Em entrevista à CARAS Brasil, Gahbi celebrou representatividade em Elas por Elas e contou novos projetos
Na pele de Polvilho em Elas por Elas, Gahbi não esconde a felicidade em fazer parte da novela da Globo. Em entrevista à CARAS Brasil, o ator não-binário revelou a "forma inesperada" com a qual entrou para o elenco e ainda celebrou a diversidade na trama.
Foi ao lado da mãe, Vera Adelaide, que o ator assistiu a uma peça estrelada por Marcos Veras no Rio de Janeiro e avistou a diretora de Elas por Elas, AmoraMautner, ao fim do espetáculo. Gahbi relembra que ficou tímido em falar com a artista.
"Minha mãe tinha sumido, quando eu a encontro ela estava conversando e rindo com a Amora. Fiquei todo nervoso [risos]. Quando cheguei lá eu brinquei: 'Até 2025 vou fazer uma novela sua'. E ela respondeu: 'Por que não faz a próxima?'", conta.
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Gahbi pegou os contatos, fez testes, entrou com uma participação e viu seu personagem crescer até se tornar parte do elenco, no núcleo de Renée (Maria Clara Spinelli). Hoje, com a novela no ar, ele exalta as características do personagem —braço direto da protagonista.
"O Polvilho é uma figura, muito observador e comunicativo. Apesar de todo o drama, o jeito dele natural acaba trazendo esse tom de humor, como um traço de esperança". Gahbi também celebra a diversidade presente no elenco da novela, e ressalta a importância do movimento para o audiovisual.
Para ele, a comunidade LGBTQIA+ era representada de forma pejorativa na televisão. Com o passar dos anos, isso foi mudando, porém, não pode se tornar apenas uma tarefa a ser cumprida. "O audiovisual e a dramaturgia perceberam que nós existimos e precisamos contar as nossas e outras histórias através da nossa existência."
Além do trabalho em Elas por Elas, Gahbi também é humorista e interpreta personagens na web, como sua drag queen Gabriella Pimentel. Para o futuro, o artista está cheio de projetos e pretende trazer ainda mais conteúdos para seu Instagram, que já conta com mais de 20 mil seguidores.
"Tenho uma porção de coisas para lançar, a galera vai me ver em muitos lugares. Gravei uma personagem na série Fim, da Fernanda Torres, para o Globoplay; também gravei Matches, para a Warner; fiz a série policial Réus, em Brasília, e sou um dos protagonistas; acabei o filme Mãe Fora da Caixa, com a Miá Mello e o Danton Mello", conta. "Que venha mais!".
Noveleiro de carteirinha, Gahbi começou a assistir os folhetins ao lado da mãe, Vera, e da avó —que faleceu em 2015. O artista nasceu em Brasília, onde se formou em Letras, pela Universidade de Brasília (UnB), e ficou até o ano de 2013, quando começou o teatro e decidiu se mudar para o Rio de Janeiro.
Gahbi afirma que, apesar de ter se entendido como uma pessoa não-binária recentemente, a descoberta reflete sua vida inteira. No ano passado, o artista ficou conhecido ao se tornar a primeira pessoa não-binária a conseguir a retificação de gênero em uma ação individual no Distrito Federal.
"[Foi] graças principalmente a minha mãe, ela me deu um apoio incondicional", diz o artista, que relembra uma frase marcante que ouviu da mãe. "Ela disse: 'Mesmo sem entender o que é ser não-binário, se é o que o meu filho é, então eu vou apoiar'."
Após conseguir a retificação de gênero, Gahbi optou por divulgar a decisão. Apesar de ter visto muitos discursos de ódio com sua notícia, ele afirma que conseguiu certa abertura através do diálogo, e que sua história pode ajudar outras pessoas não-binárias, já que descobriu a possibilidade da retificação de gênero durante sua pesquisa e processo de entendimento.
Gahbi também explica que atende pelos três pronomes: masculino, feminino e neutro. "Essa coisa dos pronomes é curiosa, porque desde pequeno as pessoas se referiam a mim no masculino ou feminino. Hoje, como eu tomo posse do meu gênero e do meu entendimento e atendo pelos três pronomes, isso provoca alguma coisa nas pessoas."
Por fim, o artista ainda ressalta que espera que seu trabalho na TV possa ajudar outras pessoas no processo de descoberta. "Eu sempre soube que eu era uma bicha afeminada, mesmo quando não entendia o que era e sofria muito preconceito e bullying. Me compreender como não-binárie é uma descoberta recente, mas que fala de uma vida toda."
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