Engasgou, caiu, queimou, engoliu... acidentes acontecem com todas as crianças, mas agir com decisão e tranquilidade é a melhor saída nessas ocasiões
Ainda no berço, sereno e aparentemente tão frágil, o bebê parece a salvo de qualquer perigo. No entanto, mesmo nessa fase, os pequenos já demonstram seu talento para levar as famílias a momentos de real apreensão. Um dos maiores temores é o engasgo. O bebê começa a mamar e, num dado momento, parece não conseguir respirar. “Essa situação reflete a nova condição do bebê, que está aprendendo a respirar depois de meses no útero da mãe, onde não exercia essa função como o ser humano faz normalmente”, explica Francisco Braz, neonatologista.
Bebês nascidos após 37 semanas de gestação, ou mais, são plenamente capazes de mamar e respirar ao mesmo tempo. Já os prematuros, especialmente aqueles que nasceram antes de 34 semanas de gestação, ainda têm o centro respiratório (localizado no sistema nervoso) imaturo e, de fato, vão demorar mais tempo para exercer essa função. É uma questão de prática, portanto, até que o bebê aprenda a coordenar os movimentos de sugar, deglutir e respirar. E quando ocorre o engasgo, o ideal é apoiar o bebê pelo peito, deixando-o na posição de bruços, para facilitar a saída do leite que, em vez de ser deglutido, desviou-se para as vias respiratórias. “O risco do engasgo com leite está na aspiração do líquido, ou seja, o leite vai para as vias aéreas ao invés de ir para o estômago”, acrescenta Braz.
Quando a criança já está maior e começa a ingerir frutas e papinhas, o cuidado deve estar na consistência dos alimentos. É importante que o bebê comece a ter contato com alimentos menos líquidos, mas, ainda assim, os pedaços devem ser bem pequenos para evitar os engasgos.
Quando o tema é a criança maior, outro capítulo que costuma assombrar mamães e papais refere-se às quedas. A partir do quarto ou quinto mês, a criança já é capaz de se virar sozinha. Aquela segurança de deixá-la sobre o trocador ou a cama do casal para vesti-la, trocar sua fralda ou enxugá-la depois do banho deve ceder lugar à vigilância total.
Caso venha a cair, o indicado é colocar gelo imediatamente na parte do corpo que bateu no chão. “É muito comum que as quedas aconteçam perto da hora de dormir, quando a criança já está cansada e menos atenta. A ideia de que o bebê não pode dormir depois de um tombo não se justifica”, afirma Braz. No entanto, há sinais de alerta associados a quedas que devem ser observados. Se a criança ficar pálida, prostrada e com sonolência exagerada, procure o pronto-socorro rapidamente.
Batidas na parte da frente da cabeça, especialmente na testa, tendem a formar hematomas que “descem” para os olhos no dia seguinte. Portanto, se a criança acordar com o olho roxo, não se assuste.
Imitando gente grande
Ao começar a engatinhar, a criança se expõe ainda mais aos riscos de quedas. Logo começa a se apoiar em objetos, escalar móveis e, finalmente, a ensaiar a posição em que fica de pé. “Esse é mais um sinal da evolução do bebê, que tende a imitar a posição dos adultos”, acrescenta o neonatologista. A família não deve cercear essa tendência, mas precisa se manter alerta para situações potenciais de risco. Cuidado com quinas de móveis, toalhas de mesa (são uma tentação para serem puxadas), cabos de panela e ferros de passar roupas.
Os dois últimos itens introduzem outro tema de pavor para mães e pais – as queimaduras. Se acontecer, fuja dos conselhos esdrúxulos. Não passe óleo, manteiga, pasta de dente. Apenas lave com bastante água e sabão, hidrate o local com vaselina líquida e procure orientação médica.
Outro susto recorrente nos prontos-socorros e consultórios de pediatria acontece quando a criança engole algum objeto. A partir dos sete a nove meses, o bebê desenvolve o chamado movimento de pinça, sendo capaz de pegar pequenos objetos com o polegar e o indicador. O importante é deixar objetos pequenos fora do alcance dos bebês. Se perceber que a criança engoliu algo perigoso (agulha,alfinete, palito etc.), procure um pronto-socorro rapidamente.
Picadas de inseto também costumam assustar. Lave o local com água e sabão e não deixe a criança se coçar. Se, após algum tempo, outras reações aparecerem na pele, além do local picado, provavelmente trata-se de uma reação alérgica. Procure orientação mé dica nesse caso também.