Designer de joias ela tem em sua casa peças arrematadas em leilões, objetos clássicos e exóticos escolhidos em lojas pelo mundo e uma coleção impressionante de obras de arte
No universo particular de Laja Zylberman (58), tudo gira em torno da inspiração. Designer de joias e proprietária da joalheria Sara, ela cerca sua vida de fontes de boas ideias. Não é à toa que sua cobertura na Lagoa, Rio, irradia uma diversidade de estímulos visuais, resultado de anos de garimpo de móveis em antiquários, peças arrematadas em leilões, objetos clássicos e exóticos escolhidos em lojas pelo mundo e uma coleção impressionante de obras de arte, com destaque para artistas brasileiros como Iberê Camargo (1914– 1994) e Cícero Dias (1907–2003). “Adquiro as peças porque são lindas, me deixam feliz e me inspiram 24 horas por dia”, afirma a designer, para quem a beleza exerce um efeito preponderante em seu trabalho. “É uma necessidade ver como os outros estão se expressando, expandir a cabeça e estar atenta ao que acontece no mundo. Dormir, descansar e ir à praia é uma delícia, mas, para mim, é fundamental me incluir nesse universo de criação. Sempre digo à minha filha: ‘Se você não viajar e visitar museus, não vai ser ninguém!’”, afirma, citando a única herdeira, Alessandra Bernstein (42), arquiteta responsável pelo belo apartamento. O gosto refinado de Laja para as artes plásticas também se estende à literatura, música, cinema e gastronomia. Todos esses estímulos viram joias desenvolvidas a partir de mergulhos em universos como os do cineasta Alfred Hitchcock (1899–1980) e da pintora Frida Kahlo (1907–1954).
– Como nasceu o seu interesse pelas joias?
– Minha mãe, dona Sara, fundou a joalheria em 1977, mas queria fazer algo além. Os mistérios do corpo humano me fascinavam, por isso me formei em Medicina e cheguei a atuar na área. Mas mamãe me convidou para trabalhar com ela e acabei me apaixonando.
– O que a encanta no ofício?
– O trabalho artesanal, estar atento aos detalhes e criar algo lindo com as minhas mãos e ideias. É fascinante, visceral.
– E o seu processo criativo?
– Primeiro nasce a ideia. Pode vir de um quadro, um filme, algo bonito que chama a atenção. Aí, começa a obsessão com o universo que vira tema de coleção. Aconteceu com Hitchcock. Depois, entro na segunda parte da obsessão: desenhar joias maravilhosas. Por fim, é hora de fazer o catálogo. Não gosto daquela coisa careta. Já pus Ana Furtado interpretando Janet Leigh, em Psicose. Não é corajoso e ousado vender joias com a foto de uma mulher a ponto de ser esfaqueada?
– Sara é uma empresa familiar. Como você aproveita a sua família fora do trabalho?
– Meu marido, Luiz Carlos Borges Fortes, é muito culto e gosta de arte, como eu. É um grande companheiro, não esperava encontrá-lo após dois casamentos. Também gosto de reunir a família e amigos em almoços. Sou apaixonada por gastronomia, crio receitas, eles são as cobaias! (risos)