JUNTOS HÁ 13 ANOS, ELES RENEGAM A IMAGEM PÚBLICA DE UM `CASAL PERFEITO´
Redação Publicado em 12/04/2006, às 17h01
por Bianca Portugal
Casados há 13 anos, os atores Alexandre Borges (40) e Julia Lemmertz (42) enfrentam uma dificuldade curiosa. Ao contrário da maioria dos casais, eles lutam para provar que, como todo mundo, têm problemas e, eventualmente, crises. "As pessoas acham que somos perfeitos e essa expectativa me angustia. Não somos modelo de nada. Nos irritamos, brigamos e já tivemos várias crises", desabafa Alexandre, que dá vida ao Alberto Sabatini de Belíssima, na Globo. "Muitas vezes, parei para pensar se estava realmente valendo a pena. Mas é claro que isso fica entre a gente, porque é nossa vida íntima, então acham que não passamos por dificuldades nunca. A única coisa boa nisso é que é melhor pensarem assim do que todo mundo olhar para a gente e dizer:'Nossa! Que casal louco. Eles vivem se batendo'", ri o ator, que também está em cartaz nos cinemas como o designer Cláudio em O Gatão de Meia Idade, inspirado no personagem do cartunista Miguel Paiva (56). "Somos normais, como qualquer casal. A perfeição não existe", completa Julia, que também pode ser vista em duas produções: no filme de Antonio Carlos da Fontoura (66), como a Betty, ex-mulher do Gatão; e na peça Molly Sweeney - Um Rastro de Luz, em São Paulo.
Pais de Miguel (6) - sendo que Julia é mãe também de Luiza (18), de seu primeiro casamento, com o produtor Álvaro Osório-, os atores dizem que sua união duradoura não tem segredos. "Nosso casamento tem amor, respeito e vontade de ficar junto, o básico. Com isso, o resto é só cuidar de um dia de cada vez. Penso no 'para sempre', mas vivo para que cada dia seja bom, cada vez melhor", explica Julia, na Ilha de CARAS. "Não me imagino um homem divorciado. Torço para que nunca aconteça porque tenho muito amor pela minha mulher. Olhar para ela e ainda ter a vibração, a vontade de estar junto, faz valer a pena", declara-se Alexandre.
- Quem é mais ciumento?Julia - Somos os dois, mas seguramos nossa onda. Até porque ciúme é um sentimento muito chato, que faz mal para quem sente e para quem é alvo.
Alexandre - A gente aprendeu a domar essa fera. Varia muito em relação ao tipo de trabalho do outro e à exposição em cenas mais calientes. Mas sempre fizemos questão de não reprimir o lado profissional porque seria o fim da união. Seria impossível continuar um casamento de 13 anos entre duas pessoas que amam esse trabalho se o outro ficasse reclamando de abraços e beijos em cena. Tem que saber tirar o time de campo.
- Vocês são diferentes ou parecidos no dia-a-dia?Julia - Nos identificamos e divergimos em muitas coisas. Acho que sou mais impulsiva do que ele. O Alexandre é ponderado, pensa mais para tomar uma decisão.
Alexandre - A Julia é a organizada da casa. Eu era ator de grupo de teatro, sabe como é? Aquele cara que passa o dia ensaiando, chega em casa exausto, joga tudo no chão, dorme e acorda já pensando em voltar para o teatro. Aquele cara que usa a mesma calça por vários dias... Dividi quarto com amigos, morei em pensões, me mudava toda hora. Quando você tem uma casa, com cabides e tudo o mais, precisa se adaptar. A Julia trouxe isso para minha vida.
- Gostam de trabalhar juntos?Julia - É tão bom quanto se ele não fosse meu marido. Admiro muito o Alexandre e trabalhar com ele me inspira e estimula.
Alexandre - Gostamos muito até porque, mesmo quando estamos em elencos diferentes, um sempre colabora com o outro. Julia me ajuda a crescer, é uma das grandes atrizes do Brasil. Amo trabalhar com ela.
- Às vezes acontece de um estar fazendo mais sucesso que o outro. Existe competição?Julia - Somos dois atores com histórias profissionais diferentes. O sucesso de um não está atrelado ao do outro. Sempre torço por ele e sei que é recíproco. Não medimos quem faz mais sucesso.
Alexandre - Lidamos com isso com naturalidade e nunca tivemos problemas. Quando conheci a Julia, já admirava seu trabalho e admiro cada vez mais.
- Vocês têm a Luiza e o Miguel. Pensam em mais filhos?Julia - Às vezes penso nisso, mas já tenho dois filhos com idades bem diferentes, Luiza com 18 e o Miguel, 6 anos. Então não sei, vamos ver o que acontece.
Alexandre - Não. O Miguel foi muito intenso, foi uma grande entrega. E agora que nosso filho não é mais bebê, é o momento de a gente viajar, curtir, fazer as nossas peças. Não temos mais aquela obrigação diária que um recém nascido exige, pelo menos para mim que curto de verdade a experiência de ser pai.
- Curtir ser pai é trocar fralda?Alexandre - Sempre fiz de tudo. Até porque a Julia também precisa de tempo para trabalhar. Então, tem época em que eu estou gravando todos os dias e ela acaba cuidando mais das crianças e da casa; mas, às vezes, acontece o oposto. E, quando chega esse momento, não me intimido. Troco fraldas, levo na escola, faço supermercado... Talvez até por isso eu não queira mais filhos. Para mim, tem que ser assim: ser pai com total dedicação à criança.
- Quais os planos para 2006?Julia - Estou com a peça no CCBB de São Paulo, adaptada de um texto irlandês e com direção de Celso Nunes. Também acabei de rodar o longa Verdades e Mentiras Sobre o Sexo, de Euclydes Marinho, no qual faço a documentarista Laura, mas ainda não temos data de lançamento.
Alexandre - Após Belíssima, que deve acabar em julho, vou fazer teatro. Estou longe dos palcos desde 2003 e quero voltar. Amo fazer teatro. Também estréio em agosto o longa Zuzu Angel, de Sérgio Rezende.
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