Apesar do que o nome sugere, a radiocirurgia é uma técnica de tratamento do câncer e de outras doenças que atingem o sistema nervoso e outros órgãos do corpo sem que sejam necessários cortes, anestesia ou internação em hospital. Nesta modalidade de tratamento, feixes de radiação precisamente direcionados fazem as vezes do bisturi, tornando o procedimento menos invasivo, bem tolerado pelo paciente e sem a necessidade de grandes mudanças em sua rotina, ao contrário do que ocorre nas cirurgias convencionais.
O procedimento pode ser realizado em uma única sessão ou em poucas frações por alguns dias, conforme o caso, com a mesma segurança para os pacientes. O resultado é comparável ao das cirurgias tradicionais. Mesmo pacientes que apresentem doenças que configuram risco elevado para uma operação convencional, como as cardíacas ou as pulmonares, ou usam medicamentos anticoagulantes, podem ser submetidos à radiocirurgia. De início a técnica era restrita a portadores de tumores cerebrais, malformações vasculares, neuralgia do trigêmeo — dor semelhante a um choque em uma metade do rosto — ou doença de Parkinson, mas hoje a principal área de uso da radiocirurgia é no tratamento de tumores que atingem o cérebro. Ela é indicada em especial para o tratamento de tumores metastáticos para o cérebro, malformações vasculares cerebrais, tumores benignos como meningiomas (nas membranas que envolvem o cérebro), neurinoma do acústico (tumor do nervo da audição) ou tumores da hipófise. Mas, com o desenvolvimento tecnológico, essa modalidade de tratamento pôde ser estendida a outras regiões do corpo, como a coluna, pulmões, fígado, pâncreas e próstata.
O grande avanço foi passarmos de uma época em que era necessária a imobilização do paciente utilizando pinos rígidos para a incorporação de uma tecnologia semelhante à que encontramos nos aparelhos de GPS que temos em nossos carros ou smartphones para guiar os feixes de radiação precisamente até a região doente, com margens de erro menores que 1 milímetro, preservando as regiões sadias.
O tratamento por radiocirurgia já está disponível nas mais importantes instituições de saúde do País e, de acordo com o erquipamento empregado, a rotina de tratamento tem variações. No tratamento típico no Centro de Oncologia da Rede D'Or, localizado no Hospital Quinta D'Or, em São Cristóvão, no Rio, o paciente é imobilizado na mesa robótica com uma "máscara" plástica, sem a necessidade de pinos, tornando o procedimento
minimamente invasivo. A mesa robótica é capaz de corrigir deslocamentos inferiores a 1 milímetro que são monitorados por sistemas de luz infravermelha, lasers e raios X. O tratamento dura minutos e o paciente é liberado para retornar a seu domicílio e pode retomar suas atividades habituais. O acompanhamento posterior é feito com exames periódicos. Iniciamos nossa atividade em radiocirurgia em 2009 e já tratamos centenas de pacientes. Atualmente, contamos em nossa instituição com o sistema de radiocirurgia Novalis, que utiliza essa técnica robótica e permite o tratamento com o mais alto nível de precisão e segurança para o paciente. Assim, com a participação de uma equipe multidisciplinar experiente, podemos oferecer um tratamento de qualidade comparável ao dos principais centros mundiais e do Brasil.