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Oscar Schmidt sobre o câncer: 'Se o tumor voltar, eu abro a cabeça de novo e tiro!'

O campeão de basquete Oscar Schmidt se mostra otimista na luta contra a doença, mas confessa que teme deixar a família sozinha. “Sou o único provedor da casa, eu morrendo não vai ter mais ninguém", declara em entrevista exclusiva

Redação Publicado em 18/06/2013, às 18h01 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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O eterno campeão em sua casa na Grande São Paulo, onde sempre veste camiseta de ídolo do futebol americano, com o filho, Felipe - Samuel Chaves / S4 Photopress
O eterno campeão em sua casa na Grande São Paulo, onde sempre veste camiseta de ídolo do futebol americano, com o filho, Felipe - Samuel Chaves / S4 Photopress

O que mudou na vida de Oscar Schmidt (55) desde que descobriu o câncer no cérebro? Pouca coisa. Ele afirma que nem por um momento se deixou abater. “Não posso ficar desanimado. Ganhei de presente uma vida que todo mundo gostaria de ter”, afirmou. A vitória corre nas veias do campeão do basquete brasileiro, maior pontuador do mundo que, em setembro, entra para o Hall da Fama nos Estados Unidos. Sempre bem-humorado, Oscar faz piada até com assunto sério. “Qual o principal conselho que dou aos meus filhos? Nunca fume, nunca beba, nunca se drogue.” Faz pausa e completa, aos risos: “Dá câncer!” .

+ Oscar Schmidt retira nódulo cerebral

Tadeu Schmidt em dia descontraído com a família

Pai de Stephanie (22), chef de cozinha, e de Felipe (27), que acaba de assinar contrato para dirigir série na TV sobre o Pan-Americano de 1987 — quando o Brasil venceu os EUA em casa e Oscar era a estrela do time —, o irmão do apresentador da atração global Fantástico Tadeu Schmidt(38) tem sólidos valores familiares. “Quero que meus filhos sejam pessoas decentes, sem vícios, com objetivos, sabendo o que querem da vida.” Após temporada norteamericana, Felipe está de volta ao Brasil e, apesar de não ter seguido carreira no esporte, entra nas quadras apenas para brincar com o pai. Stephanie mima Oscar com o seu prato favorito: estrogonofe.

O astro esportivo está sempre com uma garrafa de água por perto. Sente a boca mais seca por causa do tratamento de radio e quimioterapia, que continua fazendo. Enjoa de vez em quando. Transferiu o futebol com vizinhos de Alphaville, na Grande SP, onde mora, da manhã para a noite. Seu hobby é pescar. Adora aquário, é deste signo no zodíaco, mas... odeia comer peixe! No seu aquário, tem corais e 11 peixes. As cinco palavras-chave que usa em suas palestras motivacionais são visão, de cisão, time, obstinação e paixão. Quer ser o melhor em tudo. Seu ídolo do momento é o jovem Tim Tebow (25), jogador de futebol americano, que recentemente foi para o Patriots, time de outra personalidade que também admira: Tom Brady (35), marido de Gisele Bündchen (32). No basquete, seus ídolos são Kobe Bryant (34) e Ubiratan Maciel.

Católico, não gosta de missa, pois prefere ir sozinho à igreja, e é devoto de São Judas Tadeu. Em raro momento, admite o medo: “A morte é uma coisa que dá medo, né? Mas ela existe, todo mundo vai morrer. Talvez seja melhor mesmo não saber quando. Ser atropelado não dá nem tempo pra pensar”, diz ele.

Casado com Maria Cristina Victorino Schmidt (55) há 37 anos, diz que tem a relação perfeita, e que mudou há dois anos, quando fez a primeira cirurgia, sua visão de mundo. “Falei: ‘Não vou guardar mais nada, vou gastar tudo o que eu ganho. Caixão não tem cofre’. (risos) Passei a comprar muito mais presentes para a minha mulher e a viajar mais. Tinha medo do futuro, aquelas coisas de jogador de basquete... Depois, comecei a fazer palestras e vi que não precisava ter medo. Vida de palestrante é boa.” No dia 30 de abril, passou por nova cirurgia, para retirada de um tumor de grau 3. Teme deixar sua família sozinha. “Sou o único provedor da casa, eu morrendo não vai ter mais ninguém e minha mulher vai ter de viver com aquilo que a gente construiu. Dá para viver e bem.” Mas nunca conversou sobre o assunto com Cristina. “Pra quê? Eu estou vivo! Nesse momento estou curado. Se o tumor voltar, eu abro a cabeça de novo e tiro! (risos) Cada vez que voltar, vou abrir e tirar. Vou durar muito ainda. Qual o problema? Uma operação por ano? Beleza, um mês a menos por ano. Mas não vai voltar, não”, afirma, categórico, com uma gostosa gargalhada.