Com a fadista Mariza, o anfitrião canta na sua tradicional celebração que já esteve em países como França, Grécia e Itália
CARAS Publicado em 27/03/2014, às 16h10 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20
A melancolia ficou apenas nas letras e no ritmo dos fados cantados pela maior intérprete atual do estilo, Mariza (40). A alegria e a confraternização foram os motes da festa do dia de São José, celebrada ininterruptamente por Paulo Coelho (66) desde 1987. Já realizada em vários países, como França, Grécia e Itália, este ano o escritor e sua mulher, a artista plástica Christina Oiticica (62), optaram por Portugal. Em Cascais, na Fortaleza do Guincho, uma construção do século XVII transformada em hotel, próxima ao Cabo da Roca, ponto mais ocidental do continente europeu, o casal recepcionou convidados de todas as partes do mundo. “É a comemoração da amizade, porque, por várias razões, nos afastamos das pessoas durante a vida. Assim, consigo reunir os amigos de várias épocas, isso é importante”, destacou o anfitrião, aproveitando para explicar o motivo da tradição. “Minha mãe havia feito a promessa ao santo para eu sobreviver, quando nasci, na Casa de Saúde São José, no Rio, com o cordão umbilical enrolado no pescoço. Ela se esqueceu de cumprir, é óbvio, mas depois que fiz o Caminho de Santiago, em 1986, tomei a promessa para mim”, completou.
Na noite em que foi servido um bufê de comidas típicas, com bacalhau, carneiro e doces feitos com ovos, Paulo surpreendeu ao dividir o palco com a cantora Mariza, filha de pai português e mãe moçambicana, para interpretar um dos mais famosos fados de todos os tempos, Ai, Mouraria. “Me lembrei de toda a letra, minha mãe cantarolava quando eu era pequeno. Mas também só cantei esse, para que vou me arriscar com outro?”, brincou. Fenômeno do mercado literário, com mais de 173 milhões de exemplares das obras vendidos em 160 países, o anfitrião ganhou um bolo decorado com a capa da edição brasileira do seu próximo livro, Adultério, com lançamento previsto aqui em 15 de abril. “Tudo partiu de um filme que vi, Kinsey, sobre o famoso estudo da sexualidade. A infidelidade causa muita depressão. As pessoas se sentem diminuídas ou culpadas. Entrei em fóruns de debates anonimamente e conheci várias histórias. Escolhi uma que acaba refletindo todas”, revelou.
Paulo e Christina, que moram em Genebra desde 2008, chegaram a Portugal de carro, após visitar pequenas cidades ao longo do trajeto. O casal, depois de avaliar que viajou pouco nos últimos anos, estabeleceu a meta de conhecer 144 vilarejos diferentes por ano. Eles também aproveitaram para ir ao Santuário de Fátima. “Somos grandes devotos. Vamos lá sempre”, contou Christina, envolvida na produção de um quadro de 7,20m com quatro telas retratando rosas, que serão enterradas segundo sua técnica de buscar a intervenção da natureza na obra. “Já enterrei a do outono e a do inverno”, disse a artista que, no dia 10 de abril, vai abrir uma exposição em Mônaco. c
