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Noivas / Anuário 2009

O movimento de Deborah Colker

Coreógrafa visita o castelo

Redação Publicado em 19/10/2009, às 22h48 - Atualizado em 21/10/2009, às 12h22

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Durante sua estada, Deborah aproveitou para ensaiar ao piano do castelo a bela Sonata de Mozart que tocará durante o espetáculo 4x4. - Cadu Pilotto
Durante sua estada, Deborah aproveitou para ensaiar ao piano do castelo a bela Sonata de Mozart que tocará durante o espetáculo 4x4. - Cadu Pilotto
Aclamada bailarina, coreógrafa e proprietária da escola e da companhia de dança que levam o seu nome, Deborah Colker (48) não pára nunca. Carioca espevitada, ela fala rápido, seu olhar está em constante busca pelo novo e por isso, não demorou muito a se aventurar pelo Castelo de CARAS, na charmosa Tarrytown. "Sou puro movimento. E, quando não estou propriamente me mexendo, dançando, busco espaços, formas, objetos, porque tudo isso me inspira. Acredito que a dança contemporânea deve interagir com o que está ao nosso redor. Cenários, bailarinos, música e luz fazem parte de um só contexto", defende ela, se alongando por entre uma estátua de cavalos. Caminhando pela secular propriedade às margens do Hudson River, Deborah não hesitou ao se deparar com um piano. "Estudei piano dos oito aos 16 anos e parei. Voltei a tocar em 1999, três anos antes de montar um espetáculo. Agora, mais do que nunca, fico maluca quando vejo o instrumento, não posso enferrujar!", justifica. Com razão. Nesta semana, entre os dias 22 e 25, Deborah e outros 17 bailarinos de sua companhia apresentam o espetáculo 4x4 no New York City Center, um dos mais prestigiados palcos da Big Apple. Durante a coreografia As Meninas, Deborah toca ao piano uma Sonata de Mozart. "O espetáculo é uma grande homenagem às artes plásticas e foi inspirado nas obras de Cildo Meireles, Victor Arruda, Gringo Cardia e do grupo Chelpa Ferro", conta ela. - Qual o maior desafio em se apresentar fora do Brasil? - No 4x4 tudo é multiplicado, são quatro figurinos diferentes, quatro cenografias, quatro panos de fundo... O transporte é quase uma operação de guerra! (risos) Despachamos vários conteiners há mais de duas semanas. Apesar de sermos uma companhia contemporânea, investimos em grandes produções como os balés clássicos de repertório. Sou fascinada por todos os elementos que compoem um espetáculo assim. - Por conta da crise que abateu os Estados Unidos, você se questionou se este era o momento? - A crise está aí e não é de hoje, seja no Brasil, Estados Unidos ou no mundo. É preciso muita determinação, trabalhar sem medo, arriscar e colocar a cara a tapa. Temos que fazer valer a pena! Não dá para se entregar e desistir, até porque há muitos empregos que dependem das artes. - Qual a sua expectativa para se apresentar em New York? - Estamos muito felizes e bastante animados. O City Center é maravilhoso e oferece uma estrutura bárbara, necessária para um espetáculo como o 4x4. Nossos cenários são grandiosos, há instalações fixas e em movimento, esculturas, pinturas. A nossa ideia é dançar interagindo com esse universo, desafiando o espaço vertical e se restringindo no horizontal. - E em maio do ano que vem você volta à Big Apple como coreógrafa do Cirque du Soleil... - Sim, com meu espetáculo, Ovo. Fico muito honrada em ser a primeira mulher e a primeira brasileira a coreografar para o grupo, que está comemorando 25 anos. Ovo estreou com o maior sucesso no Canadá e agora viajará pelos Estados Unidos, começando por San Francisco. Em maio o espetáculo desembarca em New York. - De onde vem tanta energia? - É uma rotina puxada, uma dedicação sem fim, quase uma religião. Treinamos todos os dias por exatas 7 horas e 45 minutos, então o segredo é ter muita disciplina e determinação. E há também a necessidade de criação, necessito da dança assim como do ar. Acredito que com o meu trabalho, não só à frente da companhia, mas com os projetos sociais e a escola, eu posso mudar o mundo. É através dele que vejo a vida melhor e venço todas as dificuldades que encontro no meu caminho.