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Revista / Entrevista

Vera Fischer: 'Sempre fui livre! Esse foi o problema e a solução'

Em entrevista exclusiva, Vera Fischer ressalta o seu empoderamento: 'Nunca sonhei com um príncipe encantado. O amor é fundamental, mas amar e ser amada independe de casamento ou sexo'

por Daniel Palomares e Fernanda Chaves Publicado em 09/12/2022, às 10h04 - Atualizado às 10h22

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Vera Fischer em ensaio fotográfico na Revista CARAS - Fotos e beleza: Fernando Torquatto; Stylist: Ale Duprat; Unhas: Amanda Generoso, da Maison Blac Ipanema; Coordenação e assessoria de imprensa: Amarelo Urca; Agradecimentos: Cenografia: Vando Buffet RJ; Locação Maison Paineiras; Balões: Romildo Nimmer Balõe
Vera Fischer em ensaio fotográfico na Revista CARAS - Fotos e beleza: Fernando Torquatto; Stylist: Ale Duprat; Unhas: Amanda Generoso, da Maison Blac Ipanema; Coordenação e assessoria de imprensa: Amarelo Urca; Agradecimentos: Cenografia: Vando Buffet RJ; Locação Maison Paineiras; Balões: Romildo Nimmer Balõe

Dona de beleza atemporal, Vera Fischer é protagonista de uma história repleta de lutas e conquistas. Entre sorrisos, lágrimas e desabafos, muitos capítulos dessa trajetória foram confidenciados às páginas de CARAS e, no aniversário de 29 anos da revista, que por casualidade do destino coincide com a chegada dos 71 anos da atriz, Vera voltou a abrir o coração para a edição de aniversário, afinal, não há momento melhor para celebrar. “Não minto, não escondo nada, não finjo!”, dispara ela, em ensaio exclusivo, no Rio.

Segura e confiante no futuro, nos últimos tempos a atriz se reinventou e tem acumulado funções como nunca antes. Vera roda o Brasil com a peça Quando Eu For Mãe, Quero Amar Desse Jeito, se destaca na Netflix com o longa Um Natal Cheio de Graça, que estreia neste mês, e ainda encontra tempo para planejar um monólogo, minissérie e uma exposição, além de uma coleção fashion para o próximo ano. Ufa!

Vera Fischer em ensaio fotográfico na Revista CARAS

– Você faz aniversário na mesma época de CARAS. Se lembra de alguma capa em especial?
– Acho que o mais importante é dizer que os tempos mudaram. A estética de fragilizar a mulher, colocar sempre a idade e um possível conflito diante dela, hoje, é vista de outra forma, já não cabe mais. Eu me lembro que, em uma dessas entrevistas, disse que chegaria aos 60 saudável e bonita e que não fiz mal a ninguém. Então, se for para destacar um pensamento e um número neste momento: não minto, não escondo nada, não finjo, não uso ninguém, não fico em casa fazendo tricô e vou passar dos 100!

– Em outra das capas, dizia que estava bem sozinha, sem um companheiro. Hoje, sonha com um novo amor ou não sente falta?
– Essa é uma capa velha! Ela carrega um conceito ultrapassado de que mulheres precisam de companheiros para serem felizes. Nunca sonhei com um príncipe encantado e nem fiquei em uma torre alta, enfadonha e mofada esperando por ele. Eu montei no dragão e fui voar, viver, trabalhar, ser feliz! O amor? É fundamental, sim! Amar e ser amada, independe de estar casada ou de fazer sexo. Eu me sinto muito amada.

– Como lida com o passar do tempo? Envelhecer assusta?
– Envelhecer nunca me assustou e ainda não me assusta. Eu trabalho muito, tenho uma vida produtiva, uma carreira de sucesso e muita coisa para fazer ainda. Não tenho tempo de ficar parada pensando no tempo que passa. Passei dos 70 com muitos espelhos em casa e uma ótima relação com eles. Eu me acho um mulherão e parece que não sou só eu.

Vera Fischer em ensaio fotográfico na Revista CARAS

– Qual o lado negativo de passar tanto tempo em exposição e evidência constante na mídia?
– Foi triste, por muitos anos, ser alvo do machismo e não ter como responder. É muito bom poder olhar pra trás e ver que isso só aconteceu porque eu sempre fiz o que eu quis. E não me arrependo! De nada! E é uma alegria viver pra ver que esse mesmo machismo cafona hoje é sufocado, calado por muitas vozes de mulheres que também fazem o que querem. Hoje é diferente, sabe? Eu posso responder na hora, publicamente, nas redes sociais, com um alcance imenso.

– Se arrepende de algo que fez ou deixou de fazer no passado? O que aprendeu com as turbulências que enfrentou na vida?
– Eu sou fervida! Faço o que quero e pago consciente um preço por isso. Não me arrependo de absolutamente nada! Eu não seria quem sou se eu não tivesse feito exatamente o que eu fiz. Minha história ajudou a desenhar a minha trajetória. Gosto assim!

– Você não tem problema em falar sobre procedimentos de beleza que já realizou. Como os padrões de estética e beleza afetaram e ainda afetam sua vida?
– Existe um padrão de beleza e perfeição imposto pela repetição e que ainda afeta as mulheres, o que é um absurdo. Eu não busco essa perfeição. Sou uma atriz, eu gosto das minhas expressões, gosto do meu rosto, gosto do meu corpo, eu uso isso a favor do meu trabalho.

Vera Fischer em ensaio fotográfico na Revista CARAS

– Como se transformou com o tempo? Se sente mais livre e menos pressionada para estar sempre bonita, arrumada e jovial?
– Sempre fui livre. Esse foi o problema e a solução. A pressão para estar bonita pode até vir, mas passa como outros ventos passaram. Continuarei indo ao mercado de camiseta e short. No trabalho é diferente, gosto de me arrumar, estar produzida. Faço porque gosto.

– Muito se discute sobre os atores veteranos perdendo espaço na mídia. Como se sente sobre isso? Existe uma desvalorização dos talentos que marcaram época?
– As mudanças acontecem em estágios. Primeiro sempre vem uma confusão. Depois, um período de transição e, finalmente, as coisas se acomodam. A potência do alcance de pessoas influentes nas redes sociais é inegável e o mercado está experimentando essas pessoas em produções. A história da sociedade humana acontece em ondas e, depois de 55 anos de carreira, o que eu já vi de onda passar… Não chamo de desvalorizar porque os valores são diferentes. Acho que receber os mais jovens, mesmo que sem experiência, é um acerto. Equívoco é tirar deles a oportunidade de atuar e aprender com os que fazem bem e há mais tempo o que eles estão começando a fazer agora. Eu tenho mais de 3 milhões de seguidores maravilhosos nas minhas redes sociais e amo falar com todos que dou conta todos os dias. O reconhecimento como uma atriz brasileira existe por toda a produção cultural ao longo desses 55 anos.

– A pandemia fez com que todos precisassem se reinventar e, com você não foi diferente, já que virou febre nas redes sociais e participou de projetos no streaming. Essas novas formas de trabalho e contato com o público te animam em relação ao futuro?
– Eu sou inquieta e as mudanças me renovam. As redes sociais surgiram, a pandemia está acontecendo e a vida mudou. Aceito, tento acompanhar e descobrir o que as mudanças trazem de bom e de novas possibilidades todo dia. Os trabalhos nunca pararam, só ficaram diferentes e eu me adaptei. Tenho 71 anos e um público jovem cada vez maior curtindo meu trabalho. Estou na melhor fase da minha vida e produzindo muito.

Vera Fischer em ensaio fotográfico na Revista CARAS

Vera Fischer em ensaio fotográfico na Revista CARAS

Vera Fischer em ensaio fotográfico na Revista CARAS

Fotos e beleza: Fernando Torquatto; Stylist: Ale Duprat; Unhas: Amanda Generoso, da Maison Blac Ipanema; Coordenação e assessoria de imprensa: Amarelo Urca; Agradecimentos: Cenografia: Vando Buffet RJ; Locação Maison Paineiras; Balões: Romildo Nimmer Balões; Flores: Jane Cley; Painel: Lumini Wall; Bolo fake: Atelier da Cris; Letreiro luminoso: Mão na Roda