Casal também no teatro, Priscila Fantin e Bruno Lopes encerram temporada da comédia romântica Precisamos falar de amor sem dizer eu te amo, em SP
Publicado em 11/04/2024, às 19h21 - Atualizado às 19h25
O casal Priscila Fantin (41) e Bruno Lopes (41) está junto há sete anos. Como no amor, a parceria nos palcos também deu supercerto. Eles rodam o Brasil e o exterior com a comédia romântica Precisamos falar de amor sem dizer eu te amo. Com a peça, que também é dirigida pelos artistas, os atores se apresentam pela última vez no Hotel Renaissance, em São Paulo, no próximo sábado, 13. Em entrevista à CARAS Brasil, eles contam detalhes do projeto e revelam o segredo para manter um relacionamento duradouro e feliz.
"A gente escolheu estar juntos faz tempo, trabalhar juntos, fazer as coisas juntos. A gente tem essa vontade, energia, admiração mútua (...) As coisas são muito verdadeiras e quentes, então a gente pega fogo (risos). A gente se diverte muito, e isso é muito legal. Lógico que todo casal tem as suas dificuldades, questões, que faz parte, afinal de contas a gente evolui, aprende, cresce e melhora ao longo do relacionamento, mas a gente se diverte", ressalta Bruno. "É muito também da gente ter escolhido crescer juntos", emenda Priscila.
O ator aproveita o ocasião para destacar que as pessoas buscam hoje uma satisfação pessoal instantânea nos relacionamentos amorosos. "Hoje, a gente vive num mundo onde as pessoas têm facilidade de desistir, porque é fácil: ah, não estou gostando desse programa, vou trocar de canal. Tudo é muito simples. Não estou gostando da foto dessa pessoa, passa para a seguinte, para uma pessoa que possa ser mais atrativa. As pessoas perguntam pra gente: 'Como vocês estão juntos o tempo todo, há tanto tempo e mantém as coisas quentes e tudo mais?'. A gente escolheu estar juntos. Não é na primeira dificuldade que a gente abandona. A dificuldade a gente tenta superar, cada um baixa o seu ego, suas questões para ouvir o outro, entender o outro, aprender com o outro e superar", salienta.
JUNTOS NOS PALCOS
Precisamos falar de amor sem dizer eu te amo conta a história de Bento e Pilar, jovens viúvos que se conhecem num aplicativo de relacionamento e decidem dar uma nova chance ao amor. O espetáculo viaja pelo Brasil e exterior há seis anos e é a "menina dos olhos" dos atores.
Tudo começou com um convite do Centro Cultural Brasil-Moçambique. "Nos pediram para fazer algum texto, alguma leitura dramatizada, alguma coisa para arrecadar fundos. Eles iam abrir as portas do centro cultural gratuitamente para nós apresentarmos alguma coisa para reverter o valor dos ingressos para o instituto, que cuida de crianças com Aids. Em 2018, quando a gente tinha sete meses de namoro (...) E a gente já tinha em comum, ao longo das nossas carreiras individuais, essa parte de ação social, várias instituições que a gente cuidou (...) E quando veio esse convite, decidimos juntar essa paixão que a gente tem pela arte e pela ação social. Então, fomos lá. A gente que pagava tudo para ir e fazer essa ação beneficente, e a gente precisava de um texto”, detalha Priscila.
A atriz conta que procurou o autor Wagner D’ávilla para encomendar um texto. “A gente foi jantar com ele e ele disse: 'Olha, tenho um título e um argumento engavetado: Precisamos falar de amor sem dizer eu te amo'. A gente falou: nossa, perfeito! Porque a gente está fazendo uma peça para uma ação social e em outro lugar, outro País, a gente precisa ter uma linguagem universal, o amor é uma linguagem universal, e tratar de uma forma leve umas questões que podem ser profundas mas que todos os públicos consigam absorver, todas as idades. Aqui no Brasil, você vai nas cidades e a gente já faz diferença na reação do público, né?”, fala.
“Aí, ele falou: 'Vou alterar um pouquinho porque ele é um pouquinho ácido, o argumento que eu tenho, mas vou manter um pano de fundo, que é em relação a doação de órgãos, e fazer os personagens inspirados em vocês'”, continua a artista. “Ele pegou umas coisas que a gente conversou no jantar e fui dando uma pincelada, e ele pescou particularidades”, emenda Bruno.
Pilar e Bento são dois viúvos. Ele tem uma filha de 5 anos, perdeu a mulher no parto da menina e cuida dela sozinho. Pilar perdeu o marido bombeiro em um incêndio, há um ano. "No luto, eles começam a se aventurar no aplicativo de relacionamento para viúvos, dá um match, e eles começam a conversar. Esse é o primeiro ponto presencial”, fala Priscila.
“Foi no começo dos aplicativos, era quase um cardápio mesmo. As pessoas se encontravam simplesmente para transar. Estava naquele ápice todo. Achei bonita essa coisa de ser específica para viúvos porque eles já têm uma fragilidade, um medo, então eles estão num mesmo lugar, como se estivessem num mesmo equilíbrio, sabe? Então fica mais fácil deles se apresentarem, e trazer um pouco à tona as dores que eles carregam, é natural”, aponta Bruno.
Para a atriz, o luto é um peso para as pessoas e o autor conseguiu fazer a peça de uma maneira leve, divertida e alto-astral. “Porque a gente se solta, a gente ama esse espetáculo. Quando a gente recebeu o texto, no Dia dos Namorados, em 2018, a apresentação era no dia 4 de julho, em Moçambique, a gente foi lendo e parecia que a gente já conhecia aqueles personagens. Simplesmente a gente abriu o texto e já começamos a bater bola de Pilar e de Bento, como se aquilo fosse natural, Pilar e Bento vieram”, relembra Priscila.
PLATEIA VIRA CÚMPLICE DOS PERSONAGENS
Durante o desenrolar da história, os personagens compartilham pensamentos, dúvidas e particularidades com a plateia, que vira cúmplice dos protagonistas desde o primeiro momento. Apesar de possuírem personalidades totalmente opostas, eles se sentem atraídos e aceitam o desafio de ficarem juntos, mostrando que insegurança e a angústia de se mostrar para o outro é comum a qualquer pessoa.
"Através do que um personagem apresenta ao outro, Bento e Pilar acabam se descobrindo. Somos o que refletimos no outro, o que nossas ações geram no outro. Isso é algo inerente a todo humano, não só no campo do amor", analisa a atriz, que ressalta a missão do espetáculo. Segundo ela, é mostrar que o amor permeia todos os seres e que é preciso amar a si próprio, antes de querer o outro.
“A gente foi fazer uma leitura meio que dramatizada e viu a reação da plateia. Achamos tão incrível! Cada frase do texto tem uma profundidade. Aí, dependendo de onde a pessoa alcança, toca mais fundo, ou fica na superficialidade, que diz alguma coisa também. A gente foi percebendo que tinha uma pérola na mão, não vamos abandonar. Pensamos em levantar a peça, percorrer o Brasil, mas não vamos abandonar a ação social. Quando a gente leu, tínhamos uma equipe pensada, mas a gente leu com tanta propriedade que pensamos: a gente vai dirigir, a gente vai fazer figurino, a gente faz, produzir (...) É muito nossa, e essa apropriação é importante porque justamente a gente se propôs a fazer”, salienta Priscila.
A atriz destaca que o cenário do espetáculo se compõe apenas de duas poltronas infláveis. “Foi a nossa primeira apoiadora (risos). Então, a gente coloca em uma mala e vai para qualquer lugar, e é isso. A nossa proposta era levar a peça para qualquer lugar. A nossa vontade é apresentar a peça em praça pública, ao ar livre, mas tem toda uma burocracia com prefeitura etc. Então, a gente começou a nossa turnê aqui no Brasil em 23 de julho de 2018, em Ouro Preto, e a gente fez 20 dias de turnê dirigindo nos interiores, a gente fez Minas, São Paulo e Rio”, revela.