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Bem-estar e Saúde / CASO VOEPASS

Saiba como eventos traumáticos podem desencadear série de reações emocionais intensas

Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Leticia de Oliveira explica as consequências traumáticas do acidente aéreo e destaca a importância do apoio psicológico

Leticia de Oliveira
por Leticia de Oliveira

Publicado em 20/08/2024, às 12h54

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Acidente aéreo em Vinhedo, São Paulo, deixou 62 mortos - Freepik
Acidente aéreo em Vinhedo, São Paulo, deixou 62 mortos - Freepik

A recente queda do avião da VoePass em Vinhedo, São Paulo, deixou a comunidade local em choque e gerou uma onda de tristeza e ansiedade entre os moradores. Além da tragédia em si, os impactos psicológicos para os familiares das vítimas e a população em geral são profundos e demandam atenção especializada. Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Leticia de Oliveira, especialista em traumas, explica as consequências emocionais de um evento dessa magnitude e destaca a importância de suporte psicológico para todos os envolvidos.

De acordo com a especialista, eventos traumáticos como a queda de um avião podem desencadear uma série de reações emocionais intensas, tanto nas famílias das vítimas diretas quanto naqueles que assistiram ou tomaram conhecimento do ocorrido. "O choque inicial é inevitável, e o sentimento de incredulidade costuma ser a primeira reação. Em seguida, pode surgir uma mistura de tristeza, medo, culpa e ansiedade. Para muitas pessoas, esse tipo de evento pode resultar em estresse pós-traumático (TEPT), uma condição que se manifesta com flashbacks, pesadelos e uma constante sensação de alerta", explica.

Leticia enfatiza que mesmo aqueles que não estavam diretamente envolvidos no acidente podem sofrer com os impactos psicológicos. "Moradores da região, pessoas que conheciam as vítimas ou que acompanharam a notícia pelos meios de comunicação podem desenvolver sintomas de ansiedade e medo relacionado a viagens aéreas ou mesmo à sensação de segurança em geral", diz.

A psicóloga destaca a importância de oferecer apoio psicológico imediato às vítimas sobreviventes e às famílias das vítimas fatais. "O primeiro passo é garantir que essas pessoas tenham acesso a cuidados psicológicos de emergência, onde possam expressar seus sentimentos e começar a processar o que aconteceu. É fundamental que essas intervenções sejam realizadas por profissionais capacitados em lidar com traumas, para evitar o agravamento dos sintomas emocionais", orienta.

Leticia também recomenda que a comunidade de Vinhedo receba atenção especial. "Criar espaços de escuta e diálogo é crucial para que os moradores possam compartilhar suas angústias e encontrar apoio uns nos outros. Grupos de apoio e serviços de saúde mental devem estar à disposição para atender a demanda que certamente aumentará nos próximos dias e semanas", ressalta.

Além do atendimento psicológico imediato, a especialista aponta para a necessidade de acompanhamento a longo prazo. "O trauma de uma tragédia como essa não desaparece rapidamente. As pessoas envolvidas podem precisar de meses ou até anos de terapia para conseguir lidar com os sentimentos decorrentes do acidente. A reintegração à rotina também pode ser desafiadora, e é importante que essas pessoas sejam acompanhadas de perto", afirma Leticia.

A psicóloga alerta que, sem o devido tratamento, os impactos psicológicos podem evoluir para depressão, isolamento social e outros transtornos mentais. "O trauma, se não tratado, pode se transformar em algo ainda mais grave, comprometendo a qualidade de vida da pessoa e de sua família. Por isso, o acesso contínuo a terapias e a uma rede de apoio é essencial", conclui.