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Denise Fraga presta comovente homenagem no aniversário da mãe: "Minha fênix"

A atriz Denise Fraga presta uma comovente homenagem nas redes sociais para comemorar o aniversário de sua mãe, Wilma Fraga

Daniela Santos
por Daniela Santos
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Publicado em 06/07/2024, às 18h02

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Denise Fraga com a mãe - Reprodução/Instagram
Denise Fraga com a mãe - Reprodução/Instagram

Denise Fraga usou as redes sociais para prestar uma comovente homenagem a sua mãe, dona Wilma Fraga, que completou 83 anos de vida neste sábado, 6. Em seu perfil no Instagram, a atriz compartilhou alguns cliques da aniversariante e recordou uma 'brincadeira' que ela fazia com os filhos. 

"A Bela Adormecida. Minha mãe se fingia de morta. Éramos crianças. Chamávamos por ela e ela continuava ali, inerte, no sofá. Quando estávamos prestes a chorar, ela acordava com uma gargalhada divertida, rompendo com o nosso possível desespero. Fomos nos acostumando com a brincadeira. Brincadeira de péssimo gosto, eu sei. Mas, na época, eu não sabia nem o que era gosto. Acabava achando divertido. Ou achava que devia achar. E o alívio que eu sentia ao ouvir a gargalhada dela era realmente um grande prazer", começou. 

"Na minha memória, ficou mais o alívio do que o desespero. Acabei achando o meu divertimento em brincar com aquela morte. Por vezes, eu até encenava um desespero a mais pra que ela ficasse feliz com a eficácia da encenação de sua Bela Adormecida de quem já bem sabíamos a ressurreição. Travávamos, só hoje percebo, uma pequena competição de fingidoras. Eu fingia desespero para fingir acreditar no que ela fingia, e ela talvez já fingisse acreditar no meu desespero fingido. Mas nunca falamos sobre isso, nem institucionalizamos a brincadeira como Teatro. Eu cumpria bem o meu papel. Queria que ela acreditasse que eu ia chorar muito se ela morresse. E ia. E vou", acrescentou. 

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Depois, Denise contou que uma vez sentiu raiva da brincadeira da mãe. "Um dia, ela esticou um tanto mais o tempo e eu realmente acreditei. Gritei de verdade. Ela acordou sem rir. Me abraçou, terna, como se eu lhe tivesse feito uma grande declaração de amor. Naquele dia, senti raiva. No seu olhar, entendi pela primeira vez que naquelas “mortes” habitava a sua total carência por demonstrações de afeto. Nunca entendi exatamente o porquê, a raiz dessa mulher pidona de afeto. Dona Wilma sempre foi muito querida. Colecionou fãs, pedagoga amorosa. Tenho muitos irmãos espalhados por aí, frutos de sua maternidade afetiva. Se cobrava amor, era perdulária em gastá-lo. E, gastando-o, viveu a vida. Aproveitou tudo. Aquela mesma que brincava com a morte fumou, insolente, quatro maços de cigarro por dia durante décadas. Comeu e bebeu o que bem quis. Gulosa da vida, sorveu-a em goles fartos."

A atriz seguiu o texto contando que a mãe foi diagnosticada com enfisema e precisou ser internada recentemente. "Nesses últimos tempos, tenho me lembrado muito de sua brincadeira de morrer. Precisou ser internada por duas vezes em um mês e meio. Como era de se esperar, tem um enfisema grave. Nas duas vezes, quase foi entubada e, nessa última, fomos chamados para decidir se sim ou se não. Com todas as comorbidades que ela tem hoje, dificilmente sairia do tubo. Ela já tinha nos dito, várias vezes, que não queria ser mantida viva artificialmente. Dura decisão. Minha mãe não conseguia mais respirar sozinha. Decidimos, eu, ela, os médicos e meu irmão, que não. E iniciou-se o tal processo de cuidados paliativos. Acontece que a morena exuberante, que desafiava a morte com sua risada, anda querendo entrar em cena de novo. Desafia os índices de batimento, saturação e pressão, e se pôs de novo a respirar sozinha. Está voltando pra casa de novo, a guerreira sobrevivente. Quando eu for visitá-la, é bem capaz de começar de novo com a ladainha de sempre, que já devia ter ido, que está demorando, que era pra não estar mais aqui."

"Minha mãe fala da morte com uma tranquilidade assustadora. Desconfio. E só falar que tem um show da Alcione que seus olhinhos de jabuticaba começam a brilhar. Não deixa de ir ao teatro, de ver um show, de fazer passeios quase impossíveis para a sua condição de cadeirante com doença pulmonar. Sai de casa de duas a três vezes por semana num sacrifício de locomoção obstinado. As peças de teatro e os shows são a sua tábua de salvação. Ela mesma diz: se eu não sair, prefiro morrer. Minha mãe se salva nas plateias. Seu enfisema avança, bem sabemos. Mas seu corpo quer viver, apesar de tudo. Em suas últimas internações, cheguei a chorar despedidas e a Bela Adormecida veio me abraçar novamente. Sei que um dia vamos estrear os treinos de partida que fizemos nessa vida inteira. Como no Teatro, vou me preparando em ensaios para esta estreia difícil. Mas ainda com a chance de ver os olhos dessa senhora fingidora brilhando de prazer cada vez que lhe conto os detalhes dos meus últimos desesperos. Nada encenados. Feliz aniversário, Dona Mãe!! Minha fênix!!! Obrigada pela resistência!!!", finalizou.

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