Em entrevista à CARAS Brasil, Reynaldo Gianecchini revisita passagens ilustrando capas da revista três décadas após o lançamento do veículo no Brasil
Ao longo dos anos, Reynaldo Gianecchini estampou edições históricas da Revista CARAS em diversos momentos de sua carreira. Três décadas após o lançamento da publicação no Brasil, ele revisita as passagens ilustrando as páginas do veículo em entrevista à CARAS Brasil. "É impressionante, passa muito rápido. Adoro ter imagens que eu perdi, pode ser uma lembrança que está lá atrás e a gente revive. É muito gostoso".
Reynaldo Gianecchini teve a carreira transformada após estrear sua primeira novela, Laços de Família, em 2000. "Comecei a gravar Laços de Família e ninguém me via na rua, nada. Quando a novela estreia, virei uma pessoa conhecida. Vocês pegaram esse meu momento de transição, meus últimos dias de pessoa anônima", declara ao recordar sua primeira capa na CARAS.
"Nessa festa, foi quando percebi a dimensão de onde estava entrando, os olhares eram uma loucura. Três meses antes, eu já estava gravando e as pessoas passavam por cima de mim para chegar na Vera Fischer. Nem olhavam na cara, quase pisavam no meu pé. No dia que a gente estreia, a loucura veio para cima de mim também. A televisão é muito louca", acrescenta o ator, que viveu o personagem Edu na novela.
Para dar conta da fama repentina, Reynaldo Gianecchini explica que teve ajuda de Marília Gabriela, com quem viveu casamento de 1999 até 2006. "A Marília era uma parceira, não sei o que seria sem ela do meu lado para segurar todo esse rojão que foi estrear. Eu, que tenho essa personalidade toda reservada, de repente, virei uma pessoa pública. Contava muito com a ajuda dela, que já tinha essa vida de televisão, discreta também, mas pública".
O ator relembra a antiga união com a atriz, com quem tem quase 25 anos de diferença: "Era um senhor casado com uma adolescente praticamente. A Marília tinha a minha idade hoje, quando casamos ela tinha 50 anos. Entendo perfeitamente agora, porque também me sinto muito mais jovem, engraçado e divertido, como a Marília era. Eu era o velho e ela a adolescente da relação".
Com o fim do romance em 2006, ele recorda a separação da jornalista e desmente boatos que circulavam durante o período do relacionamento: "Sempre especularam muito da gente se separar, entre outras histórias erradas. Mas a gente nunca esteve nem próximo de separar. Quando a gente decidiu separar, nos pegou até de surpresa esse sentimento. Foi com muito respeito e carinho".
Pé no chão na vida amorosa, Reynaldo Gianecchini revela que daria uma nota dois para seu nível de romantismo atualmente. "Sou fraco de romantismo hoje [risos]. A visão romântica é ilusória, sou prático demais. Tenho um pé no chão, coloco as coisas na balança".
"Provavelmente não vou ter filhos. Para mim, filho depende de uma relação. Não é nem pelo perrengue, porque acho que vale a pena em nome de uma coisa maior. Tem que ser em decorrência de uma relação que você quer levar para outro patamar e engrandecer a família. O problema é achar uma relação para ter filho [risos]. Eu não teria sozinho", conta sobre o desejo de ter filhos.
Em 2011, Reynaldo Gianecchini enfrentou a descoberta de um linfoma não Hodgkin, tipo de câncer que atinge as células de defesa do organismo, e emocionou o público com sua jornada até a cura. "Não olho essa fase com dor nenhuma. Aliás, não foi uma fase dolorida, é engraçado. Não foi com sofrimento, porque eu não briguei. No começo, teve um pouco de medo e dor, mas depois, como eu não briguei, foi um processo iluminado. Hoje em dia, acho tão bonitinho de ver, estava tão entregue e sem vaidade. Tem uma coisa bonita nessa entrega".
"Estava voltando para a vida, tentando entender como seria depois de ter passado por esse turbilhão, como ia mudar meu dia a dia. Agora, já passaram mais de dez anos. É muito louco, acho que ainda estou tentando entender exatamente as fichas todas que foram caindo nesse processo de estar quase frente à morte. Foi bonito", ressalta o artista.
No período, Reynaldo Gianecchini contou com o apoio da amizade de Claudia Raia, que acompanhou o ator na batalha após ele perder papel no teatro. "A Claudia Raia é uma grande parceira minha. Quando fiquei doente, ela foi a primeira pessoa que eu tive que falar, porque eu ia começar a ensaiar Cabaret dois dias depois que descobri que estava doente. [...] Todos os dias, ela saía do ensaio e ia no hospital me mostrar tudo o que rolou. Devo esse carinho gigante à ela. Acompanhei Cabaret do hospital e fui na estreia depois, quando estava bem, fiquei muito feliz".
Além da luta contra o câncer, o ator também atravessou um período difícil na época ao enfrentar a morte de seu pai, Reynaldo Cisoto Gianecchini, para a doença. "Meu pai foi desenganado, ele tinha um câncer sem cura. Larguei tudo para ficar com ele, porque senti que tinha que ficar perto. Três meses depois, descobri que eu estava doente. Voltei para São Paulo para fazer meu tratamento e meu pai ficou. Quatro meses depois, senti que precisava estar com ele. Pedi uma pausa no meu tratamento e fui. Meu pai morreu nos meus braços na noite que eu cheguei", relembra Reynaldo Gianecchini.
Em 2012, Reynaldo Gianecchini retornou para as telinhas com a novela Guerra dos Sexos após vencer o câncer. Marcado pela volta com saúde para a televisão, Reynaldo Gianecchini conta que seu novo cabelo também chamou a atenção do público na época: "Logo após a quimioterapia, meu cabelo veio encaracolado. Muita gente estranhou. Acho que é um pouco cultural, percebi que tinham pessoas com um preconceito. Eu estava amando, sempre gostei de cabelo encaracolado".
Com uma longa trajetória na atuação,Reynaldo Gianecchini destaca sua coragem para superar desafios na carreira: "Se eu tivesse ficado na minha cidade, na zona de conforto, jamais teria toda essa história. Minha estreia profissional, tanto no teatro quanto na TV, foi uma cara de pau terrível. Não tinha experiência nenhuma e topei desafios gigantes. Com medo, mas com coragem. Podia ter falado 'não estou preparado, não dá', aí talvez não estivesse aqui hoje". Para celebrar os 30 anos da CARAS, durante a entrevista Reynaldo Gianecchini recebeu uma joia exclusiva e desenhada especialmente para a ocasião pela designer Rosana Chinche, do Atelier 17.