Amamentar não é uma tarefa intuitiva para os humanos, mas superadas as di culdades iniciais, o aleitamento materno traz inúmeros benefícios para o bebê e a mamãe
As vantagens do aleitamento materno são amplamente conhecidas. No entanto, amamentar não é uma tarefa intuitiva para os humanos, demandando paciência e aprendizado. “É importante que a gestante se prepare para essa etapa ainda na gravidez, buscando orientação com seu obstetra e também por meio de leituras, curso de gestante e até com o pediatra escolhido para cuidar do bebê”, afirma Débora Manzione Passos de Oliveira, neonatologista.
Outra medida fundamental é aproveitar o período de internação na maternidade para assegurar-se de que o bebê está mamando de forma correta. A posição da boca do bebê em relação à mama — pegando a aréola e não apenas o mamilo — é fundamental. Esse cuidado vai garantir o aleitamento ideal, de forma a oferecer quantidade suficiente de leite, sem machucar o bico do peito da mãe.
Também é indicado que o bebê mame, sempre que possível, na primeira hora de vida. Essa medida favorece a adaptação da criança ao ato de mamar. Quando o bebê nasce de parto normal, essa conduta é facilmente
cumprida. No entanto, é possível indicar o mesmo procedimento mesmo para aqueles que nascem de cesareana.
Embora, nos primeiros dias, a produção nas mamas seja de colostro (um líquido nutritivo amarelado, rico em anticorpos, excretado pelas glândulas mamárias), não de leite propriamente dito, a amamentação é totalmente indicada. “O colostro contém os mesmos nutrientes do leite materno. Além disso, o ato de sugar estimula a produção de leite”, acrescenta Débora.
A descida do leite costuma acontecer dois ou três dias após o parto, o que normalmente coincide com a alta hospitalar. Nesse momento, muitas mães ficam aflitas pelo aumento excessivo do volume das mamas, o que pode até dificultar a amamentação. Nesses casos, o indicado é que a mãe massageie as mamas, de preferência durante o banho, e retire um pouco do leite para proporcionar maior maleabilidade da pele e facilitar a pega para o bebê.
Em casa, devidamente adaptados, mãe e filho devem vivenciar o chamado regime de livre demanda, ou seja, amamentar sempre que o bebê solicitar. Em geral, é o choro do recém-nascido que evidencia a hora de mamar. Um cuidado especial deve ser tomado com os bebês muito sossegados, que podem emendar várias horas de sono e, com isso, perder peso nos primeiros dias.
Recomenda-se que a primeira consulta ao pediatra aconteça entre dois e três dias após a alta hospitalar, para averiguar o peso e obter instruções sobre a amamentação. Com a orientação correta, o bebê provavelmente estará pronto para passar os próximos seis meses com alimentação exclusiva no peito, como recomenda a Organização Mundial de Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria.
ALGUMAS DAS MUITAS VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO
• O leite materno já vem na temperatura ideal, esterilizado e não dá trabalho para preparar;
• Protege o bebê contra infecções do aparelho respiratório e digestivo porque contém anticorpos (imunoglobulinas);
• Desenvolve e fortalece a musculatura facial, melhorando o desempenho das funções de sucção, mastigação, deglutição e fala;
• Reforça o laço mãe-filho e ajuda o desenvolvimento do bebê;
• Diminui os riscos de alergia, muitas vezes causada pela introdução prematura do leite de vaca;
• Evita o risco de superalimentação, pois contém os nutrientes necessários ao desenvolvimento do bebê, tanto em qualidade quanto em quantidade;
• Diminui as hemorragias pós-parto, devido à liberação do hormônio chamado ocitocina, que tem a ação de contrair o útero;
• Previne a osteoporose e os cânceres de mama, ovário e útero.