Em entrevista à CARAS Brasil, o ator e diretor Victor Grimoni fala sobre relação com meio ambiente, carreira e exposição
Publicado em 16/10/2024, às 17h30
Artista polivalente, Victor Grimoni está à frente da direção de produção da exposição Cidades na Década do Oceano, que terá nova apresentação no próximo dia 20 deste mês, na Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro. Em entrevista àCARAS Brasil, ele fala sobre a questão ambiental da exposição, arte e carreira.
Responsável pela direção de produção da performance Oceano, interpretada pelos artistas Camila Paola, Eduardo Segura e Lisiane Kreter, Grimoni destaca a união entre arte e meio ambiente: "O grande objetivo desse projeto sempre foi utilizar a arte como motor sensibilizador para a questão ambiental e climática. Sabemos dos desafios enfrentados e da dificuldade de conscientizar toda uma população sobre o tema, especialmente quando existem outras temáticas talvez mais urgentes ou evidenciadas diariamente, como a fome ou violência. Mas esse é o tipo de projeto que funciona como uma onda que vem do oceano...as pessoas vem, renovam sua conexão com a natureza, renovam sua percepção de responsabilidade e de contribuição, e depois seguem seus caminhos, multiplicando um pouquinho do que vivenciaram com um projeto como esse. Eu mesmo me reconecto cada vez mais com a pauta a cada ano que faço o projeto. Ele me transforma um pouquinho mais a cada edição.", diz.
O projeto Cidades na Década do Oceano tem o apoio da Unesco, fator que segundo Grimoni, proporciona a possibilidade de abrir caminhos para que outros órgãos se envolvam: "Além de seguir uma diretriz institucional já revisada e validada internacionalmente, o endosso através da Comissão Oceanográfica Internacional (COI) abre um caminho para que governos e instituições se envolvam, possibilitando debates e compromissos públicos efetivos para preservação dos oceanos."
O artista considera todos os seres como parte da natureza e por isso enxerga a importância do aprendizado que influencia no cuidado com o meio ambiente: "Costumo dizer que muitas vezes olhamos a natureza como algo separado de nós, usando frases como "a relação do ser humano com a natureza", mas esquecemos que nós SOMOS a natureza. Somos parte integrante dela e que o cuidado com a natureza é um autocuidado. Não é possível separar as duas coisas. Temos muito a aprender sobre essa temática com os povos indígenas, por exemplo. Eles têm essa percepção de integração que perdemos com o tempo, mas que precisamos recuperar com urgência, se ainda pretendemos viver (não sobreviver).", explica.
Grimoni já esteve em trabalhos como o filme Exiled Team, as séries B.O, da Netflix, DOM, da Prime Vídeo, Todas as Flores, do Globoplay, Déjà Vu, da NOW. Além de novelas como Um Lugar ao Sol, Além da Ilusão, Órfãos da Terra, Verão 90, Tempo de Amar, Verdades Secretas, Haja Coração e Malhação, da Globo. Na Record esteve em Reis e Jesus e Amor Sem Igual".
Com inúmeros projetos no audiovisual, o destaque do ator para um personagem preferido é nos palcos: "Pra mim, foi no teatro, fazendo uma peça de Tennessee Williams, com direção do Gilberto Gawronski, chamada Vieux Carré, onde eu fazia um personagem extremamente controverso e complexo, chamado Tye. A pesquisa e processo para esse personagem me permitiram experimentar um modo de pensar e sentir inteiramente diferentes de mim, que comandavam minhas escolhas e interações com o resto do elenco, fazendo essa vida artisticamente criada ebulir a cada segundo e a cada apresentação. É uma delícia poder vivenciar personagens e obras com tanto material para trabalho.", revela.
Ainda segundo Grimoni, ser artista no Brasil exige, na maioria das vezes, que o profissional expanda os seus horizontes: "No Brasil, é muito difícil encontrar algum artista que não seja um pouco polivalente. É um mercado muito difícil, com pouca entrada e permanência. Isso obriga os atores a desbravarem outras possibilidades. Mas, pra mim, isso sempre foi o meu caminho. Nunca consegui ser somente uma coisa. Admiro demais quem consegue, porque no meu caso, minha força e meu sucesso sempre residiram na multiplicidade. Adoro estar dirigindo um processo e me ver sentindo o que proponho, como se fosse um dos atores em cena. No processo seguinte, posso já estar como ator, mas percebo observando a ótica do escritor, como se buscasse seu caminho para chegar às palavras. E assim, cada pedacinho de mim vai aconselhando o outro pedacinho e formando o artista que sou.", finaliza.