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Atualidades / REFLEXÃO

Evelyn Castro assume sentimento de culpa ao falar de maternidade: ‘Patriarcado colocou em nós'

Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz e cantora Evelyn Castro, estrela do filme Caindo na Real, prestes a estrear nos cinemas, reflete sobre maternidade

Thaíse Ramos
por Thaíse Ramos

Publicado em 03/10/2024, às 09h00

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Mãe zelosa, Evelyn Castro fala com carinho do filho Juan - Reprodução/Instagram
Mãe zelosa, Evelyn Castro fala com carinho do filho Juan - Reprodução/Instagram

Evelyn Castro (43) - estrela da comédia Caindo na Real, que estreia nos cinemas em 24 de outubro - bateu um papo exclusivo com a CARAS Brasil sobre o filme e a carreira de cantora. Na expectativa para o lançamento do novo trabalho, a atriz ainda fez uma reflexão sobre a maternidade e o quanto as mulheres independentes como ela precisam se desdobrar para não deixar o lado mãe esmorecer diante de tantas responsabilidades. A artista também abre o coração e confessa sentimento de culpa: “O patriarcado colocou em nós”.

Sucesso na série Encantado´s, do Globoplay; no humorístico Tô de Graça, do Multishow; e no quadro TV Teca, do Caldeirão com Mion, na Globo; Evelyn, mãe do pequeno Juan, de 10 anos, destaca: “O mais importante é ser mãe, o mais importante mesmo. A culpa, infelizmente, é algo que a sociedade colocou em nós, mulheres. Infelizmente, tenho que dizer que ainda sinto esse sentimento horroroso que o patriarcado colocou em nós. Sim, eu sinto culpa”. 

“Estou tentando, na minha análise, reverter este quadro. E esse quadro é social. Então, a gente tem que discutir muito sobre isso; é muita roda de discussão, é muito show meu que eu tenho que fazer. E é aí que eu falo: vem o "Furduncin" (...) A Evelyn precisa falar; preciso falar muito sobre isso porque nós, mulheres, precisamos nos colocar nessa sociedade para essa culpa sair das nossas costas e a gente poder exercer as nossas carreiras. E os nossos filhos poderem entender também que isso faz parte da nossa felicidade, que faz parte de nós, para nos sentirmos completas para sermos as melhores mães que eles possam ter na vida deles. Meu filho, hoje em dia, entende que para eu ser uma mãe ótima para ele, preciso ser feliz também. Acho que aqui em casa isso está bem acordado. Ele entende e está tudo certo”, continua a atriz.

CARREIRA DE CANTORA

Além de uma atriz brilhante, Evelyn já mostrou várias vezes que tem um vozeirão. Ela também fala deste talento, ao ser questionada sobre projetos no palco. “Não consegui fazer tantos shows esse ano. Depois do (The) Masked Singer (Brasil), veio um turbilhão de trabalhos, para variar, mas vou conciliando no que dá para fazer. Vou retomar, no final do ano, alguns shows fechados. Voltarei com a minha carreira, sim. Voltarei com um show chamado "Furduncin da Evelyn". Gosto muito porque eu realmente sou um furdunço. Quando quero causar um furdunço, causo mesmo, de diversas formas, tanto da alegria quanto do "aaah, meus direitos e tal"; e falar o que eu penso”, salienta.

“Cada vez mais quero falar. Acho que é importante a gente falar, principalmente enquanto mulher. Acho que a gente tem que falar. E aí, resolvi montar esse show, “Furduncin da Evelyn". Vou ter alguns shows fechados para empresas. Espero abrir esse show ano que vem. Que venham vários para vocês!”, acrescenta a artista.

Segundo ela, a pegada do show sempre vai ser o funk. “É aí que falo que vem o subúrbio na minha veia, não tem como, vem um viaduto de Madureira aí. O próprio funk mesmo, o funk dos anos 90, o Furacão 2000. Vou procurar trazer muito essa onda para esse show, para ser um show bem animado; isso eu posso garantir. E, claro, vão ter outras surpresinhas, mas a premissa desse show vai ser isso”, entrega.

Este será mais um trabalho para Evelyn conciliar com tantos outros. “É uma grande loucura! Faço muita coisa e ainda sou mãe. Não sei como eu consigo! (risos). É porque meu filho me acompanha em tudo o que ele pode, porque ele tem a vida dele. Mas a gente tenta conciliar tudo e a gente ainda arruma tempo para viajar junto, graças a Deus! Mas vou tentando conciliar tudo ao mesmo tempo porque amo muito ser atriz. E a  música falo que é uma extensão da minha fala. Sem ela não vou ficar, sinto falta. Quando sinto muita falta de me expressar eu falo: Ih, estou precisando cantar. E aí, vou lá e faço participação num show”, fala.

Evelyn Castro assume sentimento de culpa ao falar de maternidade: ‘Patriarcado colocou em nós'
Evelyn Castro é atriz, cantora e humorista - Reprodução/Instagram

A artista também destaca o acolhimento que sempre recebeu da comunidade LGBT+, principalmente por conta de sua personagem no sitcom Tô de Graça, a homossexual Marraia Karen. “Porque amo estar com eles, amo a acolhida que eu tenho ali. A Marraia me trouxe isso. Sempre vou lá, no Sambei, faço uma participação e me sinto muito acolhida. Então, quando começo a sentir muita falta eu falo: Ih, estou precisando cantar, estou precisando falar. Então cantar é a continuação da minha fala, não tem como”, salienta.

A atriz ainda declara que sente muita falta do teatro musical. “Talvez, ano que vem, eu volte. E com um solo meu. Tive que parar o meu tributo à Tina Turner porque sinto as coisas, eu acho que eu falo: Hum, acho que a minha Tina Turner está na hora de dar uma parada; mas não quer dizer que eu não volte. É isso é uma grande loucura, não tem como! Aí, você me pergunta: "Curte mais cantar ou atuar?". Não faz isso comigo, não tem como. Uma coisa não está sem a outra. É uma coisa louca. É cíclico. Sabe o símbolo do infinito? Eu vejo dessa forma”, explica.

CAINDO NA REAL

A atriz, cantora e humorista Evelyn Castro se prepara para estrelar o filme Caindo na Real - uma comédia com participação especial do cantor Belo (50). A artista fala sobre a produção, dirigida por André Pellenz (Minha mãe é uma peça e Detetives do prédio azul) e que também traz nomes como Maria Clara Gueiros (59), Victor Lamoglia (31), Maurício Manfrini (54) e Carlos Moreno (70).

A atriz dá mais detalhes sobre Tina, de Caindo na Real, . "É uma mulher extremamente brasileira, periférica, honesta, simples, daquelas mulheres fortes que o único desejo delas é crescer ali no nicho delas e poder – acredito eu, que eu montei isso em camadas na minha cabeça – ser gerente da lanchonete dela para poder pagar uma faculdade e poder ajudar as pessoas ali do ambiente dela, do bairro dela, da família dela. Acho que a Tina é uma mulher que se preocupa, se preocupa com o meio dela, em como ela vai afetar aquele meio dela. Acho que é isso. É uma mulher que se preocupa com as ações dela”, diz.

“Procurei trazê-la bem mais assentadinha. Eu falo que a Tina é chão. E a gente é parecida nisso também. É uma personagem querida. Eu, a Evelyn, a minha criancinha fica muito feliz em me ver com uma coroa, a possibilidade disso. Espero que as crianças me vejam como referência de que isso é possível - assim como já veem em Encantados. Que eu possa ser referência para isso também”, fala.

POLÍTICA SEM FALAR DE POLÍTICA

Na trama, a heroína Tina leva uma vida atribulada atrás da chapa de uma lanchonete e sem tempo até mesmo para namorar - para desespero de Barão, um eterno romântico que não se cansa de fazer serenatas para sua rainha (interpretado por Belo). Mas o que ninguém poderia imaginar é que Tina é uma rainha de verdade: depois de um golpe que restaura a monarquia no Brasil, ela troca as chapas e lanches pelo comando de uma nação, enfrentando desafios inesperados enquanto tenta governar o país e fugir das artimanhas do conselheiro real, Alaor (Maurício Manfrini).

Apesar de ser comédia, Caindo na Real tem um fundo político: “É superinteressante, pois a gente fala de política não querendo falar exatamente de política. É leve, é um humor leve. A gente fala do Brasil, a gente fala dessas pessoas que, quantas vezes nós estamos – falo de "nós" porque estou incluída, fala de mim, fala da minha família Silva, fala dos Silva – à margem e é essa família que vira a monarquia do Brasil. E que sim, a Tina que é uma mulher honesta e é uma mulher, a gente fala da quebra do patriarcado, de uma mulher que se sente capaz. Nós, mulheres, a gente dá conta, sim, dessas funções, e a gente pode estar no poder, a gente pode dar conta de muitas coisas. Então, a gente fala muito de todas essas questões”.