Quem defende a placentofagia - o ato de comer placenta - afirma que o órgão contém propriedades capazes de amenizar a depressão pós-parto e estimular a produção de leite. Mas não existe comprovação científica dos benefícios. Confira!
Kim Kardashian - para variar! - entrou em uma nova polêmica envolvendo a sua gravidez: após o parto, a socialite quer tentar comer sua placenta (órgão formado no interior do útero que permite, por meio do cordão umbilical, a troca de nutrientes entre mãe e filho). Kim acredita que a ingestão do órgão pode deixá-la com aparência mais jovem. Mas, provavelmente, está enganada! Não existem evidências científicas de que a placentofagia faça bem à saúde humana. Em contrapartida, também não há registros de que a prática ofereça algum risco, desde a mãe coma a própria placenta, com o seu sangue.
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A placenta contém nutrientes que fazem bem à mulher durante a gestação e amamentação, como a prostaglandina, que estimula a involução do útero, a oxitocina e o hormônio lactogênio placentário, que estimulam a produção de leite. No entanto, não é preciso comer a placenta para ingerir tais substâncias. “A placenta, depois do parto, contém baixas quantidades do hormônio. Não adianta comer. Todas as substâncias que a placenta produz já circulam no sangue da mãe durante toda a gravidez. O órgão é uma rede de vasos sanguíneos que se comunicam com a rede de vasos materna e transportam os hormônios”, diz Rita Sanchez, especilista em medicina fetal do Hospital Israelita Albert Einstein.
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Sob a alegação de que comer a placenta ajuda aliviar os sintomas da depressão pós-parto, auxilia na produção de leite e devolve nutrientes perdidos durante a gravidez, a psicóloga americana Jodi Selander começou um movimento a favor da placentofagia em 2005, nos Estados Unidos, durante a sua segunda gestação. “Se a mãe tiver acompanhamento médico durante e após a gravidez, não vai ter deficiência de nutricional”, ressalta Rita Sanchez. Jodi criou um método de encapsulamento de placenta, que é desidratada, moída e colocada em cápsulas de gel. Os hormônios e nutrientes que a placenta oferece já estão no sangue. E ainda assim, o processo de encapsulamento poderia provocar perda de nutrientes.
De qualquer forma, há quem acredite ser melhor comer a placenta crua ou preparada com alguma receita. “O ato de mastigar a placenta já pode destruir as ‘propriedades nutritivas’. E o pior: o gosto é ruim. Como a placenta não tem células musculares, é bem dura”, destaca a especilista.Tom Cruise teria declarado a uma revista americana que comeria a o órgão cru. "Achei que seria bom, muito nutritivo. Vou comer o cordão umbilical e a placenta ali mesmo (depois do nascimento)." O ator negou a afirmação da publicação posteriormente. “Como os hormônios da placenta só beneficiam a mãe, não adianta um homem querer comer. Não vai ter nenhum benefício”, diz Rita. Para o neurocientista Mark Kristal, que estuda a placentofagia há 20 anos, as pessoas comem a placenta a partir da análise do comportamento dos animais. Os mamíferos comem a placenta e para não deixar rastro do nascimento do filhote.
Existem cápsulas e bebidas feitas à base de placenta animal (de porco e ovelha, por exemplo) que prometem ajudar no emagrecimento e na recuperação pós-parto. Mas esses produtos, sim, oferecem risco à saúde humana. Não há como saber se foram realizados testes sanguíneos na placenta antes do encapsulamento. “O sangue presente na placenta pode conter vírus e bactérias. Se o órgão é de outra pessoa ou de um animal e não é possível saber se existe alguma doença, não deve-se comê-lo, muito menos cru. Não existem benefícios na prática da placentofagia”, avalia Rita Sanchez.
Assista ao vídeo em que a psicóloga Jodi Selander defende a ideia de que a ingestão da placenta seja benéfica para a recuperação após o parto: