro do Rio, distrito de Petrópolis, região serrana fluminense, onde fica a maior parte do tempo. Contratado da Globo, ele ainda é convocado para trabalhar, como aconteceu em abril. Nas comemorações dos 50 anos da emissora, Cid fez retorno “simbólico” à bancada do Jornal Nacional, onde esteve durante 27 anos, de 1969, ano de sua criação, até 1996. Mais uma vez, deu o seu tradicional “boa noite” ao lado do antigo companheiro de bancada Sérgio Chapelin (74).
“Foi emocionante, como se tivesse voltado no tempo, uma sensação boa, parecia um sonho. Até hoje, aonde vou, alguém comenta que se comoveu também”, ressaltou, apesar de garantir que não ficou com gostinho de quero mais. “Sou um homem de fases. Não retorno a elas nunca. Quando viro uma página, me empenho em outra, levando sempre a sério. Tive um momento brilhante no rádio, depois no cinema, em que gravei jornais para quase todo o Brasil. Aí veio a TV, onde já cumpri minha fase gloriosa. Sou contratado, mas sou aquele cara que está lá na prateleira e, de vez em quando, se lembram de mim. Tenho 46 anos de emissora. Pretendo encerrar minha carreira na Globo quando completar as cinco décadas”, analisou ele, que comemorou 70 anos de profissão desde que estreou como locutor na Rádio Taubaté.
Inicia um novo desafio?
Sim. Há muitos anos venho na minha fase bíblica. Já gravei o Novo Testamento, Passagens Bíblicas, a Bíblia inteira que agora pode ser acessada em um aplicativo internacional. Vou levar o evangelho às pessoas até o último dia de minha vida. Mas agora estou estudando poemas dos grandes autores nacionais e internacionais, como Castro Alves e Gonçalves Dias. Conto com a ajuda do professor de literatura Sergius Gonzaga, ele me orienta. Quero gravar e lançar em 2016.
Como é a rotina de vocês?
Fátima – Ficamos muito aqui, usamos a casa do Rio como apoio. Viajamos pelo País para as palestras do Cid. Ele conta sua história profissional, por exemplo, a crianças simples do in terior, como e le foi. Mostra que, com esforço, pode-se chegar lá. E narra alguns salmos.
Cid – Em tudo, ela é meu braço direito, esquerdo, as pernas... Dá apoio, participa das palestras, ajuda nos textos. Ela é muito criativa, o que me tranquiliza. Com a minha saída da bancada, fiquei liberado para viajar. Fora o trabalho, temos feito cruzeiros. Vamos agora em um por Marrocos, Espanha, Itália, Portugal e França.
De que forma um transformou a vida do outro?
Fátima – Procurava um homem como o Cid há muito tempo e, quando o encontrei, achei meu porto e fiquei feliz. Somos diferentes, água e vinho no jeito de ser e pensar. Justamente por isso, um acrescenta e dá tempero à vida do outro. De vez em quando, temos uns arranca-rabos, mas aí chega uma hora em que caímos na risada. Por conta da diferença de idade, sempre tivemos urgência de estar juntos, brincar, nos divertir. Ele me encanta quando diz que me procurou a vida inteira nas outras e que está muito feliz comigo.
Cid – Ela me trouxe tranquilidade, juventude. Sou como um vampiro, afinal temos boa diferença de idade, são 36 anos. (risos) Fátima – Ele tem atitude e pensamento de jovem. Então, dá para equilibrar. Se fosse velhinho, seria complicado. E eu sempre o estimulo a fazer algo para não se entregar à velhice. Ele grava suas coisas no estúdio, é perfeccionista. Muitas vezes, falta luz e eu o tranquilizo, chamo para fazer algo, jogamos tênis, bebemos vinho diante da lareira. Tenho a impressão de que está mais em paz do que antes de me conhecer. Admiro sua vontade de viver.
Em setembro, você completa 88 anos. Com quantos se sente?
Cid – Minha fisioterapeuta me classifica na faixa de força física de 60 anos. (risos)
Fátima – Dependendo da hora, ele é um garotinho.
Como se mantém?
Cid – Tenho feito pilates com a Noory Lisias. Durante um tempo, exagerei na caminhada e o músculo do quadril encurtou. Ia a eventos e precisava me apoiar em algo, havia perdido o equilíbrio, estava quase usando bengala. Já recuperei praticamente 90%. A alimentação também é primordial. Parei de comer carne aos 30 anos. No máximo, como peixe uma vez por semana. Pela manhã, só fruta. À tarde, um lanche com chá verde e pão integral. E no jantar, muitas folhas e uma massa.