Ator veterano da Globo que está no ar no canal Viva com a reprise de Roque Santeiro morreu após sofrer um infarto fulminante durante a noite
Publicado em 12/04/2025, às 07h00
José Wilker, que está no ar em reprise do canal Viva como Luis Roque Duarte, protagonista homônimo de Roque Santeiro (1985), morreu dormindo aos 69 anos. Conhecido por diversos papéis de sucesso na televisão brasileira, o veterano da Globo sofreu um infarto fulminante durante a noite e foi encontrado sem vida pela companheira. Relembre a carreira e despedida do artista.
Nascido em Juazeiro do Norte, no Ceará, em 1944, José Wilker deu os primeiros passos artísticos ainda na adolescência, fazendo figurações em teleteatros locais. Com uma vocação que ia além da atuação, ele se envolveu com movimentos culturais ligados à educação popular e ao teatro político.
Aos 23 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro com a intenção de estudar Sociologia, mas logo abandonou a universidade para seguir o caminho das artes cênicas. Wilker conquistou o respeito da crítica no teatro, onde brilhou em papéis de peso e recebeu o Prêmio Molière de Melhor Ator em 1970. Foi a partir dali que ele chamou a atenção da televisão. Seu primeiro grande papel veio em Bandeira 2 (1971), novela de Dias Gomes (1922-1999).
Em 1975, ganhou projeção nacional como Mundinho Falcão, em Gabriela. Daí em diante, alternaria personagens densos e populares com igual maestria, se tornando referência de versatilidade e carisma.
A consagração definitiva veio com Roque Santeiro, onde José Wilker deu vida ao personagem-título em uma obra que marcou época por sua crítica política, sátira social e alcance popular. Seu desempenho era magnético: ao mesmo tempo, herói e lenda, o Roque criado por Dias Gomes ganhou carne e alma com Wilker. A novela se tornou um divisor de águas na teledramaturgia e consolidou o ator como ícone nacional.
Nos anos 2000, ele voltou a brilhar com o inesquecível Giovanni Improtta, de Senhora do Destino (2004), com bordões que caíram no gosto popular. “Felomenal” e “O tempo ruge e a Sapucaí é grande” viraram parte da cultura pop brasileira.
Para além dos palcos e das câmeras, José Wilker era também diretor e crítico de cinema. Em meados dos anos 1980, foi convidado a comandar a dramaturgia da TV Manchete, onde atuou como gestor, diretor e até recrutador de talentos. Embora os índices de audiência não tenham sido os esperados, sua gestão ajudou a profissionalizar e elevar o padrão artístico da emissora.
Wilker também deixou sua marca no cinema, com atuações em clássicos como Dona Flor e Seus Dois Maridos e Bye Bye Brasil. Participou ativamente da produção de Guerra de Canudos e emprestou sua voz e presença a obras marcantes até o fim da vida. Seu último papel na TV foi em Amor à Vida (2013), como o médico Herbert Marques, e seus dois últimos trabalhos no cinema foram lançados postumamente: O Duelo (2015) e a animação As Aventuras do Pequeno Colombo (2017).
Na manhã de 5 de abril de 2014, o ator morreu dormindo. A tragédia aconteceu de forma repentina — ele havia deixado um ensaio da peça O Comediante, que dirigia, horas antes de falecer. A causa de morte foi um infarto fulminante durante a noite. O artista morreu ao lado da companheira, a jornalista Claudia Montenegro, que o encontrou já sem vida ao acordar de manhã.
Leia também: Há nove anos, primeira cena de sexo entre homens foi ao ar na TV aberta com novela da Globo