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Zabelê abre seu refúgio no Rio: "Aqui me conecto"

Cantora realça legado familiar, mas marca posição na música

CARAS Digital Publicado em 31/07/2015, às 08h02 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Zabelê em sua casa - Cadu Pilotto
Zabelê em sua casa - Cadu Pilotto

Em Araras, região serrana do Rio, a cantora Zabelê (40) contempla a beleza do local que chama de “refúgio”. “Sou filha de pais hippies, preciso de um banho de cachoeira. Aqui, me conecto com o céu, sinto a presença de Deus. Nisso puxei à minha mãe, que sempre teve um lado espiritual forte. Mas não tenho religião, viajar, vir para o mato, é minha religião”, diz a segunda dos seis filhos de Pepeu Gomes (63) e Baby do Brasil (62) e a mais parecida fisicamente com a mãe. Em meio ao verde, a artista fala, animada, sobre os preparativos da turnê do primeiro trabalho solo, o CD Zabelê, que inicia em setembro, por SP, e conta que se desconstruiu para mostrar a que veio. Depois de formar com as irmãs Sarah Sheeva (42) e Nãna Shara (38) a SNZ, girl band que terminou em 2010, saiu de cena até começar a gravar, no ano passado, o álbum. “Comecei vida nova, porque, para mim, é um renascimento, outro momento, é minha carreira solo”, analisa a cantora, que registra essa fase em um site (www.zabeleoficial.com.br). No álbum,  ela está com a voz mais contida e intimista, remetendo a Baby no início da carreira, ideia do produtor musical e amigo de pátio de escola Domenico Lancellotti (43). “Mas acho que meu jeito de cantar é muito do meu pai, essa coisa meio baiana de picotar a letra”, afirma. Antes de se reunir com Guilherme Lirio (22), Iuri Brito (21), Pedro Fonte (23) e Thomás Jagoda (22), da banda Exército de Bebês, para mais um ensaio, Zabelê, que admite adorar bater papo, falou da família, gênese de sua musicalidade, e da nova fase e contou lembrar-se “só de fotos” do Cantinho do Vovô, mítico sítio no Rio onde os pais, então Novos Baianos, viviam em comunidade.

– A música é um legado?
– Sem dúvida, uma herança musical de ouro. Eu e minhas irmãs cantamos, meu irmão Pedro toca. Os mais novos, Krishna e Kriptus, são DJs. Mas meus pais nunca me influenciaram, queriam que escolhesse o que me desse vontade de fazer. O incentivo já estava em vê-los. Meu pai tinha um estúdio atrás de casa, no Jardim Botânico.  A gente acordava e queria ir lá. Cada um pegava um instrumento. Um dia, saiu o Rock das Crianças: “Eu sonhava com uma casa/linda casinha mágica/era feita de sorvete/creme e chocolate...” Minha casa era o melhor lugar do mundo, saí de lá aos 17 anos para estudar dança em Nova York, incentivada pelos meus pais.

– Do sítio dos Novos Baianos, não tem recordações?
–  Só de fotos, eu de colo e minha mãe estendendo roupa, eu de fralda na bateria do meu tio Jorginho... A casa era dividida com cortinas de pano, um banheiro para 25 pessoas... Não viveria em um sítio comunitário, viveria aqui, cada um no seu quarto. (risos) Em casa, ninguém foi igual aos meus pais, somos mais pé no chão.

– E o que o público vai ouvir no CD, ver na sua turnê?
– Uma Zabelê mais natural.  O CD tem pegada zen, um som orgânico. Mostro minhas influências de forma leve. Há a Zabelê MPB, a mais Bahia, a romântica e pop. As composições são de gente boa da nova geração, Luísa Maita, Alberto Continentino, André Carvalho, filho do Dadi, dos Novos Baianos, Kassin, Domenico. Me orgulho de ter sido do SNZ, mas é outro momento.

– O que fez após o fim do SNZ?
– Parei para respirar. Convivia com música 24 horas desde sempre. Então, esses espaços são importantes, oxigenam, a gente para e pensa. Quero me encontrar musicalmente, ter minha assinatura. Não é o deslumbre de começar uma carreira, conheço essa estrada. O Domenico me resgatou no sentido de trazer as minhas raízes, porque me conhece há muitos anos.

– Suas irmãs e mãe são evangélicas, mas você não tem religião.
– Nunca me identifiquei com nenhuma. Identifico-me com a natureza, onde me conecto com Deus, porque acredito nele, mas não no Deus da obrigação.

– Está casada há 20 anos com o fotógrafo Sérgio Menezes. Não pensa em ter filho?
– Não tive, mas penso. São outras prioridades, é outra geração. Meus pais tiveram seis filhos juntos e, por enquanto, uma neta, Rannah Sheeva, filha da Sarah.