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Leila Cordeiro dá lição de superação e vigor

Após perda de Eliakim Araújo, jornalista vence a dor, investe nas artes e refaz o coração

por Tamara Gaspar Publicado em 01/02/2017, às 08h09

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Em Alphaville, ela narra como superou perda do eleito, com quem formou o 1º casal de âncoras da TV - ROGERIO PALLATTA
Em Alphaville, ela narra como superou perda do eleito, com quem formou o 1º casal de âncoras da TV - ROGERIO PALLATTA

Aos 60 anos, Leila Cordeiro é a prova de que nunca é tarde para se reinventar. Há seis meses, a jornalista precisou enfrentar uma das maiores adversidades de sua vida: a perda do companheiro, o também jornalista Eliakim Araújo, que morreu aos 75 anos vítima de um câncer, e com quem formou o primeiro casal de âncoras da TV brasileira. Após 32 anos de união, sendo 17 deles à frente das bancadas dos noticiários, Leila se viu obrigada a mergulhar em um novo ciclo. “A única certeza da vida é a morte e, ainda assim, é a única para a qual a gente nunca está preparada. Foi tudo muito difícil, mas chegou um momento que parei e pensei: ‘Tenho duas opções, ser feliz ou ser feliz’. Eu precisava sobreviver”, relata Leila, radicada há 20 anos em Fort Lauderdale, na Flórida, onde pilotou com o amado o primeiro canal internacional de notícias em língua portuguesa, na CBS, e educou os filhos, Ana Beatriz (33) e Lucas (24).

A virada de página começou com o celular. “Saí às ruas e fiz vídeos, entrevistas e postei nas redes sociais. Revivi meus tempos de reportagem e percebi que as pessoas se lembravam de mim. Me senti viva”, revela, durante passagem pelo Brasil. Com a injeção de ânimo, resgatou uma antiga paixão, as artes. “Foi a forma que encontrei de me reinventar. Minha imagem e a do Eliakim eram ligadas. Quando ele se foi, fiquei perdida. Precisava me desvincular da figura do casal”, diz. Em maio, ela inaugura grife no Brasil, a Leila Cordeiro Arte & Cores, que inclui óculos e moda praia estampados com suas pinturas.

Nesse período de transformação, ela também retomou hábitos do passado. “Voltei a entrar em uma academia depois de 40 anos e até aula de zumba fiz!”, diverte-se, com bom humor. “O sentimentalismo nos atrasa. A tristeza passou e o que ficou foi o respeito, a saudade e a certeza de ter vivido uma vida plena, de amor e carinho ao lado dele.”

Passada a turbulência, o destino ainda lhe reservou uma surpresa: o reencontro com o médico Wilson Pariz (67), de quem chegou a ficar noiva aos 18 anos. “Na época, acabamos seguindo caminhos diferentes, mas eu tinha feito até enxoval!”, lembra Leila. O primeiro contato aconteceu pela internet. “Ele mora no Rio e quis saber como eu estava após a perda. Iniciou como uma amizade e, aos poucos, se transformou em um sentimento, mais maduro do que aquele da juventude”, conta, animada com a retomada da antiga relação. “Estava relutante, pois sentia que iria trair o Eliakim. Minha cabeça pirou, mas Wilson me mostrou que eu precisava continuar a viver e ser feliz”, pontua.

Foi tudo muito rápido...
Do diagnóstico até a morte do Eliakim foram 45 dias. De certa forma, ele ganhou um prêmio, pois era ativo e admirado por todos e foi essa imagem que ficou. Ele brincava que achava uma posição humilhante ficar em um caixão, porque não podia se defender. Em nenhum momento perdeu o bom humor e morreu com dignidade, cercado pela família.

Vai deixar o Jornalismo?
Jornalismo é a minha identidade. Escrevo em meu site, o que ajuda a manter essa essência. Também penso em escrever um livro falando sobre minhas histórias, o que não deixa de ser uma forma de preservar a identidade.

E se vier convite para TV?
Não posso fechar portas. Sou profissional de TV, é a minha base. Adoraria uma oportunidade. Mas nada fixo, afinal, preciso viajar e aproveitar a vida. Mereço!

Ainda há espaço no Brasil?
O País esquece da experiência das pessoas e prioriza os jovens. É a tendência da mídia brasileira, mas respeito. Sou realista, não vou mudar e colocar um monte de botox para estar na bancada.

Trocaria os 60 pelos 20?
Jamais. As rugas fazem parte da minha história, das experiências e da minha identidade.