Discursos pontuados por empoderamento marcam a 17ª edição do Troféu Raça Negra
Reconhecer e reverenciar aqueles que lutam contra o preconceito racial e a favor de uma socidade mais justa e igualitária. Foi com esse lema que a 17ª edição do Troféu Raça Negra — considerado o Oscar da comunidade negra — reuniu personalidades e defensores da causa, na Sala São Paulo, na capital paulista. Grande homenageado do ano, o ator e cantor Tony Tornado (89) se emocionou. “Eu confesso que não sei se sou merecedor desse prêmio. É que a luta é grande e é de tantas pessoas... Pessoas que lutam pela integração do negro da sociedade, na música e nas artes em geral”, discursou ele, que ainda afirmou ser um privilegiado em meio a tantas desigualdades. “Minha vida tem sido de sorte. Sempre acreditei naquilo que faço e tive tudo para ser mais um marginal, mas parti para a briga, para viver a vida e nunca saí da minha integridade moral. O negro tem poder, ser negro é ser lutador”, completou o paulista de Mirante do Paranapanema, aplaudido pelo filho, Lincoln Tornado (33).
Orquestrada pela Afrobras, a Sociedade Afrobrasileira de Desenv. Sócio Cultural, com apoio da Faculdade Zumbi dos Palmares, a cerimônia teve a jornalista Dulcinéia Novaes (64) e a atriz Maria Gal (43) no papel de mestres de cerimônia. “Nós somos 54,6% da população brasileira e não somos vistos em cargos e postos de poder e de representação”, ressaltou Maria, no ar com a novela As Aventuras de Poliana, do SBT. Já na lista das atrações musicais, destaque para Seu Jorge (49), Léo Maia (43), Carlos Dafé (72) e Simoninha (55), que assinou a direção musical da noite, aplaudida pela Miss Brasil 1986, Deise Nunes (51), e pelo cantor Gerson King Combo (76).
A poderosa lista de homenageados da cerimônia incluiu o rapper Dexter (46), a ativista francesa radicada no Brasil Alexandra Loras (42), a deputada estadual Erica Malunguinho (38) e o deputado federal Miguel Haddad (62). “A luta faz parte de mim. Não me vejo sem os punhos cerrados buscando um mundo melhor para os que estão na mesma direção. O rap é minha munição e minha vida. Essa cultura salva vidas!”, salientou Dexter. “Este troféu é para todos vocês que lutam a cada dia para nosso mundo ficar consciente dessa jornada árdua para mudar o protagonismo dos negros na sociedade preconceituosa. Ainda há muito para se fazer”, endossou Alexandra. “Não é de hoje que o negro está se movimentando e agindo politicamente”, celebrou Erica, primeira deputada estadual trans eleita no Brasil.
Elegante, a noite reverenciou os jovens haitianos Jacquelin Jules, Deniel Pierrot, Chrisner Louis e Evens Alce, alunos da Zumbi dos Palmares que se destacaram nos estudos e foram efetivados em instituição bancária.