Com conceito filosófico inspirado em mulheres, o estilista Zuhair Murad desenvolveu desfile repleto de referências e cores obscuras em sua nova fase
Publicado em 02/08/2024, às 17h00
O estilista libanês Zuhair Murad (53) promoveu uma reflexão sobre o poder feminino em sua mais recente coleção de alta-costura. Para dar vida à ideia, o designer buscou sua inspiração nas forças da natureza, usando de paralelos e de metáforas como as florestas que ressurgem das cinzas depois das queimadas ou como as leoas feridas que continuam a correr pelas savanas.
Os conceitos de cura, resiliência e ressurgimento também são explorados por Murad por meio do ideal mais puro de beleza, que aqui é vista em seus exímios e conhecidos bordados e aplicações elaborados que promovem uma experiência verdadeiramente contemplativa. A mulher idealizada pelo estilista pode se apresentar de diversas formas e possuir personalidades distintas, mas sua visão passional sobre a vida é a que lhe interessa.
As graduações dos sentimentos femininos são representadas aqui pelo trabalho em degradê e pela mistura da transparência com a densidade de materiais robustos; as cicatrizes, especialmente as emocionais, são retratadas na coleção pelos bordados e pedrarias aplicados em formas abstratas que remetem aos cacos de um espelho quebrado.
A coleção mostra um lado mais obscuro do estilista, que trabalhou com tons mais profundos, com matéria-prima pesada e com as aplicações mais conceituais do que representativas, como nas coleções anteriores. E isso se dá justamente pela inspiração de caráter menos literal e mais filosófico que acometeu o estilista nesta temporada, voltada para a complexidade da formação do que é conhecido como poder feminino.