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Teatro / MEMÓRIA

Filho de Léa Garcia relembra conversa com a mãe antes de sua morte: 'Não sou dona de casa'

A CARAS Brasil esteve presente na inauguração da sala Léa Garcia, em São Paulo, nesta quinta-feira, 28

A atriz Léa Garcia e seu filho, o diretor de audiovisual Marcelo Garcia - Foto: Reprodução/Instagram @leagarciaeumesma
A atriz Léa Garcia e seu filho, o diretor de audiovisual Marcelo Garcia - Foto: Reprodução/Instagram @leagarciaeumesma

O diretor de audiovisual Marcelo Garcia, filho da atriz Léa Garcia, comandou a inauguração da sala de teatro com o nome da mãe em São Paulo nesta quinta-feira, 28. A CARAS Brasil esteve presente no evento e registrou momentos da cerimônia em homenagem à artista, que morreu em agosto aos 90 anos.

Durante seu discurso, Marcelo relembrou uma conversa que teve com Léa Garcia antes de sua morte, em um mal estar da artista. "Eu falei: 'Eu ligo para Gramado, você fica em casa, descansa e a gente vai ao médico'. Sabe o que ela falou para mim? 'Marcelo, eu não sou dona de casa. Meu lugar é no palco. E se eu tiver que morrer, eu morro em Gramado'."

A grande atriz morreu na madrugada do dia 15 de agosto, vítima de um infarto. Ela estava em Gramado para receber uma homenagem com o Troféu Oscarito durante a 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado —o prêmio foi recebido por Marcelo em nome da mãe.

Leia também:Atriz Léa Garcia dará nome a nova sala de teatro em São Paulo

"Tive a oportunidade de colher da Dona Léa as piores e as melhores coisas. Nos últimos três meses, eu não me separei da minha mãe. Dormia com ela, acordava com ela, e ela já sabia de tudo o que ia acontecer. Eu só fui entender quando ela partiu", completou ele.

A sala Léa Garcia é a primeira de São Paulo que carrega o nome de uma atriz negra, e fica localizada no Novo Teatro Metrô Tatuapé, na Zona Leste da cidade. Em seu discurso, Marcelo agradeceu pelo apoio que tem recebido e também refletiu sobre a responsabilidade de carregar o nome da mãe.

"É para que acontecesse mais e mais casas culturais. Eu agradeço a todos que estão aqui, e sei que todas as pessoas que estão ligadas à cultura, à arte, são muito importantes para todos nós. Eu tenho um trabalho muito árduo pela frente, levar esse nome nas costas é muito difícil. Léa vive, Léa está presente desde o momento em que eu pisei nestas tábuas", disse. "Aqui se faz arte."

Atriz por mais de 50 anos e com carreira única nos palcos, TV e cinema, Léa foi precursora da inclusão do negro nos palcos brasileiros, onde atuou na década de 50 no Coletivo Teatro Experimental do Negro, acontecimento para sua época. Com enorme talento, foi indicada à Palma de Ouro em Cannes, pelo seu trabalho em Orfeu Negro. 

CONFIRA VÍDEO DA CERIMÔNIA DE INAUGURAÇÃO DA SALA DE TEATRO LÉA GARCIA: