No ar em Mania de Você, Lucas Wickhaus revela como virou ator e reflete sobre status de galã
Para Lucas Wickhaus (30) o amor promove mudanças. O Iarley, seu personagem na global Mania de Você, mudou de comportamento quando se apaixonou por Bruna, interpretada por Duda Batsow (20). Na vida real, o ator também foi impulsionado por esse sentimento, mas em seu caso a paixão foi pela arte! Ao descobrir a vocação, o santista foi atrás desse sonho e vem construindo, pouco a pouco, uma trajetória cheia de vitórias.
No ar no horário nobre da Globo, o artista ainda estreia este ano a novela Dona Beija, na Max, e festeja a boa maré. Apontado como um dos galãs da vez, ele diz que está começando a se ver nesse lugar de beleza: “Mas ainda tenho muitas inseguranças”, admite.
– Quando decidiu virar ator?
– Fui morar em Cubatão, estava naquela fase rebelde e minha mãe falou que eu devia fazer um curso profissionalizante, porque lá é uma cidade com muitas indústrias e eu já sairia da escola para o trabalho. Só que eu senti que não era a minha! Ainda não sabia o que queria, mas não me via naquilo. Achei um curso de Turismo, que não era o que eu queria também, mas fui fazer. Ao lado do curso fica o Teatro do Kaos e vi uma faixa que convidava as pessoas para participarem de uma peça contando a passagem de dom Pedro I horas antes de proclamar a Independência. Eu achei interessante e fui.
– Você já tinha alguma experiência com atuação na época?
– Zero experiência. Tem uma frase da Fernanda Montenegro que diz: “Na maioria das vezes, não é você que chama o teatro, é o teatro que te chama”. Acho que foi mais ou menos isso. Porque vi a faixa, fiquei curioso e me inscrevi. O produtor falou que toda terça tinha um grupo de estudo, perguntou se eu não queria ir. Comecei a fazer o curso, cheguei tímido, ele me deu um texto para ler e percebi que era aquilo que eu queria sentir, aquela adrenalina do palco, a plateia te olhando. Quando eu vi já estava fazendo uma peça e nunca mais parei.
– E como sua mãe reagiu?
– Hoje ela é a minha maior fã, mas no início ela ficou com medo, principalmente em relação à instabilidade da profissão. Minha mãe é enfermeira, funcionária pública, tem uma vida estável. Mas eu já sentia que era isso que queria. Fiquei nesse grupo dos 14 aos 18 anos, quando fui fazer Artes Dramáticas na USP. Me mudei para São Paulo com 2000 reais, era o dinheiro que eu tinha conseguido trabalhando, porque minha família também não tinha tantas condições para me bancar.
– Foi nessa época que você trabalhou como garçom?
– Foi, sim! São Paulo é uma cidade cara. Eu estudava das 6h30 às 11h e precisava me virar. Fiz de tudo. Fui garçom em restaurante de alta gastronomia, depois trabalhei em um bar, fiz publicidade. Tinha teste que só por você fazer já ganhava 80 reais e, muitas vezes, era essa grana que me segurava na semana. Passei esses perrengues de universitário para sustentar meu sonho.
– Já pensou em desistir?
– Sempre pensei que, em algum momento, chegaria uma oportunidade legal e me colocaria em um lugar seguro de trabalho. Na pandemia de covid-19, pensei que seria difícil continuar, foi complicado para todos, mas no final da pandemia fiz teste para a série O Coro, da Disney, e passei. Miguel Falabella, que era o diretor da série, me chamou para um musical sobre a Alcione no teatro. Do musical fui para o remake da novela Dona Beija e depois para Mania de Você. Eu estou muito feliz. É uma maré boa!
– Como é estrear nas novelas?
– Eu sempre gostei muito de novela, assistia desde criança com minha avó, inclusive, aprendi a gostar de audiovisual com ela. Mas novela acho que nunca tinha pensado em fazer até agora, porque achava distante para mim, meio impossível. Estou adorando, acho que ator que faz novela é um atleta, porque é um período longo de gravação, muitas cenas, muita dedicação e atenção ao longo de nove meses para entregar algo de qualidade para o público.
– Você é um dos galãs do horário nobre. Se via nesse lugar?
– Não me via. Estou começando a perceber isso, mas ainda tenho muitas inseguranças, acho que tem um pouco a ver com o fato de não achar que era possível. Eu via poucas pessoas como eu ali. Se a gente cresce assistindo a uma coisa que não tem pessoas próximas à gente, cresce sem referência. Quando começou a vir uma pessoa, depois outra, aí você vê que talvez seja possível. Hoje, em relação à beleza, obviamente estou muito mais tranquilo do que na minha adolescência, mas ainda é um lugar sobre o qual me questiono. Por exemplo, não tiro tanta foto sem camisa. Às vezes, quero dar uma biscoitada, mas dou um tratamento nas fotos e fico pensando o que é timidez e o que é insegurança de não se achar tão bonito. Essa parada de galã é recente e aceitar isso é um processo de ficar tranquilo, de agradecer por um elogio e de não ficar desconcertado com isso.
– Temos atualmente três protagonistas negras nas novelas da TV Globo. Como vê essa fase?
– Isso é importante e demorou para que esse momento acontecesse. Mas ele só aconteceu, obviamente, porque a gente teve anos e anos de artistas negros incríveis que pavimentaram esse caminho para a gente estar aqui. Dona Léa Garcia, Ruth de Souza, Milton Gonçalves, uma galera que veio com talento extraordinário para que a gente pudesse mostrar o nosso trabalho. Tento sempre honrar toda essa galera que veio antes.
VEJA PUBLICAÇÃO DE LUCAS WICKHAUS:
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