Em texto, a cantora também falou sobre suposta briga com Sandy e a fama de 'namoradeira'
Wanessa Camargo aproveitou o Dia Internacional das Mulheres para fazer uma retrospectiva sobre sua relação com a mídia. Filha de Zezé di Camargo, a cantora lembrou a dificuldade de separar a sua fama da do pai, no início da carreira, e citou outras polêmicas nas quais teve seu nome relacionado.
"Quanto mais amadureço, mais eu paro para pensar no que é ser uma mulher. Por algumas vezes, o fato de ser uma e sempre ter os créditos tirados de mim é muito desmotivador – mas através da força de outras mulheres, eu tento prosperar", começou. "Quando comecei a trabalhar, aos 17 anos, foi a primeira vez de fato que eu me senti ofendida como uma mulher; a primeira vez que eu fui afetada pelo machismo. Claro que eu estive em uma posição de privilégio, mas eu era uma adolescente abdicando de uma juventude para seguir uma carreira ao qual era o meu sonho. Mas quando aquela menina despontou para o sucesso, todo o seu trabalho árduo e diário foram colocados nos ombros de um homem – na época, o meu pai. 'Ela faz sucesso por causa do pai', 'Se não fosse ele, ela não teria uma carreira'", contou.
Wanessa disse que questionou, por muitos anos, se o que diziam dela era verdade. "Mesmo assim, eu estava tão feliz por fazer o que eu amava. A rotina sempre foi tão cansativa e exaustiva, mas eu amava", falou.
No início da carreira, surgiram boatos de que Wanessa e Sandy teriam uma rixa. A cantora abordou o assunto sem citar o nome da colega. "Eu tinha colegas mulheres de trabalho que estavam na mesma vida que a minha, então eu sempre olhava para elas e assim sofrer menos com o que falavam, eu pensava nelas como minhas parceiras, colegas, amigas – mas logo deram um jeito de, midiaticamente, me colocar contra algumas destas outras mulheres. Por qual motivo nós tínhamos que ser concorrentes? Eu as admirava tanto! Por causa disso, fui me distanciando das pessoas que eu admirava e queria por perto – eu senti medo, receio. Talvez, sem perceber, acreditei mais uma vez que fosse verdade. Eu não percebia, mas fui me tornando uma mulher mais insegura, deprimida", lembrou.
Wanessa contou que conseguiu contratos por causa do seu esforço, mas acabou sendo prejudicada pela mídia. "Então, de repente, a Wanessa Camargo virou a “namoradeira” favorita da mídia. Eu tive a minha privacidade arrancada de mim e estampada nas capas de todas as revistas do país, quase sempre. E por causa de uma delas, eu perdi um contrato ao qual eu trabalhei tanto para conseguir. Em 2003, fui a “pessoa pública” que mais saiu em capas de revistas no Brasil – na época, superando a Xuxa. O que seria uma comemoração para muitos, foi algo tão triste pra mim. A grande maioria do que saia na época me feria como pessoa e como mulher. Externamente eu me via obrigada a celebrar, mas por dentro eu estava gritando. O que eu poderia fazer? Não desfrutar da minha juventude? Mesmo assim, me senti objetivada", disse. "Segui em frente. Mas, sim, além de insegura e deprimida, eu me fechei – sem perceber. Por dois anos eu quase não sai de casa. Os anos se passaram e eles perceberam que meus discos continuavam a vender e não era por causa do meu pai, então as pessoas tiveram que trocar o protagonista. Por muito tempo, o meu sucesso foi ligado também ao meu marido", continuou.
No texto, Wanessa disse que a sociedade evitar da o protagonismo das mulheres e reforçou: "Eu crio. Eu negocio. Eu faço acontecer – assim como qualquer homem. O meu trabalho e o meu sucesso aconteceu e acontece por minha causa. Eu não sou a mulher maravilha, mas eu tenho o meu valor. Se eu pudesse enviar uma mensagem para a minha antiga eu, eu diria para ser forte e gritar alto diante de todo o machismo que apareceria em seu caminho. Isso é um pouco da minha vivência, e eu tenho a consciência de que mulheres ao redor do mundo passam por desafios muito maiores e ainda mais traumatizantes. Por isso, eu queria dizer para todas elas, neste nosso dia, para aumentarem suas vozes - sempre. Nunca deixem que os seus créditos sejam tirados de vocês – independentemente se estiverem cercadas por homens ou se o mundo as silenciarem. Em nossa forma, somos únicas. Juntas, somos gigantes".