Em entrevista à CARAS Brasil, o endocrinologista Miguel Liberato alerta que o desenvolvimento infantil deve ser monitorado desde a gestação
Publicado em 17/07/2024, às 14h39
A baixa estatura é uma das queixas mais comuns que leva à procura de um endocrinologista pediátrico, segundo o endocrinologista Miguel Liberato. Em entrevista à CARAS Brasil, o especialista destaca a importância do acompanhamento regular do crescimento das crianças, ressaltando que o desenvolvimento infantil deve ser monitorado desde a vida intrauterina e continuar após o nascimento.
“Muitos são os casos de crianças que crescem abaixo das expectativas para cada faixa etária. Nesta situação, o primeiro passo é definir a causa da baixa estatura, uma vez que pode se tratar de uma alteração presente não somente em crianças saudáveis, mas também ser decorrente de alguma doença ou condição já existente e que ainda não foi diagnosticada”, diz o médico.
Crianças que crescem abaixo das expectativas para a faixa etária podem ter diferentes causas. Entre as doenças sem diagnóstico estão, por exemplo, a doença celíaca, o hipotireoidismo ou desnutrição. “Os pais geralmente percebem que algo está errado quando a criança demora a trocar a numeração de roupas e calçados ou é menor em comparação aos colegas”, conta Liberato.
Ao notar sinais de déficit de crescimento, é crucial encaminhar a criança ao endocrinologista pediátrico, destaca o endocrinologista. “Ao menor sinal de que o crescimento não corresponde ao esperado para a idade, a criança deve ser encaminhada a um especialista para avaliar as possíveis causas”, afirma.
Liberato ainda enfatiza que, embora o tratamento com o Hormônio do Crescimento (GH) seja eficaz, suas indicações são específicas. Nos últimos 35 anos, a aprovação do uso de GH pelo FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos) e pela ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária, Brasil) ampliou-se.
Casos bem-sucedidos como o de Lionel Messi, que foi diagnosticado com deficiência de GH aos nove anos e tratado adequadamente, ilustram os benefícios do tratamento no momento oportuno. “O tratamento certo, feito no momento oportuno, garantiu a ele um crescimento saudável, semelhante ao da maioria das crianças, além da possibilidade de realizar o sonho de ser um jogador de futebol”, pontua o especialista.
Atualmente, oito indicações de terapia com GH são aprovadas pelo FDA e ANVISA, incluindo deficiência hormonal congênita ou adquirida e condições genéticas como Síndrome de Prader-Willi. Outras indicações incluem baixa estatura idiopática, crianças PIG (Pequenas para Idade Gestacional) que não recuperam o crescimento até os 2 anos, doença renal crônica, e alterações genéticas como Síndrome de Turner, Síndrome de Noonan e Haploinsuficiência do gene SHOX.
“O tratamento com GH é realizado através de injeções subcutâneas noturnas diárias ou semanais, espelhando a secreção natural do hormônio pela hipófise. Como todo medicamento, podem existir complicações, portanto, seu uso deve ser acompanhado pelo médico especialista”, alerta Liberato.