Em entrevista à CARAS Brasil, Helga Nemetik fala sobre peça que retrata um drama pessoal vivido por ela na infância, em cartaz em São Paulo
Helga Nemetik (43) estreou o monólogo Não Conta Pra Ninguém, em São Paulo, e ficará em cartaz até 4 de agosto. No espetáculo, ela interpreta uma talentosa atriz de musical que, prestes a fazer uma audição para o papel de sua vida, descobre que não consegue mais cantar. A causa, contudo, não é física, mas psicológica. Em entrevista à CARAS Brasil, a artista dá detalhes sobre o projeto, dirigido por Michelle Ferreira, com dramaturgia de Juliana Rosenthal, e desabafa: “Traumas e gatilhos”.
Helga conta que está tendo a oportunidade de sair da comédia e do teatro musical para focar no drama. “Estou fazendo o meu primeiro solo de drama, minha primeira produção também. E dando de presente para mim a tão sonhada protagonista, que nós, atores, tanto sonhamos, né? É um processo que eu há muito tempo não vivia, que é esse processo criativo de começar uma coisa do zero, de criar uma peça do zero. Faço muito musical, muito teatro musical e musicais da Broadway, que a gente já vem com a peça pronta, chega no ensaio já sabendo para onde tem que ir, o que tem que fazer, o que não tem que fazer”, diz.
“Amo fazer teatro musical, amo fazer musicais, mas estava fazendo só isso há 15 anos. Então, precisava viver esse processo de criação teatral mais intenso. Um teatro mais físico, um teatro partiturado, no sentido de você criar as suas cenas, criar as suas próprias partituras para aquela cena. Você vê que é uma coisa sua, que é você que está criando, que é você que está trazendo. E isso começa a partir de exercícios teatrais que há tanto tempo eu não fazia. Está sendo muito bom passar de novo por esse processo, que estava com tanta saudade”, emenda a atriz e cantora.
Ela ressalta que Não Conta Pra Ninguém é um projeto muito importante para ela, por ser um drama autobiográfico. A personagem perde a voz, como mencionado acima, e para recuperá-la, deve encarar um passado sombrio, que envolve abuso sexual e violência. “Obviamente, a peça tem um pouco de ficção, claro, porque a gente ficciona para teatralizar, para dar uma estética mais teatral. Mas é importante poder me colocar nesse lugar de me dar voz, de dar voz pra Helga, para a história da Helga, que é uma história que muitas pessoas vão se identificar. É um assunto muito delicado e, ao mesmo tempo, muito importante de ser falado”, fala.
Helga detalha como veio a inspiração para escrever a peça: “Fazendo terapia, na pandemia, conversando com meu terapeuta e falando sobre todas as coisas que aconteceram na minha vida e os traumas e os gatilhos (...) Os caminhos que a gente percorre, os traumas da nossa vida (...) Então, descobrindo esse drama da vida, a gente fala: Cara, como ressignificar isso? Transformando em arte, sou atriz! O meu papel na sociedade é, claro, de entreter, sim. O teatro é entretenimento, sim. De emocionar, sim, mas é também de ser uma voz política, social, né? O teatro serve para muitas coisas, tanto para entreter, tanto para divertir, quanto para alertar, quanto para colocar ali um dedo na ferida, né? Quanto para militar, vamos dizer essa palavra, que está tão em voga”.
Não Conta Pra Ninguém tem classificação indicativa de 14 anos. A peça estará em cartaz até o dia 4 de agosto, com entrada gratuita, no Espaço Mezanino – Centro Cultural FIESP (Av. Paulista, 1313 - Bela Vista, São Paulo). Sextas e sábados, às 20h30; e aos domingos, às 19h30.