O dia em que a CARAS Brasil não entrevistou Marília Gabriela e Theodoro Cochrane; bastou um encontro para entender o ‘agora’ de mãe e filho em peça
Marília Gabriela (75) e Theodoro Cochrane (46) estão em cartaz, no Teatro Unimed em São Paulo (SP), desde o início de maio. Mãe e filho sobem, juntos, aos palcos pela primeira vez sob o título de A Última Entrevista de Marília Gabriela. A peça, escrita por Michelle Ferreira (42), traz ao público um ar de “acerto de contas”, mas foi da boca da “melhor apresentadora do Brasil” que a CARAS Brasil ouviu: “Nunca estivemos tão bem”.
Após diversas tentativas de fazer acontecer uma entrevista com a jornalista que dedicou mais de quarenta anos de sua vida à profissão, a CARAS Brasil esteve, neste domingo, 19, literalmente, de frente com Gabi. Para se aproximar do tom de proximidade consagrado pela apresentadora em suas célebries entrevistas, este jornalista, então, passa a narrar o momento em primeira pessoa.
Depois de assistir ao espetáculo, que vai do riso ao choro e do existencialismo à nada em questão de segundos, desci para aguardar a dupla de atores e tentar, mais uma vez, a chance. Ao sair do elevador, Marília e Theodoro receberam amigos antes de deixarem o teatro. Foi ali que fiquei, à espera.
Em tom de agradecimento, Marília queria saber o que todos pensavam sobre a peça e contava que a ideia de atuar ao lado do filho foi sua, visto que o filho caçula é fruto da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP). O que a “mãezona" queria mesmo era deixar claro que arcabouço para um bom prólogo entre os dois não haveria de faltar. Por que não então explicar ao público o histórico desta relação?
Quem assistiu sabe e quem não assistiu saberá. Sob a licença de ser um "teatro contemporâneo", o público se depara, por diversas vezes, ao longo de A Última Entrevista de Marília Gabriela, com dilemas emblemáticos entre Marília e Theodoro. Antes mesmo de saber que não seria entrevistada, questionei a jornalista: "Por que esse tom entre os dois em cena se aqui fora sabemos que vocês são pura parceria?"
“Nunca estivemos tão bem”. A resposta ecoou depois de um “já que você perguntou, eu respondi”. Para Marília Gabriela, em cena, a melhor fase é o agora. E fora também. Gabi contou que, durante o processo de criação da peça, os dois conversaram separadamente com a dramaturga, o que ocasionou tais momentos. É claro que um “toque de ficção” – como ela mesma definiu - entrou na jogada, mas nada que não tenha marcado a trajetória da mãe de Theodoro Cochrane.
“Gabi, você está tão bem. Você não têm feito mais nada profissionalmente como jornalista, né? Por quê?”. Essa pergunta Marília Gabriela mais sentiu que ouviu. Tive certeza. Não deu nem tempo de ela responder e já emendei: “Por que você não quer né?”
“Não faço. Eu adoro ficar em casa”. Bastou essa explicação para entender que a jornalista transformou “nada” em “tudo”. De acordo com ela, nos últimos anos, a vida lhe trouxe a descoberta de que sua vida social era ligada ao trabalho.
“Eu cheguei a ter três programas ao mesmo tempo, então hoje eu não quero fazer nada”, ressaltou Gabi. Questionada sobre a produção de conteúdo em plataformas digitais, ela insistiu: “Não gosto, não é pra mim”.
Marília Gabriela definitivamente não sabia que tudo acima poderia ser entrevista – porque realmente não era. Desse modo, o bate-papo percorreu outros temas que todos já conseguimos encontrar no Google: Reynaldo Gianechinni (51), Madonna (65), Aguinaldo Silva (79) etc.
Só depois que Theodoro e ela descobriram que eu estava ali para tentar uma entrevista. A conversa, entretanto, já havia fluído tanto que veio então minha ideia de transformar a entrevista em um relato de um “encontro quase marcado”. Afinal, tudo que era preciso para entender o “agora” entre os dois dentro e fora de cena já havia sido dito. Do mais, só um pedido: para que ela não deixasse de produzir novos projetos.
O resto só indo assistir ao espetáculo, que aliás será esticado até julho. Vale a pena conferir A Última Entrevista de Marília Gabriela, que tomara que fique longe de ser a última.