O professor João Braga lança o livro “Um Século de Moda” e, em entrevista à CARAS Fashion, destaca Alexandre Herchcovitch, André Lima, Lino Villaventura e Ronaldo Fraga como estilistas que buscam trabalho autoral e valorizam identidade brasileira. Confira!
A moda brasileira gera emprego e divisas. Mas, na visão do professor João Braga, ela é mais do que um setor econômico. “A moda valoriza a autoestima e nos deixa mais sensíveis. Ela ajuda até em questões de ordem pública: quando as pessoas estão bem, há menos violência”, disse em entrevista à CARAS Fashion o autor do livro Um Século de Moda, que será lançado no dia 20 de maio (segunda-feira), na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo.
Considerado um dos maiores especialistas brasileiros no assunto, Braga é professor de História da Moda e História da Arte na FAAP, na Faculdade Santa Marcelina e na Casa do Saber, e já publicou outros cinco livros sobre o mundo fashion. Na nova publicação, a ideia é apresentar e contextualizar de forma didática os fatos mais relevantes sobre a moda no século 20. “O brasileiro precisa ter acesso à cultura de moda, entender seus valores. E isso envolve design e até tecnologia. O estudo é importante em qualquer área, e não é diferente com a moda”, afirma. Para levar essa informação ao grande público de forma ainda mais clara, Braga conta que o layout das páginas seguem a estética de cada época abordada: as da década de 1910 têm estilo art nouveau, as de 1930 art déco e as dedicadas aos anos 1960 são mais psicodélicas, por exemplo.
No livro, o especialista relaciona fatos marcantes como a criação do termo ‘alta-costura’ em 1910, pela Câmara Sindical da Alta-Costura Parisiense, a fundação da Pernambucanas e da Lacoste, a entrada de John Galliano na Dior e de Alexander McQueen na Givenchy, a abertura da boutique Colette em Paris, a patente do soutien, além da criação da FENIT e da Academia Brasileira da Moda. E destaca o surgimento do ready-to-wear, que regeu todo o comportamento fashion nos últimos 100 anos. “Foi no século 20 que a seletividade da alta-costura cedeu lugar à democratização do prêt-à-porter”, lembra. Braga ressaltou, ainda, a importância da estilista Zuzu Angel na moda brasileira. “Ela foi a primeira a imprimir identidade nacional a seu trabalho, na década de 1970, em plena ditadura militar”. E citou nomes que, como Zuzu, buscam um trabalho autoral inspirados na essência brasileira. “Alexandre Herchcovitch, André Lima, Lino Villaventura eRonaldo Fraga representam essa geração que cria uma moda autoral. Você olha a roupa e já sabe de quem é”, diz. “Hoje há uma busca intensa pela identidade nacional. Já conseguimos isso na música, na arquitetura e na gastronomia. Falta a moda”, acredita Braga.
O livro Um Século de Moda tem prefácio escrito pela jornalista Gloria Kalil e é patrocinado pela loja virtual Lets, em parceria com a FAAP.