Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Gi Fernandes confessa sobre escolhas ao longo da carreira e festeja sua estreia na teledramaturgia
No teatro desde criança, Gi Fernandes (19) finalmente tem colhido os louros de seu esforço. Depois de se destacar nas séries Os Outros e Justiça 2, do Globoplay, a artista faz sua estreia em novelas com a global Mania de Você.
Durante papo exclusivo com CARAS, no Jo & Joe Rio, a carioca diz que as oportunidades que surgem provam que ela fez a escolha certa ao desistir de vaga na banda pop internacional Now United para se dedicar à carreira de atriz.
– Sempre quis fazer novela?
– Sim, eu tinha vontade de fazer tudo que pudesse para aprender, viver novas experiências. Novela eu tinha vontade, mas não achava que aconteceria tão rápido, porque comecei a estudar atuação aos 8 anos e minha primeira oportunidade só veio aos 17, que foi em Os Outros. De lá pra cá, fiz bastante coisa, mas eu achei que novela iria demorar mais, só que aconteceu e só pude agradecer e me jogar!
– Ouviu muitos ‘nãos’ antes?
– Muitos! A nossa profissão é pautada no ‘não’, a gente aprende primeiro a receber os ‘nãos’ para depois começar a aprender a receber os ‘sins’. Hoje ainda tem ‘não’, só que é muito menor do que era anos atrás. Meu primeiro ‘não’ foi no teste para a novela Babilônia, da TV Globo, em 2015. Muita gente para ali, desacredita, porque é difícil receber o não de algo que você tem certeza de que é o seu sonho, que é o que você mais ama fazer. Fui crescendo e entendendo que não depende só de mim. Às vezes, para você ter um papel, depende das pessoas que estarão fazendo a sua família, depende de logística, se moro no Rio e a produção é em SP podem preferir uma atriz de lá, são muitas questões.
– E agora você vem ouvindo muitos ‘sins’, não é?
– Os últimos ‘nãos’ até chegar o primeiro ‘sim’ foram na trave, eu quase passava, mas aí a outra atriz era mais parecida com a atriz que faria a mãe ou eu não passava pelo sotaque. Mas chegou o primeiro ‘sim’! Eu precisava que as pessoas me enxergassem e, quando elas me enxergaram, a porta começou a abrir e comecei a construir esse caminho em que estou.
– Essas oportunidades também refletem o momento com mais representatividade na TV...
– Total! A gente precisa se ver nos lugares, não só na TV, mas nos consultórios médicos, nos palcos, nos tribunais, nos jornais, porque quando a gente se vê a gente se torna pertencente e começa a se enxergar como alguém. Por muito tempo, pessoas como eu e como os meus se enxergaram como ninguém, porque não tinha essa janela de pessoas que eram parecidas com elas. São várias coisas que estão mudando, mas ainda tem muita coisa para mudar e o quanto eu puder ser manivela para isso e ajudar, eu vou ajudar porque a gente precisa se acolher. No mundo das artes tem pessoas que vivem 60, 80 anos e os sonhos não se realizam, então sou grata. E tenho consciência da importância de tudo isso que estou conquistando, não só para mim, mas para as futuras gerações e para as passada também. Minha mãe, por exemplo, sonhava em ser artista e não teve oportunidades, incentivo. Ao me levar para as gravações, esse sonho reacendeu e ela começou a fazer teatro aos 58 anos. É bonito ver que servi de incentivo. Quero que pensem que é possível.
– Depois de desbancar 800 candidatos nas seletivas e se tornar uma das três finalistas para a vaga do Now United, você desistiu. Como tomou a decisão?
– Tive que ter bastante coragem. Tão nova tive que tomar uma decisão que iria mudar o rumo da minha vida, mas não me arrependo de nada, pelo contrário, a cada dia que passa comprovo que tomei a decisão certa. Na época foi muito difícil, eu não conseguia dormir, anotei os prós e os contras de dizer não para eles, e os prós é que estaria vivendo do meu sonho, do que faz meu coração bater mais forte, que é o que a minha intuição estava dizendo para eu fazer.
– Como seus pais reagiram?
– A princípio foram contra, acharam que eu era louca (risos). No Brasil a arte não é valorizada como deveria, é uma carreira instável, uma hora você está trabalhando e em outra não está. E eu ia conhecer o mundo, aprender línguas, ganhar em dólar, meu pai dizia isso (risos). Só que sempre tive dentro de mim que eu ia conseguir. Desde nova tinha a certeza de que iria realizar meus sonhos, por mais difíceis que fossem. Acabou que meus pais entenderam, me apoiaram e foi o que me impulsionou de fato a tomar essa decisão. E agora estou aqui, vivendo meu sonho, cada dia mais construindo e aprendendo, que é o que essa profissão mais tem: a gente nunca para de aprender.
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