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Atualidades / NOVO CENÁRIO DE INTERAÇÃO

Igor Fortunato comemora projeto da Globo que incentiva o teatro: ‘Nos coloca na máxima potência’

Em entrevista à CARAS Brasil, o ator Igor Fortunato ressalta projeto da Globo, onde apresentou a peça A Invenção do Nordeste aos colegas de No Rancho Fundo

Arthur Pazin e Thaíse Ramos
por Arthur Pazin e Thaíse Ramos
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Publicado em 06/09/2024, às 15h21

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Igor Fortunato está no elenco da peça A Invenção do Nordeste - Divulgação/TV Globo/Manoella Mello
Igor Fortunato está no elenco da peça A Invenção do Nordeste - Divulgação/TV Globo/Manoella Mello

A Invenção do Nordeste, peça do Grupo Carmin, fez sua primeira apresentação no Festival de Teatro, da Globo, na última quinta-feira, 5. O projeto apresenta clássicos dos palcos para os estúdios do canal no Rio de Janeiro, com o objetivo de explorar novos talentos artísticos e quebrar estereótipos. Em entrevista à CARAS Brasil, o ator Igor Fortunato (31), que está no elenco da produção de Quitéria Kelly (42), fala sobre a experiência e enaltece a iniciativa da emissora: "Nos coloca na máxima potência".

Funcionários da TV Globo, convidados e grande parte do elenco de No Rancho Fundo foram prestigiar Igor, intérprete de Zé Beltino na novela de Mario Teixeira (56), e seu colega Rafael Guedes (31). No bate-papo, o artista ressalta a potência deste novo cenário de interação.

“Teatro nunca é só teatro. Nenhuma situação de teatro é só teatro. Teatro é uma das artes mais revolucionárias que existem, a partir do momento que ele te permite falar. A gente tem vivido um momento em que ser ouvido é uma preciosidade gigantesca. Todo mundo quer falar muito, mas não quer ouvir. Tenho vivido isso”, destaca.

“E a gente estar podendo trazer as nossas vozes, que tem outras cores, que tem outras raças, que tem outros sexos (...) As nossas vozes brasileiras, plurais, pra dentro daqui, pra trazer essa discussão, pra que a gente comece a entender que o Brasil não é feito de um sotaque, não é feito de uma cor, não é feito de uma raça (...) São vários brasis; no Nordeste, são vários nordestes. E tem tanta coisa pra ser dita, e tanta coisa necessária e potente de serem ditas. A Globo, abrir esse espaço pra que sejamos ouvidos, acho que é nos dar potência, nos colocar na máxima potência”, completa o ator.

Desde julho, o canal está promovendo O Festival de Teatro Estúdios Globo. A iniciativa pretende celebrar os talentos da casa, com suas produções, e estimular a arte na sociedade.

O espetáculo A Invenção do Nordeste, escolhido para abrilhantar os palcos da emissora, aborda o surgimento e a trajetória histórica da região, propondo a desconstrução da imagem estereotipada do nordestino.

Motivada por reações xenófobas, manifestadas na internet durante as eleições de 2014, a atriz Quitéria Kelly - que vem se destacando em produções da Globo como Mar do Sertão e Renascer - encontrou na obra de Durval Muniz de Albuquerque Júnior um ponto de partida para refletir sobre as divisões sociais brasileiras. Durval é historiador e autor do livro A Invenção do Nordeste e Outras Artes.

‘NOVELAS SEM SOTAQUES’

Nascido em Mossoró, no Rio Grande do Norte, ao falar de No Rancho Fundo, Igor salienta a mistura de sotaques entre o elenco e pontua: “Queria muito ver isso - não sei se vou ver, mas espero ver – novelas sem sotaque. Acho que não é porque a novela se passa no Nordeste que ela só precisa ter sotaque nordestino. Não é porque a novela se passa no Rio de Janeiro que ela só precisa ter sotaque carioca, porque no Rio de Janeiro moram muitas pessoas, inclusive cariocas. No Nordeste, moram muitas pessoas, inclusive nordestinos. Então, acho que a gente precisa começar a defender novelas com sotaques brasileiros, para que a gente não tenha que nos negar num lugar identitário”.

“Acho que a gente tem que se reconhecer mais enquanto um País inteiro, que é um bloco de muitas cores (...) Parar de tentar colocar tudo em caixas: o nordeste, o Rio. Acho que a gente tem que enxergar como um Brasil; brasis como possibilidades de existência”, acrescenta o artista.

Igor Fortunato enaltece projeto da Globo que incentiva o teatro: ‘Nos colocar na máxima potência’
Igor Fortunato está no elenco da peça A Invenção do Nordeste - Divulgação/TV Globo/Manoella Mello

TEATRO X TV 

Igor reflete sobre a importância do teatro e da TV, e destaca que são meios de atuação muito distintos um do outro. “É muito diferente. Primeiro, são duas linguagens muito diferentes, até na manipulação da atuação. A TV tem isso. Eu amo fazer, gosto muito de fazer. Acho que tem outras possibilidades de brincadeira, na experimentação do ator. Mas quando a novela estreou, senti muita falta dessa interação direta com o público, de saber como as pessoas estavam reagindo. Acho que o teatro tem essa temperatura muito na hora", fala.

“Então, geralmente, assistia a novela lendo o Twitter, sobre o que as pessoas estavam comentando. E aí, a ferramenta acabou e eu fiquei: nossa, como vou saber agora o que as pessoas estão pensando? Porque venho do teatro, faço teatro desde os 14 anos de idade. Então, estou acostumado a ter uma interação muito direta com o público. E isso, inclusive, me alimenta no lugar do ator, sabe? Isso, inclusive, me faz descobrir outras coisas em cena, quando subo no palco. A TV me dá outros caminhos, mas esse ela não me possibilita. Então, acho muito diferente”, emenda o artista.

CONVITE PARA NO RANCHO FUNDO

Igor conta que foi por meio de A Invenção do Nordeste que acabou sendo descoberto e convidado para integrar o elenco de No Rancho Fundo. “A gente estava em temporada no Rio de Janeiro, em outubro do ano passado, e aí a produtora de elenco, que foi assistir a peça, me convidou para fazer o teste pro Zé Beltino. Deu certo, eu passei (risos)", diz.

Segundo o ator, a peça ilustra muito a sua trajetória. “E a minha emoção naquela cena final, daquela frustração (...) Ali, me vejo vivendo vários momentos da minha carreira, vários nãos que levei na minha carreira, várias dificuldades. Ser ator de teatro no Brasil é ser, antes de tudo, um sonhador e viver em uma ilusão. É muito difícil ser ator de teatro no Brasil e pagar as contas no final do mês. A gente tem que ralar muito, batalhar muito, trabalhar por quatro pessoas”, ressalta.

E continua: “Tenho um grande mestre de teatro que me disse assim: ‘Você não pode ser só ator. Se você for só ator no teatro, você morre de fome’. Aquelas frustrações ali, todas, sempre me emociono muito, de verdade, porque é muito genuíno aquilo ali. Aquele texto me emociona muito porque vivo aquela realidade”.

RETA FINAL

A novela no Rancho Fundo está na reta final. A trama chegará ao fim em 1º de novembro, e Igor faz um balanço da experiência. “Tive, na novela, parceiros tão bonitos, trabalhei com gente que eu admirava, com gente que formou o meu imaginário de ator. Tive a oportunidade de viver experiências tão bonitas. Quando a gente está vivendo a história, é muito difícil conseguir dar o tamanho que ela realmente tem”, admite.

“Você precisa de um tempo para se distanciar, olhar de fora e dizer: Nossa, vivi isso. Acho que estou nesse processo de sentir. Não quero mensurar muito agora. Porque se mensuro, eu mato, termino. Ainda tem coisa para acontecer, quero que essa coisa aconteça até o último dia, até que tudo vire uma supernova e se abra para um novo caminho”, finaliza.

Apresentação da peça A Invenção do Nordeste no Festival Teatro Estúdios Globo
Apresentação da peça A Invenção do Nordeste no Festival Teatro Estúdios Globo
Bastidores da peça A Invenção do Nordeste, no Festival Teatro Estúdios Globo
Apresentação da peça A Invenção do Nordeste no Festival Teatro Estúdios Globo
Bastidores da peça A Invenção do Nordeste, no Festival Teatro Estúdios Globo