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Jair Oliveira relembra um ano da morte do pai, Jair Rodrigues

O cantor faleceu em sua casa no dia 8 de maio de 2014

CARAS Digital Publicado em 08/05/2015, às 14h21 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Jair Rodrigues e Jair Oliveira - Facebook/Reprodução
Jair Rodrigues e Jair Oliveira - Facebook/Reprodução

Exatamente um ano após a morte de Jair Rodrigues, Jair Oliveira falou sobre a saudade que sente do pai e como a família superou a dor.

"Hoje, 08/05/15, faz um ano desde que meu querido pai foi cantar e sorrir por outras bandas. Parece que o tempo passou depressa. Mas não posso reclamar de nada! Pois o tempo tem sido generoso comigo e com minha família. Se você aceita aprender, ele te ensina muitas coisas importantes e inteligentes nesta vida. E aqui vai, em forma de homenagem à data, um texto que escrevi em maio de 2014. Descanse e sorria em paz, meu velho! Sempre", escreveu o cantor.

Na sequência, publicou o texto intitulado "O Sorriso do Tempo":

Acreditamos muito na sensação de que controlamos o Tempo. Nesta ilusão idiota, fingimos que o dominamos ao imaginar que o temos sempre devidamente aprisionado em nossos pulsos, em nossas paredes e em nossos telefones móveis “inteligentes”. Os números rodam impiedosa e incessantemente, e mesmo assim nos convencemos de que temos as horas, os minutos e os segundos sob controle.

Adiamos carinhos, postergamos cuidados, atrasamos sorrisos, tudo na certeza de que vai dar tempo. Ou que TEREMOS tempo para tudo. Pessoas vivem convictas de que têm tempo de menos ou tempo de sobra. Todos TEMOS tempo sem notar que, na realidade, é o Tempo que nos tem presos a seu pulso. E ele pulsa. Sem parar, pulsa; com uma agilidade que nos impressiona e fragiliza. Constatamos, porém, que ninguém tem nada do tempo a não ser o tanto que dele se aproveita. E se não temos o poder de controla-lo, ao menos conseguimos ter a escolha do que fazer com o pouco tempo que o Tempo nos concede nesta vida.

Jair Rodrigues decidiu abraçar seu tempo com um sorriso. Um sorriso largo que, se não conseguiu enlaçar todo o Tempo, ao menos alegrou sua vida o tempo todo. Aproveitou cada minuto como se estivesse conhecendo o mundo pela primeira vez. Assobiava e cantava para saudar cada dia que nascia, fosse ele nublado, chuvoso ou ensolarado. Não era, de maneira alguma, um homem perfeito, mas dominou com perfeição a dificílima arte do sorriso fácil. E com ele estampado no rosto, espalhou alegria e humildade por onde cantou e passou.

Eu agradeço ao Tempo e a meu querido pai pelos anos de aprendizado e diversão aqui nesta nossa efêmera aventura na Terra. Uma gratidão especial, pois tive a sorte de receber de “Jairzão” a vida no momento da fecundação e outra novinha em folha através de sua música. Ou seja, meu pai, em sua enorme generosidade, me concedeu a vida por duas vezes! Talvez poucos filhos tenham esta mesma sorte! Sorrimos juntos, cantamos juntos, nos abraçamos, conversamos e, acreditem, até já choramos juntos. E tivemos tempo; ou melhor, aproveitamos bem o tempo juntos. Consegui lhe dizer tudo o que realmente importava, o quanto o amava e o quanto admirava sua alegria contagiante. Consegui lhe ajudar a realizar projetos musicais incríveis, colocando sua euforia em gravações que, juntamente com sua extensa e importante obra, eternizam sua voz para tudo e todos. Consegui... Aproveitei...

É... Ninguém tem tempo; o Tempo é que nos tem a todos. Ele passa rápido e não se detém por absolutamente nada. Passa... Mas tenho a sensação de que talvez, o único momento em que o Tempo, em sua caminhada frenética, se distraiu por algum motivo, foi ao ver o brilho do sorriso do Jair pulsando a todo instante. Provavelmente não parou, mas diminuiu a velocidade para sorrir junto com o sorriso que nem o tempo apaga.