No ar como a Miranda de Volta por Cima, Gabriela Dias conta à Revista CARAS os desafios da maternidade
A história de Gabriela Dias (25) começa na Venezuela. Foi no pais latino-americano que a atriz, intérprete de Miranda, de Volta por Cima, da Globo, nasceu. Seu pai, ex-jogador de futebol, morou por lá até que ela completasse 10 anos de idade, data em que finalmente chegou ao Brasil. A mãe, também atriz, inspirou a filha a seguir pelo universo das artes.
Dando vida a uma personal trainer na trama das 7, Gabi consegue dar vazão a dois de seus traços mais intensos: a paixão pelo esporte e pela arte. Focada em uma rotina de exercícios e treinamento, ela cultiva uma vida mais saudável, aliada à prática constante da dança, outra de suas habilidades.
Em papo exclusivo com CARAS, Gabriela brinda o momento especial que vive na vida profissional e pessoal. Há quatro anos, ela se tornou mãe do pequeno Ayo, fruto do relacionamento com o ator Rômulo Weber (31), e vibra ao imaginar as infinitas possibilidades que o futuro reserva para si e sua família. “Espero seguir avançando na carreira por meio do meu empenho e dedicação na novela e em projetos futuros que, sem dúvida, contribuirão para o meu desenvolvimento como atriz”, torce a artista.
– Você passou parte da infância na Venezuela O que guarda de especial desse período?
– Posso dizer que os momentos em família são os momentos que mais me trazem lembranças da Venezuela. Esses momentos em família, a gente aproveitava na natureza. Eu lembro de praias lindas que a gente visitava, que a gente conhecia. Minha primeira infância foi lá, então eu diria que esses momentos curtindo a natureza são os mais especiais para mim.
– Você se lembra de como foi vir morar no Brasil? Sentiu algum choque cultural?
– Como eu fui alfabetizada em espanhol, foi um choque quando eu cheguei ao Brasil. Tive muita dificuldade para entender e compreender o português de uma forma clara. Até pouco tempo atrás eu ainda pensava algumas palavras em espanhol, então isso foi um processo bem difícil. Uma criança em um país diferente, essa foi uma grande dificuldade.
– Você também é muito ligada à música e à dança. Como essas outras formas de arte impactam sua trajetória na atuação?
– A dança e a música acrescentam de uma forma inexplicável no meu trabalho como atriz. Uma coisa está ligada à outra. Eu vejo como a dança me deu o foco, como a música me ajudou na escuta, e essas são as duas coisas principais, essenciais para você ser um artista, um ator. É você ter foco, você ter atenção, você ter escuta. Essas duas formas de arte me ajudaram muito para construir a atriz Gabriela que sou hoje.
– Como é a sua relação com a autoestima e a confiança sendo uma mulher negra?
– Sempre tive um suporte emocional na infância. Minha mãe trabalhou muito a minha autoestima. Ela sempre me fez ver o quão bonita eu era. Sendo uma mulher preta, a minha mãe sabia muito bem a importância disso na minha vida. Porque querendo ou não, eu ia passar por situações de racismo e de exclusão. Situações que me fizessem ser preterida. Então, tudo que foi construído na infância tem reflexo hoje em dia. É algo que eu ainda trabalho diariamente, porque isso é um processo diário. Todo dia acontecem situações de racismo absurdas comigo. Se eu não fizer minha terapia semanal, é muito difícil ter sanidade mental. Hoje em dia, eu tenho maturidade para entender esse lugar, para entender o que é opinião e o que é racismo.
– Como é fazer parte desse momento histórico no audiovisual brasileiro com três protagonistas pretas nas novelas e tantos outros personagens pretos?
– Eu confesso que eu tenho sorte. Não à toa, isso foi traçado pelos que vieram antes de nós, mas eu tenho essa sorte de ter feito trabalhos com elencos de pessoas pretas, sabe? Tive sorte de trabalhar com diretores pretos, isso é muito gostoso e muito gratificante. Eu me sinto lisonjeada e sei que isso não veio à toa, se não fosse o teatro experimental do negro, pessoas pretas dizendo que eles merecem, que eles devem, que eles podem ocupar aquele lugar, se não fossem eles, provavelmente a minha geração não estaria aqui falando sobre isso, talvez eu não estaria aqui te dando essa entrevista. É muito gostoso poder fazer parte disso. Que continue assim.
– Como é a Gabriela mãe? Como a chegada do seu filho transformou a sua vida?
– Eu ainda estou aprendendo muita coisa. Essa transformação é diária. Você vai aprendendo a abrir mão de coisas, mas ainda mantém sua forma de viver e de pensar. A gente leva muito para esse lugar romantizado de mãe e de filho, mas isso vale para qualquer relação, para a chegada de qualquer pessoa na sua vida. É muito relativo e eu estou nessa transformação ainda, eu estou vivendo esse processo de ser mãe, de conhecer essa pessoa que saiu de dentro de mim, que é meu filho, que eu amo incondicionalmente. É complexo.
– Quais são as expectativas sobre o seu futuro? O que podemos esperar para a Gabriela daqui para frente?
– Eu espero seguir avançando na minha carreira por meio do meu empenho e da minha dedicação na novela e também em projetos futuros que, sem dúvida, contribuirão significativamente para o meu desenvolvimento como atriz.
LEIA TAMBÉM:Juliana Silveira resgata Floribella e transita por diferentes públicos: 'Propósito da minha alma'