Longe dos protocolos reais, a Rainha Elizabeth II exercia papel central na rotina dos Windsor, zelando pela imagem e união do clã
Por trás da imagem imutável de rainha, Elizabeth II (95) deu espaço a papéis comuns, como o de mãe, mulher, filha, avó e irmã e, assim como qualquer um de seus súditos, teve a vida familiar regada a sorrisos, lágrimas e algumas doses de confusão. Sua história começou em clima de conto de fadas. Aos 13 anos, ela conheceu Philip (1921– 2021) e foi amor à primeira vista!
Primos de terceiro grau, eles se correspondiam por cartas e, a princípio, a relação não era vista com bons olhos, já que ele era estrangeiro e com poucas condições financeiras. A princesa não se intimidou e, em 1947, subiu ao altar. “Se me perguntarem o que penso sobre casamentos, digo com simplicidade: sou a favor!”, disse ela.
Pais de Charles (73), Anne (71), Andrew (62) e Edward (58), Elizabeth e Philip raramente demonstravam afeto em público. A rainha, inclusive, chegou a ser criticada por sua falta de dedicação à maternidade, que se contrapunha ao empenho magistral como monarca. “Ser mãe é o melhor dos trabalhos”, garantiu ela, sem romantizar muito a condição. “A chegada de um bebê é sempre uma grande alegria, mas aí eles começam a crescer...”, já declarou a monarca, falando sobre as polêmicas envolvendo os seus descendentes.
Por falar em controvérsias, a rainha precisou se desdobrar para manter a reputação dos Windsor diante dos deslizes do clã. A separação de Charles e Diana (1961–1997); o desligamento do príncipe Harry (37) e sua Meghan Markle (40) das funções reais e as posteriores acusações de racismo; as denúncias de abuso sexual contra o príncipe Andrew, além dos deslizes e casos amorosos da irmã, a princesa Margaret (1930–2002), tiraram o sono de Vossa Majestade. “Como todas as melhores famílias,
temos nossa cota de excentricidades, de jovens impetuosos e rebeldes e de desacordos. Na verdade, não precisamos nos levar tão a sério”, ressaltou ela, sem perder o equilíbrio e a popularidade entre os súditos.
Para a rainha, o período mais turbulento, sem dúvida, foi 1992, o ano em que ela mesma definiu como annus horribilis. Na ocasião, além de Charles, Anne e Andrew também anunciaram o fim de suas uniões e abalaram a monarquia. “1992 não é um ano em que olharei para trás com prazer. Às vezes, me pergunto como as gerações futuras julgarão os eventos desse tumultuado ano”, apontou ela, que uma década antes, em 1982, também provou ter sangue frio com Michael Fagan, um pintor de 31 anos que invadiu o Palácio de Buckingham e entrou em seu quarto enquanto dormia. Calma, a nobre conversou com o intruso por 10 minutos, até conseguir acionar a guarda real.
A soberana cumpriu com esmero seu papel de matriarca e acolheu com receptividade os novos integrantes do clã. Eleita de Charles, Camilla Parker Bowles (74) é o maior dos exemplos. Amargando baixa popularidade entre os súditos, que a culpavam pelo fim da união do príncipe com a eterna Lady Di, a duquesa da Cornualha ganhou apoio incondicional da rainha e, aos poucos, viu sua imagem se consolidar positivamente. “É meu desejo sincero que, quando chegar a hora, Camilla seja conhecida como a rainha consorte”, pediu.
Quem também conquistou o coração da nobre foi Kate Middleton (40), a eleita de William (39), segundo na linha de sucessão ao trono. “Ela sempre foi muito generosa comigo. É carinhosa e tenta cuidar de todos à sua volta”, falou a duquesa de Cambridge e mãe de George (8) — terceiro na linha de sucessão —, Charlotte (6) e Louis (3). Os sete netos e os 12 bisnetos, aliás, são motivos de orgulho para Elizabeth.
Coruja, ela tinha por hábito presentear as crianças a cada encontro e é carinhosamente chamada de Gan-gan pelos pequenos. “Ela é a rainha, mas por trás das portas é nossa avó! E apesar de ser ocupada, sempre teve tempo para nós”, frisou Harry. “Na infância, era assustador saber que minha avó era a rainha, mas nossa relação foi se estreitando e ela se tornou minha referência”, emendou William.