A especialista lista os tipos de psoríases e os melhores tratamentos para amenizar a doença; confira
Durante um episódio do reality show 'Keeping up with the Kardashians', Kim Kardashian revelou sofrer com psoríase. Na época, ela afirmou que não tenta mais esconder as manchas na pele e está começando a aceitá-la como parte de quem ela é.
A dermatologista Natália Nery, da Clínica Natália Nery Dermatologia Avançada, explica: "A psoríase é uma doença crônica, que se desenvolve quando o sistema imunológico de uma pessoa envia sinais defeituosos que dizem para as células da pele crescerem muito rapidamente. Novas células da pele se formam em dias ao invés de semanas. O corpo não consegue remover essas células em excesso, que se acumulam, causando placas grossas, vermelhas e descamativas. Para ter a psoríase, a pessoa deve herdar os genes que a causam, ou seja, não é uma doença contagiosa".
Apesar da causa não ser ainda clara, a profissional diz que os cientistas descobriram que "o sistema imunológico e os genes desempenham papéis importantes. Nem todos que herdam os genes da psoríase desenvolverão a doença. Muitos genes devem interagir para causar psoríase. Além disso, a pessoa deve ser exposta a um gatilho, como um evento estressante, infecção de garganta, uso de certos medicamentos (lítio, antimaláricos, antinflamatórios), tempo frio e seco, costes, arranhões ou queimaduras solares, para desenvolver a doença".
A doença ainda é umas das condições de pele mais difíceis de ser tratada, pois nenhum tratamento funcional igual para todos os pacientes. "Não há cura para a psoríase, mas há vários medicamentos disponíveis, e pesquisas em curso parecem promissoras. Em geral, o tratamento é escolhido com base na forma de psoríase e sua gravidade. Antes de iniciar qualquer tratamento, você deve ser avaliado pelo seu médico dermatologista para avaliar se você é candidato ou não àquela terapia. Às vezes, vários tratamentos podem ser experimentados antes que o regime mais adequado seja estabelecido. Medicamentos diferentes podem ser usados juntos ou em rotação para melhor efeito ou para minimizar efeitos colaterais", explica.
Natália ainda diz que existem tratamentos tópicos que são aplicados diretamente sobre as lesões, trazendo aos pacientes alívio local, com menos efeitos colaterais. "Existem vários: ácido salicílico, corticóides, calcipotriol, coaltar, retinóides. Para casos mais extensos, pode ser indicado fototerapia, medicamentos orais ou injetáveis, como retinóides, ciclosporina, metotrexate e medicamentos biológicos. O tipo de medicação a ser escolhida depende das doenças associadas que o paciente apresenta, disponibilidade de tempo, forma e gravidade da doença. Seu médico dermatologista solicitará exames laboratoriais para avaliar qual medicação você pode tomar".
Os sintomas da doença podem variar dependendo do tipo de psoríase de cada pessoa. Abaixo, a dermatologista lista:
- Psoríase em placas (também chamada de psoríase vulgar): "Placas elevadas, vermelhas, com descamação branco-prateada. Podem aparecer em qualquer lugar do corpo, sendo mais comum em joelhos, cotovelos, parte inferior das costas e couro cabeludo. As lesões podem coçar, quanto mais você coça, mais a lesão engrossa. Elas possuem tamanhos variados, podem aparecer como placas separadas ou podem se juntar e cobrir uma grande área. Problemas nas unhas: pitting (depressões puntiformes nas unhas), descolamento das unhas".
- Psoríase gutata: "Pequenas manchas vermelhas, geralmente no tronco, braços e pernas. Pode aparecer após uma doença infecciosa, principalmente inflamações de garganta. As manchas também podem desaparecer espontaneamente após algumas semanas ou meses, sem tratamento".
- Psoríase pustulosa: "A pele fica vermelha, inchada, dolorida e cheia de pus
- varia de quadros localizados apenas nas mãos e nos pés, até quadros generalizados, normalmente mais graves, associado a febre, calafrios, coceira, taquicardia, perda de apetite e fraqueza.
- Psoríase invertida (também chamada de psoríase flexural ou intertriginosa): "Manchas vermelhas, brilhantes nas regiões de dobras da pele, como axilas, virilhas, órgãos genitais e nádegas. Nas mulheres, pode acometer também a região abaixo das mamas. As lesões são doloridas".
- Psoríase eritrodérmica (também chamada de psoríase exfoliativa): "A pele toda fica descamativa, brilhante, vermelha. Coceira intensa, o corpo não consegue manter sua temperatura normal: a pessoa sente calafrios, taquicardia".
Segundo a médica, para tratar a doença, o mais importante é sempre seguir os conselhos do seu médico. "Você pode fazer muito por conta própria para ajudar e prevernir crises". Veja:
- Use loções hidratantes: Os sintomas pioram quando sua pele está seca, por isso mantenha a mesma hidratada com cremes e loções grossas e oleosas, como a vaselina.
- Cuide da sua pele e couro cabeludo: não fique arrancando escamas ou manipulando lesões, isso pode piorar a doença. Mantenha suas unhas aparadas. Se você tem lesões no couro cabeludo, use xampus a base de alcatrão. Banhos regulares com soluções hidratantes e calmantes podem trazer alívio.
- Evite tempo frio e seco: Utilize umidificador quando o tempo estiver seco.
- Evite remédios: Evite as medicações que podem desencadear psoríase
- Evite arranhões, cortes, coceira. Traumas na pele podem causar “fenômeno de Koebner”, ou seja, aonde ocorre um trauma, pode surgir uma lesão de psoríase.
- Tome um pouco de sol, mas não muito: Os raios ultravioleta retardam o crescimento de células da pele, assim receber doses moderadas de Sol é bom. Mas seja breve, cerca de 20min. E use protetor solar. Queimaduras podem desencadear psoríase e aumentam o risco de câncer de pele.
- Controle o estresse
- Veja o quanto de álcool você bebe: A ligação de álcool e psoríase não é clara, mas alguns pacientes referem piora dos sintomas quando ingerem bebida alcoólica. Além disso, o álcool pode ser perigoso se você estiver em uso de determinados medicamentos contra psoríase, então verifique com seu médico.
- Faça exercícios: Coma direito e mantenha um peso saudável. O excesso de peso pode desencadear lesões de psoríase.