Nos bastidores do espetáculo dirigido por Miguel Falabella elas falam da amizade que surgiu em 'Wicked' e planos para turnê
Quase cinco meses após a última sessão de Wicked, Fabi Bang e Myra Ruiz subiram ao palco juntas novamente na quinta-feira, 4, em uma noite de grande emoção. Desta vez, as intérpretes de Glinda e Elphaba fizeram uma homenagem aos musicais no show Desafiando a Amizade.
Com direção de Miguel Fabalabella, o espetáculo passeou por sucessos como O Mágico de Oz, Mamma Mia, Hairspray e Les Misérables. “A gente pensou em um repertório que agrada todo mundo. Desde nosso público superjovem até uma pessoa que seja mega fã de musical e que conheça tudo”, disse Fabi, que conciliou os ensaios com as gravações da novela Rock Story. O convite para Falabella partiu das cantoras em um 'momento de ousadia'. “A gente pensou: quem é que seria incrível? Quem que seria um sonho? O Miguel!”, confessou Myra.
O público que lotou o Teatro Cetip, em São Paulo, foi presenteado com vários duetos e performances solos – Fabi, por exemplo, soltou a voz em Maybe This Time, famosa na voz de Liza Minnelli em Cabaret. Já Myra homenageou a diva Barbra Streisand com My Man, de Funny Girl. Elas também brindaram os fãs com performances que encantaram gerações no cinema, como os temas de A Bela e a Fera, Branca de Neve, Cinderela, A Pequena Sereia e a mais recente, Frozen, sempre intercalando as canções com diálogos divertidos e as sacadas de humor que consagraram a amizade de ambas nos bastidores de Wicked e podem ser vistas no canal Apenas Existindo, no YouTube. “A nossa afinidade trouxe essa vontade de ter alguma coisa própria, um show próprio, alguma coisa que pudéssemos brincar entre a gente e interagir com a plateia”, explicou Fabi.
Um dos momentos mais especiais da noite contou com homenagem a duas estrelas do teatro brasileiro - Bibi Ferreira e Marília Pêra – com a interpretação do tema de Dolly Levi, do musical Alô, Dolly, vivida pelas veteranas nos palcos. O ponto alto, no entanto, foi a versão em português de Defying Gravity (Desafiando a Gravidade) quando o público ficou de pé para aplaudir, emocionando as artistas. Acompanhadas por cinco músicos, entre eles o maestro Paulo Nogueira (marido de Myra e que assinou a direção musical do espetáculo), elas encerraram o show com Tudo Mudou, canção tema da amizade das bruxas de Oz, e já anunciaram o próximo show: no dia quatro de julho no Teatro Porto Seguro, na capital paulista. As vendas terão início no dia 11 de maio.
Momentos antes da apresentação elas receberam CARAS Digital no camarim para um bate-papo. Confira!
- Como 'Desafiando a Amizade' começou? Quem teve a ideia do show?
Fabi: Acho que foi uma ideia em comum. A gente, na verdade, estava com vontade de promover alguma coisa pra trazer o nosso público pra perto da gente. Inicialmente veio a ideia do canal e a nossa afinidade trouxe essa vontade de ter alguma coisa própria, um show próprio, alguma coisa que pudéssemos brincar entre a gente e interagir com a plateia. Porque o musical que a gente fazia era muito cristalizado, a gente não podia mexer com aquilo e o público era muito presente. Essa vontade de ter um produto nosso foi em comum.
Myra: A gente canta cover no nosso canal, falamos ‘ah, estamos fazendo música, a gente podia fazer um show, será que vamos fazer com músicas do canal?’. Ficamos pensando nisso. Mas aí o Miguel Falabella entrou no projeto e a gente pensou junto.
- O convite partiu de vocês?
Myra: Pensamos: quem é que seria incrível? Quem que seria um sonho? O Miguel! A gente conhece ele, mas não sabia se ele ia ter tempo, ele é muito ocupado. Sentamos pra almoçar com ele um dia, a gente combinou que queria fazer um show e queria falar com ele sobre a ideia. Chegando no almoço ele já estava com o show quase pronto na cabeça dele.
Fabi: Isso porque a gente tinha falado com ele na véspera e pensamos ‘nossa, se ele criar isso vai demorar tanto’, mas no dia seguinte ele tinha o show pronto! Ele apresentou um show que a gente ficou de boca aberta e falou ‘agora não tem como correr’.
- E como foi a escolha do repertório?
Fabi: Foi em conjunto, de acordo com o que a gente gosta, com o que a gente tem mais afinidade, mas ele sempre dando palpites. É uma grande homenagem aos musicais.
Myra: E ele tira a gente da nossa zona de conforto porque, a gente tem um público jovem, mas a gente pensou em um repertório que agrada todo mundo. Desde nosso público superjovem até uma pessoa que seja mega fã de musical e conheça tudo.
- Os ingressos esgotaram muito rápido. Existe a possibilidade de outros shows?
Fabi: Existe a possibilidade. Inicialmente a gente estava achando audacioso fazer no teatro Cetip porque é um teatro relativamente grande.Estávamos com medo de ter que encher um teatro com 630 lugares. E para a nossa surpresa conseguimos vender todos os ingressos em dois dias.
Myra: E hoje (quinta) a gente fez uma promoção pra sortear dois ingressos e na inscrição tinham 800 pessoas. Foi uma surpresa.
- Tem alguma coisa que vocês fazem, algum ritual antes de ir pro show? No Wicked vocês faziam sempre o mesmo show e estavam acostumadas, né? Mas aqui é novidade...
Fabi: Perguntaram pra gente se queríamos camarim separado ou junto e as duas responderam ao mesmo tempo: junto. Eu acho que essa foi uma novidade pra gente. Porque no Wicked a gente tinha um camarim separado, até por uma questão de concentração, o show pedia isso. Mas aqui a nossa troca é tão importante, a gente está extremamente conectada desde o momento dos bastidores até ir pro palco, foi uma opinião unânime. Isso vai transparecer no palco. Isso é o que funciona, essa nossa química é o nosso grande diferencial para o nosso público.
Myra: Eles adoram a gente separadas, mas quando a gente se junta... eles vão ao delírio.
- Vocês se conheceram no Wicked, né? Hoje em dia vocês são amigas do tipo que uma vai na casa da outra?
Fabi: A gente se conhecia superficialmente, mas hoje em dia fico mais com a Myra do que com meu marido em casa (risos).
Myra: Ainda mais que junta trabalho e diversão, é o dia inteiro, é uma convivência intensa.
Fabi: Às vezes a gente está no meio de um papo super importante de trabalho, mas vem uma bomba que ela tem que saber... a nossa relação é um mix de trabalho e amizade.
- Como surgem os temas para o canal Apenas Existindo? Por exemplo, o vídeo que vocês invadiram uma festa de aniversário?
Myra: Algumas coisas as pessoas pedem, bastidores eles adoram.
Fabi: O vídeo dos penetras foi do dia pra noite. A gente descobriu que essa menina ia fazer aniversário de 15 anos, pedimos pra uma menina que trabalha com a gente entrar em contato com a mãe dela pra ver se seria viável a gente colocar em prática essa ideia louca e a mãe dela ficou extremamente emocionada porque a aniversariante e a irmã são nossas fãs. Ela disse que era o sonho da filha. Daí a gente se vestiu de garçonete e foi até lá. E a menina aos prantos, foi uma surpresa linda. Emocionante até pra gente.
- Além do show, tem algum outro projeto que vocês já possam contar? Myra, quando você vai para a TV?
Myra: Ah, não sei, quando me convidarem (risos). Minha paixão surgiu com o palco, mas sou aberta a todo tipo de coisas, acho que tudo que alimenta a gente como artista sempre é uma experiência, então com certeza tenho total interesse. E para fazer cinema também, que eu acho incrível. Eu deixo super aberto.
Fabi: Acho que a gente vai realmente dar continuidade a essa parceria. Queremos levar para outros estados o nosso show, ver se a gente consegue viabilizar de algum jeito. Mas acho que começamos bem. É muito raro a gente encontrar um cenário que a gente já começa um projeto com a casa lotada. Eu sei porque acompanho vários outros projetos, muita gente, e sei que é muito especial isso que está acontecendo. Não podemos desperdiçar esse resultado que é tão positivo.
Myra: Mas foi difícil, não foi fácil de produzir. Foi um mês pra montar, não é fácil botar um negócio desse de pé e aí a gente se dedicou pra caramba.
Fabi: E a gente contou com a equipe dos sonhos. Só tem profissional.
- E os maridos se envolveram também?
Myra: Meu marido é o diretor musical e está tocando piano também.
Fabi: Ele dirigiu a gente vocalmente, dirigiu os músicos, reescreveu partituras.
Myra: Reescreveu todos os arranjos. Por exemplo: vamos cantar Wicked, o original tem 14 músicos, a gente está fazendo com cinco. Então tem que reescrever e deixar isso cheio, bonito.
- Mais alguma consideração para finalizar?
Fabi: Eu queria falar do Miguel. Acho que a parte mais importante do nosso projeto é ele estar abraçando, dando asas à nossa imaginação. Realmente o nosso pedido foi audacioso e sabemos que o não a gente já tinha, mas se a gente pode sonhar grande por que a gente vai sonhar pequeno? Vamos sonhar grande!
Myra: Ele é bem exigente e ele fala a verdade. Agora no último ensaio ele falou pra gente “Está lindo. E vocês sabem que eu falo, né? Se tivesse horroroso eu ia falar” (risos).
Fabi: Ele falou que está deslumbrante, “a gente tem uma joia, vamos levar isso pra frente, fazer turnê...” O Miguel já pensa grande, e é de uma generosidade e uma genialidade absurda. Então esse projeto não teria acontecido se não fosse ele aliado a nós duas. Foi fundamental.