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Esporte / ESPORTE RADICAL

Atleta de ondas gigantes, Will Santana relembra obstáculos: 'Falta estrutura'

Em entrevista à CARAS Brasil, o surfista Will Santana compartilha dificuldades vividas ao longo da carreira e reflete sobre o cenário atual do surfe com conquistas nas Olimpíadas

Na família, Will Santana recebeu apoio apenas da avó: "Me dava um dinheirinho escondido para a inscrição nos campeonatos" - Divulgação e Reprodução/Instagram
Na família, Will Santana recebeu apoio apenas da avó: "Me dava um dinheirinho escondido para a inscrição nos campeonatos" - Divulgação e Reprodução/Instagram

O sergipano Willyam Santana (33), que pratica o surfe de ondas gigantes e já surfou as temidas ondas gigantes de Nazaré, em Portugal, vem de família humilde e lutou para realizar o sonho de viver do esporte. Em entrevista à CARAS Brasil, Will elenca os desafios enfrentados pelos atletas de surfe e comenta sobre as conquistas do esporte nas Olimpíadas de Paris.

Para Will, seguir a carreira de atleta foi um desafio em muitos aspectos: a família não o apoiava, ele não tinha condições financeiras para bancar o esporte e os problemas familiares atrapalhavam sua dedicação. Mesmo com tantas questões, o atleta perseverou e hoje é um dos nomes lembrados quando se fala no surfe de ondas gigantes, esporte radical com nomes como Lucas Chumbo (28) e Pedro Scooby (36).

Antes de se transformar em um dos grandes nomes do surfe de ondas gingantes, Will deu aulas de surfe para estrelas como Danni Suzuki, Juliano Cazarré, Bernardo Velasco e Arthur Aguiar, amizades que levou para a vida / Divulgação
Antes de se transformar em um dos grandes nomes do surfe de ondas gingantes, Will deu aulas de surfe para estrelas como Danni Suzuki, Juliano Cazarré, Bernardo Velasco e Arthur Aguiar, amizades que levou para a vida / Divulgação
Antes de se transformar em um dos grandes nomes do surfe de ondas gingantes, Will deu aulas de surfe para estrelas como Danni Suzuki, Juliano Cazarré, Bernardo Velasco e Arthur Aguiar, amizades que levou para a vida / Divulgação

Segundo o surfista, os problemas enfrentados por ele são comuns no surfe, um esporte caro e que, ao contrário do que parece, envolve muito mais do que curtir a praia: "Em todo esporte há uma necessidade de apoio financeiro, porque o atleta precisa de uma alimentação boa, bons equipamentos, um bom acompanhamento físico, e tudo isso é muito caro", explica.

O surfista ressalta que o surfe é um esporte que exige equipamentos, em maioria, fabricados fora do Brasil, o que aumenta consideravelmente os gastos na prática esportiva: "Desde a prancha, a roupa, a parafina... Os equipamentos bons, de alta performance no surfe, são muito caros. Então, realmente é um esporte elitizado. Principalmente o meu esporte, porque precisa de um jet ski, uma moto nauta, para me posicionar na onda gigante". 

Além das dificuldades impostas pelas limitações financeiras, durante sua jornada no mundo do surfe, onde conheceu outros atletas com histórias de vida distintas da sua, Will percebeu que a estabilidade familiar e o apoio são pilares essenciais para o sucesso no esporte.

De acordo com o surfista, quando o atleta está com a mente tranquila, é possível alcançar objetivos mais rápidos e de forma mais duradoura. "Quando você tem uma vida familiar estável, que não mexe tanto no seu emocional, é algo que dá um equilíbrio muito grande e você consegue se planejar e consegue conquistar as coisas com mais facilidade", comenta. Will acrescenta, ainda, que hoje percebe como uma família estruturada é "uma grande ferramenta a favor do atleta de alta performance".

"O brasileiro é bom no surfe"

Ainda que o surfe de ondas gigantes não seja uma categoria olímpica, o sufista conta que prestigiou os brasileiros nas Olimpíadas: "Eu estava torcendo bastante por todos os brasileiros, mas especialmente para o João Chianca, meu amigo, meu irmão, a gente convive junto. Acabou ficando o Gabriel Medina e minha torcida, óbvio, foi toda por ele, uma estrela do nosso esporte, um ícone da onda", revela.

Além de comemorar a conquista do bronze por Medina (30), o atleta destaca a trajetória de Tatiana Weston-Webb (28), que ganhou a medalha de prata para o Brasil no surfe feminino: "O Medina e a Tati são gigantes e trouxeram conquistas muito boas para o nosso esporte".

Will defende que as medalhas conquistas reforçam o talento dos brasileiros no surfe e o que falta para o país ser uma potência no quesito esporte é o investimento. "O nosso esporte está se estendendo em outro nível depois que foi para as Olimpíadas. Conversei bastante com pessoas ultimamente, falando sobre esporte, e o que a gente mais acredita é que se nós, atletas brasileiros, tivéssemos um pouco mais de investimento, o Brasil teria muitos atletas muito bons, não só no surfe, em outras modalidades também", reflete.

O desejo do surfista é que o esporte se popularize cada vez mais e que, com isso, os investimentos cheguem para os profissionais do surfe. "Sem dúvida, a gente iria comemorar muito mais, porque a gente vê atletas olímpicos sem estrutura nenhuma. Torço muito para que os nossos atletas, de todas as modalidades, consigam conquistar aquilo que eles merecem de verdade", finaliza.