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Vladimir Brichta estreia 'Arte' em São Paulo e analisa a amizade entre os homens

Vladimir Brichta, Marcelo Flores e Claudio Gabriel estreiam o espetáculo 'Arte' em São Paulo e revelam os detalhes de seus personagens na trama teatral que aborda o tabu da amizade entre os homens

Ana Carolina Addario Publicado em 19/08/2012, às 02h00 - Atualizado em 20/08/2012, às 01h26

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Claudio Gabriel, Marcelo Flores e Vladimir Brichta - Danilo Carvalho/ AgNews
Claudio Gabriel, Marcelo Flores e Vladimir Brichta - Danilo Carvalho/ AgNews

Depois de uma temporada com plateias lotadas e muito sucesso no Rio de Janeiro, o trio de atores formado por Vladimir Brichta(36), Marcelo Flores e Claudio Gabriel estreou a peça Arte na noite deste sábado, 18, em São Paulo, com o maior clima de entrosamento. Nada mais justo para amigos de cerca de 20 anos, né? Sob os comandos do diretor Emílio de Mello, os rapazes apresentaram, em uma sessão para convidados, o ponto de vista do universo masculino justamente sobre o tema amizade e seus desdobramentos e limitações.

A peça fala sobre vários assuntos, mas principalmente sobre amizade e afeto. É uma história de questionamento sobre uma amizade e até que ponto esse tipo de relação sobrevive a questões que a vida nos apresenta. Ela se desenvolve a partir de uma discussão sobre uma obra de arte, mas o elemento mais importante do texto é o valor de uma amizade para cada um daqueles homens”, explicou o diretor Emílio de Mello, que assumiu a direção da peça após convite do próprio elenco.

Em cartaz no Teatro Renaissance em sua terceira adaptação brasileira de texto homônimo da premiada autora francesa Yasmina Reza, a peça Arte apresenta uma rica e humorada discussão entre três amigos que começa depois da compra de uma obra de arte bastante peculiar: um quadro branco. As diferentes opiniões que a obra suscita em cada personagem geram o conflito entre estes rapazes que, depois de 20 anos de amizade, vão questionar a profundidade e as limitações da relação que possuem.

Assim como os personagens da peça, os atores Vladimir Brichta e Marcelo Flores são amigos também há 20 anos, desde o início da carreira de ambos nos palcos baianos. Claudio Gabriel chegou um pouco depois, de quem a dupla ficou amigo há cerca de sete anos. E foi justamente o quesito amizade que determinou a formação do elenco de Arte, embora entre o trio de atores os conflitos sejam mais amenos e as diferenças, flexíveis.

Qualquer semelhança é mera coincidência

Sérgio (Claugio Gabriel) é o dermatologista bem-sucedido que compra o quadro branco por 200 mil reais. Marcos (Marcelo Flores), o engenheiro conservador que reprova absolutamente a nova aquisição do amigo. E Ivan (Vladimir Brichta), um noivo sensível e muita vezes cômico, o conciliador do trio. Para o elenco de amigos, é justamente o antagonismo de cada personagem que torna o texto de Yasmina Reza tão interessante. E até que ponto cada ator se inspirou em sua própria personalidade para formar seu papel na peça?

Ele é o cara menos articulado dos três. Todos defendem uma opinião na peça, já ele é o coração da história. Algumas vezes falta personalidade, realmente, mas ele não se preocupa em ter uma tese em cima de todas as coisas, e isso faz com que ele não se defenda tanto”, avaliou Vladimir Brichta. E a tal auto referência existiu mesmo em no seu caso. “Minha maior inspiração para criar Ivan sou eu mesmo, alguns anos atrás, quando eu era mais em cima do muro. Com o passar do tempo eu mudei, mas já fui mais inseguro na vida”, revelou.

Para Claudio Gabriel, a identificação com seu personagem Sérgio foi mais do que encontrar pontos comuns em sua personalidade – o estilo de vida também tem suas consonâncias. “Ele é um cara sofisticado e complexo, que começa simpático e querendo se relacionar com as diferenças. Mas quando começam a magoá-lo, ele mostra outros lados mais obscuros, que todo ser humano tem. A coincidência entre nós é que faço pintura desde 2010, então acabei trazendo informações interessantes de quem está mergulhado nesse universo da arte”, contou o ator. A pedidos do diretor Emilio de Mello, Claudio encarou o desafio de criar um quadro branco, como o da peça, como exercício de laboratório.

Já para Marcelo Flores, o intransigente Marcos não é exatamente uma reprodução de suas virtudes e defeitos, embora não dê pra negar que as semelhanças existam. “A gente escolhe nossos personagens, mas eles nos escolhem também. Já tenho 18 anos de carreira pra duvidar que uma pessoa faça tão bem um personagem sem ter nada a ver com ele. Marcos é de uma mentalidade mais conservadora e pragmática, ele não aceita muito a novidade. Sou um pouco mais flexível que ele, ele é radical e sofre com isso”, analisou o ator, que apontou a inteligência dos diálogos da peça como um dos pontos mais altos da produção, além de romper um tabu que é discutir a amizade entre os homens.

Amizade entre rapazes

Que discutir relação, seja amorosa ou de amizade, é uma preferência feminina, todo mundo sabe. O que não faltam são exemplos teatrais, televisivos e cinematográficos de situações como esta, geralmente com mocinhas ansiosas e rapazes desinteressados. A peça Arte quebra o tabu: os marmanjos em cena passam a cerca de uma hora e meia de espetáculo discutindo a relação de 20 anos de amizade que possuem.

Vladimir Brichta concorda com a avaliação. “A peça é definitivamente sobre amizade entre homens, que não é um tema muito abordado no teatro”, disse o ator. E Marcelo Flores completa:  “Talvez o tema amizade entre homens possa até ser encarada como tabu. Eles chegam num nível de discussão na peça que muito raramente os homens chegam. Para mim, a riqueza do texto de Yasmina Reza mora exatamente aí, porque ela distende bastante esse tecido, desenvolve o assunto em cena”.