No ar na Globo com a reprise de Tieta, Rogéria se despediu da televisão em 2015 e deixou legado para artistas da comunidade LGBT+
Publicado em 22/03/2025, às 07h00
A artista Rogéria, que está no ar na Globo como Ninete na reprise de Tieta (1989), morreu em 2017, aos 74 anos, em decorrência de um choque séptico. Pioneira da comunidade LGBT+, Rogéria foi um dos grandes nomes da televisão brasileira e abriu espaço para pessoas homossexuais e trans na teledramaturgia nacional, em frente e atrás das câmeras.
Rogéria iniciou sua carreira nos bastidores, como maquiadora na extinta TV Rio. Foi nesse ambiente que encontrou seu espaço no meio artístico e ganhou notoriedade pelo seu talento. Sua transição para os palcos ocorreu quase naturalmente: incentivada pelos próprios artistas que maquiava, estreou em casas noturnas de Copacabana nos anos 1960.
Dona de uma personalidade marcante e bom humor, a artista garantiu sua ascensão como performer e atriz, mesmo como uma mulher trans na década de 1960 - um desafio ainda mais árduo do que o enfrentado nos dias de hoje.
Apesar da falta de apoio e aceitação da família, Rogéria nunca se deixou abalar. Ela se autodefinia como "a travesti da família brasileira", trazendo um tom bem-humorado para a discussão sobre identidade e visibilidade. Ao longo das décadas, consolidou uma carreira multifacetada: atuou no cinema, na televisão e no teatro, além de ser figura frequente em programas de auditório.
Em 1979, foi reconhecida com o Troféu Mambembe por sua performance ao lado de Grande Otelo () no espetáculo O Desembestado. No samba, teve sua presença aclamada como coreografa da comissão de frente da São Clemente, vivendo Maria I de Portugal em um desfile que debateu a vinda da família real ao Brasil.
Mesmo diante do preconceito, Rogéria conquistou um espaço de respeito na televisão e na cultura pop brasileira. Sua presença nos programas de auditório, de Chacrinha a Luciano Huck, ajudou a aproximar e dar visibilidade às artistas transformistas e travestis.
Em 2017, Rogéria foi internada devido a uma infecção generalizada e, posteriormente, por um quadro de infecção urinária. Com a idade avançada, seu quadro clínico se agravou após uma crise convulsiva que se seguiu por um choque séptico. A artista não resistiu e morreu em 4 de setembro de 2017, aos 74 anos.
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