Ginecologistas obstetras explicam quais são as complicações que uma gestante pode ter durante a gestação e na hora do parto. Saiba como se prevenir!
Logo no primeiro capítulo de Amor à Vida, dois partos complicados foram ao ar: o da protagonista Paloma (Paolla Oliveira), que da à luz em um banheiro de bar e o de Luana (Gabriela Duarte), que morre na sala de cirurgia, assim como o seu bebê, que nasce morto.
Um grande medo das mulheres que sonham em ser mãe é o de ter uma gravidez complicada ou de ter problemas na hora do parto. Há três grandes causas de possíveis complicações que podem levar ao óbito uma mulher grávida e seu filho: pressão alta, hemorragias e infecção pós-parto.
Clóvis Gonzaga, ginecologista obstetra e Fernando Moreira de Andrade, professor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Coordenador médico do centro assistencial Cruz de Malta, explicam quais são as doenças mais comuns, dentro das possíveis complicações que podem atrapalhar gravidez.
Doença Hipertensiva Especifica da Gravidez (DAEG)
Quando a paciente apresenta pressão muito alta ela pode sofrer com a doença hipertensiva especifica da gravidez. Segundo Gonzaga, ela aparece aproximadamente em 10% das gestantes e seus sinais são inchaço, pressão acima de 140/90 ml de mercúrio e, após ser realizado um exame, ser diagnosticado que há proteínas na urina.
- Ela acontece principalmente em pacientes grávidas pela primeira vez, ou que sejam muito jovens ou que tenham mais de 30 anos.
- Ela acontece e é diagnosticada na segunda metade da gravidez, lá pelo quinto e sexto mês de gestação.
- Quando é diagnosticada, há uma supervisão semanal sob os cuidados do médico ou ela é internada por um tempo até essa pressão ser controlada.
- É recomendado que a gestante faça repouso
- O tratamento é feito com drogas hipotensoras, ou seja, remédios que ajudam a normalizar a pressão. O mais comum se chama metildopa.
- Caso a paciente seja diagnosticada perto do dia do parto, o recomendável é que se faça uma cesariana.
Perigos:
Caso essa pressão fique muito alta na hora do parto e sai do controle, a paciente pode sofrer um infarto ou ter uma insuficiência renal. Consequentemente, ela para de mandar oxigênio e nutrientes para o feto pela placenta, podendo ter uma anexia-intrauterina, ou seja, falta de oxigenação no cérebro do feto e, na pior das hipóteses, sua morte.
Síndrome Hellp
A síndrome Hellp é um estágio avançado da Doença Hipertensiva Especifica da Gravidez (DAEG). Ela é mais perigosa, pois adultera o equilíbrio do corpo da gestante. Há um distúrbio em sua coagulação, uma queda no número de plaquetas do sangue e as enzimas hepáticas, ou seja, do fígado, ficam alteradas. Com todas essas transformações, a pressão da mulher pode chegar a 160/120 mil de mercúrio.
- O tratamento é parecido com o da DAEG, mas é preciso mais cuidado e atenção. A gestante deve faze ruma ultrassonografia de emergência e repousar.
- Em casos ainda mais graves, pode acontecer um abrupto descolamento prematuro da placenta e entre 48 e 72 horas a paciente pode perder a vida. A placenta pode desgrudar do útero por consequência da pressão alta
Descolamento prematuro da placenta (DPP)
O descolamento prematuro da placenta pode ocasionar uma hemorragia interna ou externa na mulher. Segundo os especialistas ela acontece entre 0,4% e 1,3% das gestações. Esta complicação acontece quando a placenta se descola do útero antes do bebê nascer, causando sangramento.
- Os fatores que influenciam nesta complicação podem ser aleatórios, tabagismo, pressão alta ou originário de um trauma. Por exemplo, se a mulher sofre um acidente de carro e tem um susto traumático, ela pode ter o descolamento prematuro.
- Além disso, essas complicações são mais comuns em pacientes mais velhas que já tenham passado por vários partos e gestações ou que já tenha tido um mioma no útero.
-Quando a gestante tem muito líquido na bolsa ou ela estoura antes do tempo, esses fatores também podem influenciar para que haja um descolamento prematuro da placenta
- Se a área for pequena e o sangramento também, há como contornar a situação. Caso contrário, é preciso ser realizada uma cesária naquele momento.
- O normal é que a placenta se descole do útero 10 minutos após o parto.
Placenta prévia (PP)
Segundo Clóvis Gonzaga, a placenta prévia ocorre em 1,9% das gestações, aproximadamente. A complicação acontece quando a placenta fica próxima ou encobre o orifício interno do útero, o buraco por onde sai o bebê. “Tampando” essa saída, a mulher começa a ter uma forte hemorragia na hora que as contrações do parto começam.
- Por minuto, passam-se mais de 36 litros de sangue pelo útero, por isso essa complicação é muito perigosa.
- Para se prevenir, a gestante deve fazer o pré-natal. Com o ultrassom é possível descobrir que essa placenta está em um local errado e agendar uma cesária.
- Alguns dos fatores que podem influenciar na incidência desta complicação é a idade materna avançada, muitas gestações, tabagismo, gravidez de gêmeos ou repetidos abortos.
Atonia Uterina
Atonia uterina é uma das síndromes hemorrágicas mais comuns entre as gestantes, já que podem acontecer de 4% a 18% das grávidas, segundo os especialistas. Logo após o parto, quando a placenta já saiu, o útero tem a função de contrair para parar de sangrar. Todavia, por algum motivo, ele não se contrai, e continua sangrando.
- Esse tipo de complicação acontece por razões aleatórias e se ficar grave, é necessário que se retire o útero da mulher.
Infecção pós-parto
A infecção pós-parto acontece em até uma semana. Essa complicação ocorre quando a mulher apresenta febre acima de 38 graus depois das primeiras 24 horas. Entre 0,5% até 10% das ex-gestantes são vítimas destas infecções.
- São bactérias que acometem a mulher após o parto e podem causar infecções.
- O ambiente hospitalar higiênico pode prevenir este tipo de infecção
- Quem faz cesariana tem mais tendência de ter uma infecção pós-parto, já que é cirurgia comum.
- A infecção hospitalar, segundo os médicos, ocorre principalmente em países em desenvolvimento que têm hospitais precários.
Fernando Moreira de Andrade afirma que em todos os casos o bebê tem chances de morrer. O órgão que influencia isso é a placenta: “os médicos não estão acostumados a valorizar a placenta, mas ela é a interface entre o meio externo e o meio interno para o feto. Se há alguma insuficiência ou problema no pulmão da mãe, por exemplo, consequentemente o feto também será prejudicado.
O médico ressalta a importância da ultrassonografia e de um exame chamado Dopplerfluxometria, que mede o aporte sanguíneo do bebê e a quantidade de oxigênio que ele tem recebido da mãe como meios de prevenir essas doenças que podem ser fatais: “desde os anos 1970 a ultrassonografia tem diminuído a incidência de mortes fetais e elas ajudam a controlar a saúde da gestante também”.