CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil
Revista / Reportagem

Príncipe Harry expõe realeza em livro polêmico

Com recorde histórico de vendas, obra descreve brigas com William, falta de sensibilidade do rei, antipatia pela madrasta, consumo de drogas, traumas... A família mantém silêncio absoluto diante das revelações

Por Tamara Gaspar Publicado em 20/01/2023, às 09h44

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Príncipe Harry - Foto: Getty Images
Príncipe Harry - Foto: Getty Images

Os pilares da monarquia mais sólida do mundo, a britânica, voltaram a se abalar. E o responsável, mais uma vez, é o príncipe Harry (38). Após renunciar às funções reais, em 2020, dar entrevistas polêmicas, nas quais acusa os Windsor de racismo, e lançar um documentário sobre sua história de amor com Meghan Markle (41), o filho caçula do rei Charles III (74) acaba de lançar o livro Spare — no Brasil com o título O Que Sobra —, no qual, ao longo de 512 páginas, narra memórias, faz revelações e acende inúmeras polêmicas que põem em xeque valores e as tradições da família real inglesa.

Estou escrevendo isso não como o príncipe que nasci, mas como o homem que me tornei”, falou ele, que, apesar de dividir opiniões pelo lançamento, já vendeu quase 2 milhões de cópias no mundo. No Reino Unido, tornou-se o livro de não ficção vendido mais rapidamente na história.

Da infância à vida adulta, nada passa despercebido no livro. E, por falar em infância, é nela que começam os seus primeiros traumas. Filho de Charles e Diana (1961–1997), Harry sempre esteve à sombra de seu irmão, William (40), o herdeiro do trono. “Não me importava. William era o herdeiro, enquanto eu era o Reserva. Era convocado a oferecer respaldo, distração, diversão e, se necessário, uma peça reserva. Um rim, talvez. Não tinha nenhum sentimento em relação a isso”, relatou ele, na obra.

Livro do príncipe Harry

Ainda na infância, aos 12 anos, Harry vivenciou a maior dor de todas: a trágica e precoce morte de sua mãe, fato que lhe deixou marcas e traumas incuráveis. Diante da inconformidade da perda, o príncipe revelou que, por muito tempo, achou que tudo não passava de uma mentira. “A vida dela estava uma desgraça, ela era perseguida, incomodada, mentiam sobre ela e para ela. Então, ela encenou o acidente para desviar o foco e fugir”, dizia ele para si mesmo. Do triste episódio, Harry relata a frieza com que seu pai lhe deu a notícia da morte. “Papai não me abraçou. Não era bom em demonstrar emoção”, frisou ele, que guarda apenas flashes de memória do funeral. Uma década depois, em 2007, o nobre foi ao local do acidente e cruzou o túnel na mesma velocidade que estava a mãe. “Eu imaginei que esse túnel me traria a interrupção da dor. Em vez disso, trouxe o começo da dor, parte 2”, afirmou.

Após o trauma na adolescência, Harry incorporou a imagem de rebelde, para desespero da família, é claro! Festas, drogas, álcool e até uma infeliz fantasia de nazista, nenhum deslize ficou de fora do livro. “Não foi muito divertido e não me deixou feliz, mas me senti diferente, e esse era o objetivo principal”, falou ele, sobre a experiência com alucinógenos. Nem a virgindade foi esquecida. “Um episódio nada glorioso, com uma mulher mais velha. Ela gostava de cavalos, bastante, e me tratou como se eu fosse um jovem garanhão”, detalhou ele. Arriscando-se em terreno inimigo, Harry também revelou ter matado 25 pessoas em sua jornada como soldado no Afeganistão. “Não dá para matar pessoas se as enxergamos como pessoas”, escreveu ele. No mesmo dia do lançamento do livro, a declaração gerou duras críticas do Talibã, grupo extremista que governa o país.

As intrigas com a família, porém, são o ponto alto do livro. Da união com Meghan, que quebrou paradigmas reais por ela ser atriz, divorciada, americana e afrodescente, até a perseguição da imprensa, que transformou o casal em um alvo fácil de críticas, tudo culminou em um rompimento de Harry com os Windsor e o Reino Unido. Ao lado de William e Kate Middleton (41), Harry e Meghan formava o quarteto fantástico da realeza, mas a relação começou a se abalar antes mesmo do casamento. A ex-atriz não escondia a dificuldade em se adaptar às regras e protocolos. “Aquela instituição não era tóxica para qualquer novato?”, indagou Harry, que, sufocado pela pressão familiar e da imprensa — inclusive acusando o palácio de vazar informações pessoais aos tabloides —, fez as malas e recomeçou sua vida nos Estados Unidos.

O gesto gerou desgaste nas relações, em especial, com William, que chamou Meghan de rude e agressiva e ficou com ânimos à flor da pele. “Ele me pegou pelo colarinho e me derrubou no chão. Meu irmão acionou o modo Herdeiro na máxima potência e não conseguia entender por que motivo eu não estava ali cumprindo o papel de Reserva”, falou. As rusgas também afetaram a relação, já fria e distante, entre pai e filho. Em uma tentativa de reconciliação, William e Charles não conseguiram perdoar as decisões de Harry e o clima se manteve tenso na família. “Se eles não sabiam por que eu tinha ido embora, talvez simplesmente não me conhecessem”, falou o caçula. Em meio ao calor da discussão, um pedido do rei: “Por favor, meninos, não transformem meus últimos anos de vida em uma desgraça”.

Enquanto os Windsor mantêm silêncio absoluto diante das revelações, Harry segue passando de 'reserva’ a protagonista — ou antagonista, para alguns — de sua própria história. De quebra, está faturando! O casal já embolsou mais de 1 bilhão de reais em contratos desde que deixou a família real. No entanto, nem tudo será monetizado. “Há coisas que aconteceram e não quero que o mundo saiba. Porque acho que eles nunca me perdoariam”, confessou ele, sem perder a esperança de se reconciliar. “Quero meu pai e meu irmão de volta, mas quero uma família, não uma instituição”, desabafou.

Meghan Markle e príncipe Harry

Fotos: Getty Images