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Atualidades / SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA

Zezé Motta alerta sobre inclusão de negros nas novelas: ‘Muita luta ainda’

Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz, cantora e ativista Zezé Motta fala de representatividade negra ocupando papéis de destaque nas novelas

Thaíse Ramos e Valença Sotero
por Thaíse Ramos e Valença Sotero

Publicado em 24/08/2024, às 12h04

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Zezé Motta rompeu barreiras ao longo de seus 55 anos de carreira - Reprodução/Instagram
Zezé Motta rompeu barreiras ao longo de seus 55 anos de carreira - Reprodução/Instagram

A cantora, atriz e ativista Zezé Motta (80), considerada representante da cultura preta, especialmente entre o público feminino, tem testemunhado uma importante mudança no cenário das novelas brasileiras, com a crescente representatividade negra ocupando papéis de destaque. Em entrevista exclusiva à CARAS Brasil, a artista, intitulada a Rainha Negra do Brasil e que rompeu barreiras ao longo de seus 55 anos de carreira, comenta sobre essa atual transformação, que vem tentando romper estereótipos. "Muita luta ainda", alerta.

Zezé abre o coração e confessa que a falta de oportunidades no passado a irritava. “Porque quando as coisas deram certo (para ela), olhei em volta e falei: Cadê todo mundo? Éramos meia dúzia de negros em cena. Vamos colocar dez, no Brasil inteiro, em evidência. Dava para contar nos dedos quantos negros estavam em cena. Eu pensei: Gente, tem alguma coisa errada aí. E eu entrei nessa reflexão, cheguei ao porquê dessa quase invisibilidade do negro, na época, em cena. E aí, me deu essa vontade de brigar por isso”, conta a atriz.

Foi assim que em 1984, Zezé fundou o Centro de Informação e Documentação do Artista Negro, que visava promover artistas negros, de diferentes seguimentos, para potencializar as suas inserções no mercado de trabalho.

Antes dominadas por protagonistas brancos, as novelas agora abrem espaço para atores e atrizes negros, quebrando padrões estéticos e valorizando a pluralidade de histórias e experiências. “Fico feliz de ver que os produtores, enfim, a mídia de um modo geral, está mais preocupada com essa coisa de igualdade. Fico feliz com isso, mas a luta continua. A gente tem que estar sempre atento para que não haja um retrocesso”, destaca.

“Personagens negros não tinham pai, mãe, filho, não tinham uma família, não tinham núcleo, realmente. As pessoas ficavam soltas na história, não faziam realmente parte da trama, era um rito de passagem, mas, felizmente (...) Temos muita luta ainda, mas estamos melhor”, finaliza.

Em 1976, Zezé estreou o filme Xica da Silva; uma das primeiras personagens do cinema nacional a trazer para primeiro plano a força da mulher negra como agente transformadora de sua vida e de sua realidade. O longa, dirigido por Cacá Diegues (84), trouxe notoriedade para a atriz.