No mês da Consciência Negra, ator Tony Tornado relembra a luta antes da fama e detalha prisão durante a ditadura militar em show de Elis Regina
O ator Tony Tornado (92) participou do programa É De Casa neste sábado, 19, na véspera do Dia da Consciência Negra, e emocionou o público e o apresentador Thiago Oliveira (38).
O artista relembrou a infância difícil e sua luta e trajetória antes da carreira de sucesso durante o bate-papo. Paulista de Mirante do Paranapanema, Tony foi para o Rio de Janeiro bem cedo, aos 11 anos. "O meu sonho era em uma grande metrópole, num grande movimento, num grande centro e onde minha voz pudesse ser ouvida por mais gente."
"Morei na favela, no morro de São Diogo, atrás da Central do Brasil, já com 12 anos. Aí, vendia bala puxa, amendoim, figurinha no trem e corria da polícia, claro. E, me apresentei para as pessoas que corriam atrás de mim, e eu disse: 'Eu vim, porque preciso que vocês me arrumem uma escola. Porque, nessa vida, não vai acontecer nada, não vou conseguir nada mais de útil a não ser vender amendoim e bala puxa. E me arranjaram uma escola, a Escola Agrícola Saboia Lima, lembro o nome de lá até hoje", recordou.
Tony também contou que foi preso em um show da cantora Elis Regina (1945 - 1982) por conta da cor de sua pele: "Em 1971, a Elis Regina era presidente do júri do Festival Internacional da Canção. E, ela faria o show. Ela cantou, e de repente cantou 'Black is Beautiful'. Para mim foi o máximo, para mim era a minha entrada. Não tinha intenção de ficar famoso. Agi com o coração. Quando ela cantou: 'Eu quero um homem de cor...". Pensei: 'Sou eu!'"
"Subi ao palco, fiquei do lado da Elis Regina, ergui o braço e o punho. E claro, já desci com ele algemado. Apesar da truculência, eu tinha conseguido o meu intento, que era o esclarecimento geral, que o negro é lindo, né? Tenho muito orgulho de ser negro. Fui preso, mas com muito prazer, muita satisfação", afirmou Tornado.