Pai de Michael contou como criou o filho, insistiu que ele foi assassinado e expôs a intimidade do clã
Observador e, apesar de brincalhão, calado. São essas características que traduzem, à primeira vista, Joe Jackson (89), pai do rei do pop, Michael Jackson (1958-2009).
Polêmico, já foi muito criticado pela forma como educou os nove filhos, ele visitou a Ilha de CARAS em 2010 em um momento em que só pensava em tirar o passado a limpo. E muito de sua trajetória e luta estão resumidas no livro O Que Realmente Aconteceu a Michael Jackson. A obra, escrita pelo promotor de shows e amigo da família Leonard Rowe, já vendeu um milhão de exemplares nos EUA. "Tenho certeza de que os fãs dele no Brasil vão descobrir a verdade e saber que ele foi assassinado", afirma 'velho Joe', como é chamado pelos mais íntimos.
No título, ele sustenta a teoria de que o filho foi vítima de uma conspiração, envolvendo a gravadora Sony Music, o médico Conrad Murray (57) e a produtora AEG Live, responsável pelas apresentações que o cantor faria na O2 Arena, em julho do ano passado, em Londres.
O tema deixa os olhos verdes do patriarca marejados, ainda mais quando fala dos netos, Prince (13) Paris (12) e Prince Michael II, o Blanket (8), herdeiros do astro. "Eu os amo. Todos são muito carinhosos comigo", avisa.
Mas o envolvimento com a causa não ofusca um estilo que parece estar no DNA do clã. "Sou um homem da moda", afirma, assumidamente vaidoso, com inseparáveis chapéu panamá e cordão de ouro.
Veja a entrevista na íntegra:
- Por que escolheu o Brasil para lançar o livro após os EUA?
- O Brasil é um ótimo país. As pessoas aqui são muito amigáveis, calorosas e receptivas. Michael tinha um imenso carinho pelo povo deste belo país. Acho que eles merecem descobrir o que realmente houve com seu ídolo.
- O senhor está certo de que o Dr. Murray é culpado?
- Ele foi apenas mais um. Existe muita gente poderosa por trás. Pessoas que o pagaram para fazer o que ele fez com Michael. Ele tinha autorização para medicá-lo fora do hospital, mas não com o anestésico Propofol. Essa condição foi um álibi para ele. Michael detinha os direitos de milhares de músicas, um catálogo valiosíssimo que ele queria deixar para os filhos.
- Quem são esses poderosos?
- Está explicado no livro.
- O senhor acha que foi um bom pai para seus filhos?
- Vamos começar do início. Criei nove filhos em uma época em que homens trabalhavam e deixavam as crianças com a mãe. Para ser capaz der sustentar e prover todos, durante muito tempo tive dois empregos. E consegui. A cidade em que nasceram, Gary, era muito violenta, com alto índice de criminalidade. Precisava ser rígido. Queria que eles estivessem sempre por perto, para evitar certas influências. E, graças a isso, nunca fizeram nada de errado. Todos se transformaram em pessoas de bem. Então, sim, eu fui um bom pai.
- Mas, em algum momento, teria sido um pai agressivo?
- Criei meus filhos conforme se fazia naquela época. E se eles se tornaram do bem, foi uma boa criação. Apenas dava umas palmadas quando se comportavam mal.
- Qual é a recordação mais carinhosa que guarda de Michael?
- A melhor... Quando ele sorria para mim. Ele estava sempre com um sorriso no rosto. Também me lembro da época em que varávamos a noite falando sobre música.
- Qual foi a primeira coisa que passou por sua cabeça quando recebeu a notícia da morte?
- Uma tristeza profunda. Soube depois que, antes de Michael morrer, tentou falar comigo. Mas estava viajando, ele não conseguiu. Não sei o que queria me dizer...
- Por que todos seus netos moram com o senhor e sua esposa?
- Assim ficam mais próximos. É bom para todos. Katherine cuida muitíssimo bem das crianças
- Qual é o mais apegado?
- Todos, mas Paris é mais. Ela costuma dizer que tem os meus olhos... É uma menina muito doce. Quer ser atriz quando crescer. Será uma grande profissional. Prince diz que vai jogar futebol e Blanket, o próximo Michael Jackson.
- Há espaço para romantismo em uma união de 60 anos?
- Olha, sinceramente... Já nem lembro há quanto tempo Katherine não me beija. É a resposta mais verdadeira que posso dar (risos).
- Qual sua maior vaidade?
- Gosto bastante de moda e de andar muito bem arrumado.
- Tem medo de alguma coisa?
- Não tenho medo de nada, nem de ninguém. Nem da morte... Todos vamos morrer um dia.
- Michael foi seu ídolo?
- Ele era uma estrela. A maior que o show business já teve.
- Tem uma música preferida?
- Pelo conjunto da obra, Thriller. Foi marcante, revolucionária.
- O que gostou no Brasil?
- Da beleza natural e das pessoas.
- O dinheiro do livro vai para a Fundação Jackson Family?
- É um trabalho que possibilita que minha família cuide de outras famílias no mundo. É para ajudar pessoas pobres.